Trombólise no IAM: tudo que você precisa saber

Conteúdo / Medicina de Emergência / Trombólise no IAM: tudo que você precisa saber

Fala, meu povo, tudo bem com vocês? Hoje nossa conversa é sobre trombólise no IAM com Supra de ST. Tema muito importante e que todo médico tem que saber! Se você não sabe quando indicar e/ou como fazer a trombólise no IAM, esse texto é para você.

Respira fundo e vamos juntos!

Antes de falarmos da trombólise no IAM, você quer aprender a manejar uma das doenças cardiovasculares mais presente nos prontos-socorros? Então conheça nosso guia completo do Infarto agudo do miocárdio: do diagnóstico ao tratamento! Aprenda a diagnosticar os diferentes tipos de IAM e as particularidades de manejo. Faça já o download gratuito clicando AQUI.

Quando eu devo indicar a trombólise no IAM?

Inicialmente, vamos deixar uma coisa bem clara aqui: Trombólise no IAM se faz apenas no IAM com supradesnivelamento do segmento ST! Não se trombolisa IAM sem supra.

Beleza, entendido isso. Mas e no IAM com supra ST, quando eu indico a trombólise?

Pacientes com IAM com supra ST devem ser submetidos à terapia de reperfusão, seja por meio de angioplastia primária ou com fibrinolítico (trombolítico), sendo que a preferência é pela angioplastia.

A trombólise no IAM é indicada no cenário em que não se conseguiria fazer a angioplastia em até 120 minutos (“tempo porta-stent” > 120min) e com início da dor em menos de 12 horas (“deltaT” < 12h). E, claro, se não tiver nenhuma contraindicação.

Resumindo (indicação de trombólise no IAM):

  • IAM com supra ST;
  • DeltaT (início da dor) < 12h;
  • Tempo porta-stent > 120min;
  • Ausência de contraindicações. 

Quais são as contraindicações?

Contraindicações absolutas (maior atenção aqui!):

AVE isquêmico recente (< 3 meses)Sangramento intracraniano prévio
TCE importante recente (< 3 meses)Sangramento ativo ou diátese hemorrágica
Dano ou neoplasia do SNCDissecção aórtica aguda
Malformação vascular intracranianaDiscrasia sanguínea presente

Contraindicações relativas:

AVE isquêmico antigo (> 3 meses)Qualquer outra doença intracraniana
Uso de Varfarina ou outros anticoagulantesSangramento recente (< 2-4 semanas)
PCR ou Cx grande porte (< 3 semanas)HAS grave (> 180 x 110 mmHg)
Punções não compressíveisHistória HAS crônica grave e descontrolada
GestaçãoDoença ulcerosa péptica atual

Tem indicação e não tem contraindicações absolutas: vou fazer a trombólise! Tenho quanto tempo?

Aqui, meu amigo, tempo é miocárdio. Então, de forma sistemática e rápida (mas sem afobação), temos que iniciar a trombólise.

  • Tempo porta-agulha ideal:

Sociedade Brasileira de Cardiologia: < 30min;

Sociedade Europeia de Cardiologia: < 10min.

Trombólise no IAM: qual trombolítico usar?

O trombolítico de mais fácil posologia é a Tenecteplase (TNK-tPA) e será nossa primeira opção, se disponível.

Tenecteplase (dose única – EV)

  • < 60 Kg: 30 mg (6 ml);
  • 60-70 Kg: 35 mg (7 ml);
  • 70-80 Kg: 40 mg (8 ml);
  • 80-90 Kg: 45 mg (9 ml);
  • > 90 Kg: 50 mg (10 ml).

Se não tiver Tenecteplase disponível, usaremos a Alteplase (t-PA), que tem eficácia semelhante, apenas uma posologia mais difícil.

Alteplase

  • Iniciar: 15 mg EV em bolus (1-2 minutos);
  • Após: 0,75 mg/Kg EV em 30 minutos;
  • Após: 0,5 mg/Kg EV em 60 minutos;
  • Dose total máxima: 100 mg (não exceder!).

Se não tivermos nenhuma das duas, temos que lançar mão da Estreptoquinase (SK), que é menos eficaz, mas melhor que não fazer nada (na realidade, muito melhor que não fazer nada). 

Estreptoquinase

  • 1.500.000 UI diluídos em 100 ml SF 0,9% (ou SG 5%) EV em 30-60 minutos
  • Pode ocorrer reações alérgicas importantes
  • Se hipotensão: Lentificar infusão + Trendelemburg + Expansão volêmica

Vamos além? Aqui um resumo dos principais Trials sobre esse tema:

TrialISIS 2GUSTOASSENT II
Revista / AnoLancet / 1988NEJM / 1993Lancet / 1999
ResultadoEstudo clássico, foi o primeiro a demonstrar benefício da trombólise no IAM e, como se não bastasse, foi este estudo que também mostrou o benefício do AAS no IAM / Estreptoquinase reduziu mortalidade CV em 23% e quando associada ao AAS em 40%Comparação entre Alteplase e Estreptoquinase (ambos associados a Heparina) / A combinação de Alteplase + Heparina foi mais eficaz em reduzir mortalidade, no entanto foi associada à maior taxa de AVCComparação entre Tenecteplase e Alteplase (ambos associados a Heparina) / Sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos

Como saber se deu certo? Quais são os critérios de reperfusão?

Os critérios a seguir são avaliados após 90 minutos da trombólise. E quais são eles?

  • Melhora ou resolução da dor torácica;
  • Redução do Supra ST > 50% na derivação com o maior supra;
  • Pico precoce de marcadores de necrose miocárdica (Pico de CPK em até 12h após trombolítico ou até 15h após a dor);
  • Presença de arritmias de reperfusão (Ritmo idioventricular acelerado – RIVA / Bradicardia sinusal com FC < 55 bpm / Alívio súbito dos BAV ou bloqueios de ramo).
Trombólise no IAM - imagem ilustrativa
Imagem 1. Disponível em: LITFL.com

Observamos no ECG acima um ritmo que parte do ventrículo (QRS alargado e sem onda P precedendo o QRS).

 A partir dessa observação, temos que analisar a frequência cardíaca (FC):

  • FC < 50 bpm: Ritmo Idioventricular
  • FC 50-100 bpm: Ritmo Idioventricular acelerado (RIVA)
  • FC > 100 bpm: Taquicardia Ventricular 

No ECG acima, como a FC está em torno de 75 bpm, estamos diante de um RIVA. Se após a trombólise no IAM aparecer esse ritmo no ECG, é um bom sinal, indica reperfusão. 

Sobre a trombólise no IAM, é isso!

Sobre a trombólise IAM, é isso! Esperamos que você tenha entendido o assunto e esclarecido suas dúvidas.  

Ah, e se quiser conferir mais conteúdos de Medicina de Emergência, dê uma passada na Academia Medway. Por lá, disponibilizamos diversos e-books e minicursos completamente gratuitos! Por exemplo, o nosso e-book ECG Sem Mistérios.

Agora, pra finalizar, temos uma dica de ouro para quem quer ficar por dentro de tudo sobre o eletrocardiograma: que tal dar uma olhada no nosso curso gratuito de ECG? Ele vai te ajudar a interpretar e detectar as principais doenças que aparecem no seu dia a dia como médico. E se você vai prestar as provas de residência médica, pode apostar que vai ficar muito mais fácil acertar as questões de ECG que caem nos exames! Para ser avisado das próximas vagas do curso, basta se inscrever AQUI. Corre lá!

É médico e quer contribuir para o blog da Medway?

Cadastre-se
BrunoBlaas

Bruno Blaas

Gaúcho, de Pelotas, nascido em 1997 e graduado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Residente de Clínica Médica na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Filho de um médico e de uma professora, compartilha de ambas paixões: ser médico e ensinar.