Teste do Coraçãozinho: triagem neonatal

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Um dos principais procedimentos realizados após o nascimento de um bebê é o teste de oximetria de pulso, também chamado de teste do coraçãozinho. A função é detectar cardiopatias congênitas críticas que, segundo a SBP, podem estar presentes em 1 a 2 crianças para cada 1.000 nascidos vivos.

Desses, até 30% recebem alta do alojamento conjunto sem o devido diagnóstico. Portanto, não tem como deixar o assunto de lado, considerando a imensa importância na triagem dessas cardiopatias. O tema não é complicado, mas requer atenção. Confira tudo sobre o teste do coraçãozinho, a seguir.

Cardiopatias congênitas críticas e circulação neonatal

As cardiopatias congênitas críticas (CCC) são aquelas que necessitam de tratamento cirúrgico ou cateterismo no primeiro ano de vida, dependentes ou não de canal arterial.

A fisiopatologia envolve mistura do sangue entre a circulação sistêmica e a circulação pulmonar, podendo haver cianose, dispneia, edema pulmonar e sintomas de ICC.

Entre as diversas cardiopatias congênitas, as conceituadas como críticas são Tetralogia de Fallot, hipoplasia de ventrículo esquerdo, transposição de grandes artérias, coarctação crítica da aorta, entre outras.

Função do canal arterial

Antes de partirmos para a explicação sobre para que o teste do coraçãozinho serve, vale revisar brevemente a função do canal arterial, citado anteriormente. A estrutura está localizada imediatamente distal à artéria subclávia esquerda, como demonstrado na imagem abaixo.

A função no período neonatal é desviar o sangue das artérias pulmonares para a aorta, uma vez que o leito vascular pulmonar apresenta alta resistência. Isso garante fluxo sanguíneo com alto teor de oxigênio para a circulação sistêmica.

Após o nascimento, há redução importante da resistência vascular pulmonar, o que diminui o fluxo sanguíneo pelo canal arterial. Por esse motivo, há início do fechamento já nas primeiras horas de vida, concluído após 72h. Assim, cardiopatias que não expressavam clínica antes, podem ser sintomáticas agora.

O teste do coraçãozinho: técnica e condutas

Como comentado, a fisiopatologia das CCC envolve mistura de sangue arterial e venoso. Com isso, é esperado que o paciente apresente hipoxemia, que pode ser facilmente detectada com um oxímetro. Sendo assim, como fazer o teste do coraçãozinho?

O teste deve ser realizado em todos os recém-nascidos aparentemente saudáveis com idade gestacional maior a 34 semanas. A técnica consiste em realizar oximetria de pulso no membro superior direito e em um dos membros inferiores, no período entre 24 e 48 horas de vida.

O resultado do teste do coraçãozinho é considerado normal se ambos valores encontrados forem maiores ou iguais a 95%, e a diferença entre eles for menor que 3%.

Qualquer valor que fuja a essa regra no teste do coraçãozinho deve ser considerado alterado. Uma nova aferição deve ser realizada após uma hora, tomando o cuidado de manter as extremidades testadas devidamente aquecidas para melhorar a perfusão.

Caso o teste continue alterado na segunda aferição, o recém-nascido deve ser submetido a um ecocardiograma em até 24 horas. Abaixo, deixamos o fluxograma proposto pela Sociedade Brasileira de Pediatria para a realização da triagem neonatal.

Fluxograma proposto pela Sociedade Brasileira de Pediatria para a realização da triagem neonatal

É importante lembrar que a avaliação clínica minuciosa do recém-nascido não deve ser deixada de lado. O teste do coraçãozinho é apenas uma triagem! De tudo que falamos, com certeza, o fluxograma é o tema mais abordado nas provas de residência, então não passe batido por ele.

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GabrielTrava Dugaich

Gabriel Trava Dugaich

Nascido em 1995 no interior de São Paulo, médico formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) em 2020. Residência médica de pediatria da USP - SP. Apaixonado por compartilhar a medicina que aprendo com crianças.