É muito importante deixar o tabu de lado e falar sobre a saúde mental do estudante de Medicina. Todo mundo sabe que a graduação não é um período fácil: há muita pressão e cobranças, muitas delas vindo do próprio aluno. Além disso, há a responsabilidade inerente à profissão e a preocupação com o futuro.
Tudo isso pode gerar uma sobrecarga nociva em cima de qualquer pessoa. Por isso, vale a pena discutir o assunto com atenção e cuidado para todos aprenderem como identificar sinais de alarme e incentivar a importância de procurar ajuda.
Saúde mental não é brincadeira, e a oportunidade de entender melhor a respeito dela não pode ficar de lado. Por isso, preparamos este artigo para debater o assunto e apresentar alguns dados importantes para o estudante de Medicina.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde mental é o estado de bem-estar em que as pessoas curtem a vida, trabalham, estudam e administram sentimentos com tranquilidade e equilíbrio. É a capacidade de lidar com emoções positivas, mesmo que emoções negativas apareçam vez ou outra.
É muito preocupante deixar a negatividade dominar tarefas e relacionamentos, interferindo no desempenho da vida pessoal e profissional. Em geral, saúde física e mental ficam prejudicadas quando um indivíduo se encontra constantemente em estado de atenção, preocupação e ansiedade.
Com a mente afetada, o corpo também sofre consequências: perda ou ganho de peso, dores de cabeça, insônia ou sono excessivo e outros problemas de saúde.
O que é importante observar em relação à saúde mental do estudante de Medicina? Alguns dados podem ser utilizados como forma de materializar esse assunto para você entender melhor como é importante ficar de olho em sintomas e procurar apoio quanto antes.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2017, pelo menos 41% dos estudantes de Medicina sofrem de depressão. É uma porcentagem assustadora, não acha? Para chegar a esse resultado, foram aplicados questionários em 22 universidades pelo Brasil, sendo que a doença tem mais incidência em capitais.
Inclusive, a média brasileira é mais alta que os índices mundiais de depressão para o mesmo nicho, que giram em torno de 27,2%. As manifestações ocorrem principalmente entre estudantes em situação de vulnerabilidade financeira.
Afinal, além de todo o estresse usual de uma graduação, eles ainda ficam de mãos atadas para tomar uma série de decisões ao longo do curso, já que dependem de bolsa ou até perdem o auxílio por algum motivo.
Outra informação relevante é que 81,7% dos alunos entrevistados apresentam a chamada “ansiedade-estado”, que se manifesta durante determinados momentos.
Ela é frequentemente ignorada, já que é percebida de maneira pontual. Porém, com o passar do tempo, torna-se permanente, o que requer um tratamento muito mais avançado.
Para avaliar a saúde mental de quem opta estudar Medicina, é importante entender os sintomas predominantes que podem levar à depressão. Entre os mais comuns, estão os seguintes:
Mesmo que os sintomas se apresentem de maneira leve, é essencial procurar ajuda quanto antes. Eles tendem a se desenvolverem rapidamente, então mesmo que pareça somente algo relacionado a uma situação imediata, é muito importante falar com um profissional.
Agora, um dado ainda mais triste é que a pressão ao longo da graduação em Medicina pode levar ao suicídio. Essa constatação é válida tanto para estudantes quanto para recém-formados, que tentam vaga em residência médica ou no mercado de trabalho.
Entre os motivos que levam a essa decisão drástica, também estão a desilusão com o curso e a carga horária elevada, dois fatores que impactam a saúde mental do estudante de Medicina.
Muitos alunos têm medo elevado de errar ou não ser tão bom quanto gostariam. Eles ficam com vontade de abandonar a graduação, mas, sem coragem, arrastam o aprendizado.
A média de suicídios de estudantes de Medicina costuma ser ainda maior que a da população em geral. Ou seja, é uma proporção assustadora, que precisa ser contida quanto antes.
É importante não ter medo nem vergonha de procurar ajuda especializada. Você pode procurar um profissional de saúde mental para falar um pouco sobre o que sente e ter um diagnóstico preciso sobre a sua situação, além do acompanhamento individual.
Algumas universidades, como a USP, oferecem atendimento on-line de apoio à saúde mental. É um serviço de acolhimento, com profissionais que têm vínculo com a instituição e ficam disponíveis tanto para sessões de terapia quanto para atendimentos pontuais.
Não se esqueça de que você pode contar com professores e tutores para enfrentar as dificuldades em relação à matéria. Também não hesite em falar com familiares e pessoas de confiança a respeito de seus problemas. Guardar tudo para você só aumenta o peso e a gravidade da situação.
Como visto, a saúde mental do estudante de Medicina deve ser preservada, desde a graduação até o exercício efetivo da profissão. De fato, o dia a dia de um médico não é fácil. São vários casos complicados, sem contar a responsabilidade na tomada de decisões e no contato com pacientes em estado gravíssimo.
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Carioca da gema, nasceu em 93 e formou-se Pediatra pela UFRJ em 2019. No mesmo ano, prestou novo concurso de Residência Médica e foi aprovada em Neurologia no HCFMUSP, porém, não ingressou. Acredita firmemente que a vida não tem só um caminho certo e, por isso, desde então trabalha com suas duas grandes paixões: o ensino e a medicina.