Telemedicina Pediátrica: o que você precisa saber

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A Telemedicina Pediátrica está transformando radicalmente o acesso aos cuidados de saúde infantil, conectando médicos e pequenos pacientes por meio de telas, com apenas alguns cliques.

Essa modalidade de atendimento, que antes parecia futurista, tornou-se uma realidade crescente no Brasil, sobretudo depois da pandemia, fornecendo soluções práticas para famílias e profissionais de saúde.

Conheça mais detalhes sobre o assunto. Fique por dentro principalmente sobre o que diz a legislação brasileira sobre a Telemedicina!

O que diz a Lei sobre a Telemedicina?

A Telemedicina no Brasil é regulamentada por uma série de normas que garantem segurança e ética na prática.

A Resolução CFM nº 1.643/2002 foi pioneira ao permitir o uso de tecnologias interativas (como videochamadas) para assistência médica, desde que respeitados princípios como sigilo e integridade dos dados.

Durante a pandemia, a Lei 13.989/2020 ampliou temporariamente o escopo, autorizando atividades como:

  • Teleorientação: orientações remotas para pacientes em isolamento;
  • Telemonitoramento: acompanhamento de parâmetros de saúde à distância;
  • Teleinterconsulta: troca de informações entre médicos para auxílio diagnóstico.

Além disso, a Portaria nº 467/2020 do Ministério da Saúde permitiu a emissão de receitas e atestados eletrônicos, desde que assinados digitalmente com certificados válidos pela ICP-Brasil, assegurando a autenticidade e integridade do documento.

A Lei nº 14.510, de 27 de dezembro de 2022, representa um marco regulatório fundamental para a prática da Telessaúde no Brasil, consolidando e ampliando o uso de tecnologias da informação e comunicação na prestação de serviços de saúde.

Publicada no Diário Oficial da União em 28 de dezembro de 2022, esta legislação estabelece diretrizes nacionais para a prática da Telessaúde, abrangendo todas as profissões da área da saúde regulamentadas pelos órgãos competentes do Poder Executivo federal, não se limitando apenas à Telemedicina.

Essas normas garantem que a Telemedicina não seja apenas uma alternativa emergencial, mas um modelo de atendimento seguro e legalmente respaldado.

Como funciona a Telemedicina Pediátrica?

A Telemedicina Pediátrica funciona de maneira simples e prática. Primeiramente, os pais agendam a consulta online, escolhendo um horário conveniente. Na data marcada, conectam-se com o pediatra usando uma plataforma de videoconferência segura.

Durante a consulta virtual, o médico pode realizar avaliações, acompanhar o desenvolvimento da criança, ajustar tratamentos quando necessário e orientar os pais sobre cuidados específicos. Esta modalidade é especialmente valiosa para:

  • dúvidas pontuais sobre sintomas leves
  • acompanhamento de tratamentos já iniciados
  • consultas de rotina e avaliação do desenvolvimento
  • segunda opinião sobre diagnósticos ou exames
  • orientações gerais sobre saúde infantil

Para os pais, isso significa menos tempo perdido em deslocamentos e salas de espera. Para os médicos, representa uma melhor gestão do tempo e a possibilidade de atender mais pacientes, inclusive aqueles em regiões remotas ou com acesso limitado a especialistas pediátricos.

Existe alguma lei sobre a Telemedicina na Pediatria?

Não existe uma legislação específica para esse tipo de atendimento pediátrico no Brasil. As normas que regulamentam a Telemedicina em geral se aplicam também ao atendimento infantil, respeitando as particularidades da especialidade.

A prática da Telemedicina na Pediatria envolve diversas implicações éticas e legais. O médico deve avaliar cuidadosamente cada caso para determinar quando o atendimento remoto é apropriado e quando a consulta presencial é imprescindível.

Especialmente na Pediatria, onde o exame físico tem papel fundamental, é necessário encontrar um equilíbrio entre a praticidade do atendimento remoto e a qualidade do cuidado oferecido.

Quais são as vantagens da Telemedicina para a Pediatria?

A Telemedicina traz inúmeros benefícios para o atendimento pediátrico, tanto para as famílias quanto para os profissionais de saúde:

  •  acessibilidade ampliada: permite que crianças em áreas remotas ou com limitações de mobilidade tenham acesso a especialistas pediátricos sem necessidade de longos deslocamentos;
  • praticidade para os pais: elimina a necessidade de organizar a logística familiar para levar a criança ao consultório, reduzindo faltas ao trabalho e custos com transporte;
  • maior conforto para a criança: a consulta ocorre em ambiente familiar, reduzindo a ansiedade associada às visitas médicas tradicionais;
  • resposta rápida a dúvidas: ajuda os pais em situações de dúvida sobre a necessidade de ir ao hospital, proporcionando orientação profissional imediata;
  • facilidade no compartilhamento de informações: permite enviar exames e documentos médicos digitalmente para análise do pediatra antes ou durante a consulta;
  • monitoramento contínuo: facilita o acompanhamento de condições crônicas com consultas mais frequentes e menos invasivas na rotina familiar;
  • prevenção de doenças contagiosas: evita a exposição da criança a outros pacientes potencialmente doentes em salas de espera.

E quais são os desafios?

Apesar das vantagens, a Telemedicina Pediátrica enfrenta desafios importantes que precisam ser considerados:

  •  limitações do exame físico: a impossibilidade de realizar a somatoscopia completa e propedêuticas específicas do paciente representa um obstáculo significativo, principalmente em crianças pequenas que não conseguem comunicar adequadamente seus sintomas;
  • questões de privacidade e sigilo: o ambiente virtual pode comprometer a confidencialidade da consulta, afetando a relação médico-paciente e potencialmente interferindo no diagnóstico e conduta adequados;
  • dificuldades técnicas: problemas de conexão, qualidade de imagem ou som podem prejudicar a avaliação médica, de forma especial quando é necessário observar detalhes físicos específicos;
  • barreiras de acesso digital: nem todas as famílias possuem equipamentos adequados ou conhecimento tecnológico suficiente para utilizar os serviços de Telemedicina de forma eficaz;
  • necessidade de consulta presencial complementar: em muitos casos, pode ser necessário complementar a consulta virtual com uma avaliação presencial, como em diagnósticos mais complexos ou início de tratamentos;
  • adaptação dos profissionais: muitos pediatras precisam desenvolver novas habilidades para realizar avaliações efetivas através de meios digitais, adaptando seus métodos de comunicação e diagnóstico.

Quais práticas posso adotar para um melhor atendimento?

Para otimizar a experiência da Telemedicina Pediátrica, tanto para profissionais quanto para famílias, algumas práticas são fundamentais:

  • prepare os pais: oriente-os a medir temperatura, peso e observar sintomas antes da consulta;
  • use recursos visuais: peça para mostrarem a garganta, ouvidos ou lesões de pele via câmera;
  • mantenha registro detalhado: documente tudo no prontuário eletrônico, incluindo orientações dadas;
  • invista em segurança: utilize plataformas com criptografia e assinatura digital para receitas;
  • seja empático: crianças podem ficar inquietas durante a chamada; adapte a linguagem para acalmá-las.

Prepare-se para o futuro da Medicina

A Telemedicina representa uma evolução significativa nos cuidados pediátricos, oferecendo novas possibilidades de atendimento e maior acesso à saúde infantil de qualidade.

Para os profissionais que desejam se destacar na Telemedicina Pediátrica, que é um cenário em transformação, é fundamental aprimorar conhecimentos e habilidades específicas.

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Thays Yada (Pucca)

Thays Yada (Pucca)

Professora da Medway. Formada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Catanduva (FAMECA), com residência em Pediatria pela Escola Paulista de Medicina/Univerisdade Federal de São Paulo (EMP-UNIFESP). Siga no Instagram: @pucca.medway