Tratamento do transtorno de personalidade narcisista

Olá, pessoal! Hoje vamos falar sobre o tratamento do transtorno de personalidade narcisista, que é uma síndrome clínica desafiadora, tem uma apresentação variável, é difícil de tratar e ainda complica o tratamento de distúrbios psiquiátricos comórbidos. 

Na ausência de experiência ou recursos para o tratamento de longo prazo dos transtornos de personalidade, existem abordagens e técnicas específicas que podem ser implementadas para melhorar o manejo clínico geral dos pacientes com o transtorno.

Baseado em experiência clínica, dois fatores são de fundamental importância em um cenário de tratamento de um paciente com transtorno de personalidade narcisista. Em primeiro lugar, deve-se realizar a psicoeducação do paciente acerca de seu transtorno e das repercussões negativas para sua qualidade de vida. 

Para que o objetivo primário seja realizado, a fim de motivar o paciente a se tratar, deve haver entre paciente e terapeuta uma aliança terapêutica baseada em confiabilidade e empatia genuína, do contrário, de pouco adiantará qualquer intervenção psicoterápica que se possa empreender.

Psicoterapias e tratamentos medicamentosos para transtorno de personalidade narcisista ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento e testes, com falta de diretrizes de prática clínica com recomendações específicas de tratamento. 

Com base em relatos de casos, as abordagens psicoterapêuticas e os medicamentos usados ​​na prática parecem variar muito.

Abordagens psicoterapêuticas do transtorno da personalidade narcisista

Para pacientes com transtorno de personalidade narcisista, sugere-se como tratamento de primeira linha o uso de psicoterapias em vez de medicação. Os dados de pesquisa até o momento não são adequados para informar a seleção de um tipo específico de psicoterapia. 

Conforme dados de experiência clínica, uma abordagem psicoterapêutica baseada nos objetivos e técnicas da psicoterapia de apoio aplicada às necessidades dos pacientes com Transtorno de Personalidade Narcisista pode ser mais útil.

Nenhuma psicoterapia estruturada foi testada em ensaios clínicos randomizados de pacientes com transtorno de personalidade narcisista (NPD). 

Várias psicoterapias manualizadas que mostraram eficácia no transtorno de personalidade borderline (outro transtorno do “grupo B” com algumas semelhanças com o transtorno de personalidade narcisista) podem ser adaptadas, mas pesquisas ainda estão em estágio inicial e os modelos não foram amplamente divulgados. 

Abordagens psicoterapêuticas do transtorno da personalidade borderline que podem ser adaptadas para o transtorno de personalidade narcisista:

• terapia suportiva ou de apoio;
• terapia focada na transferência;
• terapia comportamental dialética;
• terapia baseada em mentalização;
• terapia cognitivo comportamentais;
• terapia do esquema.

Abordagem farmacológica do transtorno da personalidade narcisista

Alguns pacientes com esse transtorno, em nossa experiência clínica, podem se beneficiar do tratamento medicamentoso adjuvante, incluindo pacientes com instabilidade afetiva grosseira, impulsividade, raiva e agressividade, distúrbios de percepção-cognitivos.

Não há, até o momento, estudos específicos do tratamento farmacológico para o transtorno de personalidade narcisista. Soluções podem ser feitas a partir de ensaios clínicos de farmacoterapia para o transtorno de personalidade borderline. 

Mesmo para o borderline, não há constatação de medicamentos drasticamente úteis ou efetivos. O tratamento farmacológico recomendado hoje é para sintomas persistentes e incapacitantes que não tiveram remissão ou melhora com estratégias psicoterápicas, sendo que a estratégia farmacológica é orientada pelo sintoma alvo. 

Os sintomas alvo se dividem em três principais domínios.

Sintomas de percepção-cognitivos

Dissociação, perturbação da identidade, ideação paranóide. Para tais sintomas, antipsicóticos em baixa dose são recomendados. Além disso, temos experiência com topiramato (dose média diária de 200 a 250 mg) e valproato (dose média diária de 850 mg, nível sérico médio de 65 mcg/mL).

Comportamentos impulsivos

Para sintomas na linha da impulsividade e descontrole do comportamento, os estabilizadores do humor parecem ter maior utilidade em comparação com antidepressivos e antipsicóticos. 

Os exemplos incluem os estabilizadores do humor topiramato (dose média diária de 200 a 250 mg) e valproato (dose média diária de 850 mg, nível sérico médio de 65 mcg/mL) e o antipsicótico aripiprazol (dose média diária de 15 mg), que tem um risco menor de causar efeitos colaterais metabólicos em comparação com outros medicamentos antipsicóticos de segunda geração.

Desregulação emocional

Labilidade do humor, irritabilidade, raiva e ansiedade. Meta-análises apontam que estabilizadores do humor e antipsicóticos em baixa dose são mais efetivos para desregulação emocional do que antidepressivos. Um exemplo é o aripiprazol (dose média diária de 15 mg).

Entendeu mais sobre o tratamento do transtorno de personalidade narcisista?

Então é isso, pessoal! Espero que tenham aproveitado esse assunto! Transtornos de personalidade requerem uma delicadeza a mais, então tomem cuidado!

Espero que vocês tenham gostado da nossa série de posts sobre transtornos depressivos. Caso ainda haja qualquer dúvida, não hesite em perguntar, estaremos sempre abertos! Deixe seu comentário e estaremos por aqui.

Continuem estudando e nos encontramos em breve! Ah, e se quiser conferir mais conteúdos de Medicina de Emergência, dê uma passada na Academia Medway. Por lá, disponibilizamos diversos e-books e minicursos completamente gratuitos. 

Referências bibliográficas

1. UpToDate. Treatment of narcissistic personality disorder. Disponível <AQUI>. Acessado em 12/06/2022