Saiba quais são as principais causas da síncope

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Fala, pessoal! Tudo em cima por aí? Preparados para continuar nossos assuntos da cardiologia? Hoje vamos falar sobre as causas da síncope. Fique com a gente!

E se você nem sabe o que vamos continuar, veja primeiro o nosso texto introdutório sobre o assunto.

Causas da síncope - saiba mais
Saiba quais são as principais causas da síncope

Para começar a falar das causas da síncope

A síncope pode ser classificada quanto a sua etiologia, sendo dividida em:

  • Síncope reflexa ou neuromediada:

Vasovagal: após estresse ortostático, precedida por outros sintomas;

– Situacional: após situação específica, como urinar ou tossir;

– Hipersensibilidade do seio carotídeo: após manipulação mecânica do seio carotídeo;

– Atípica: ausência de gatilho pesquisado.

  • Síncope por hipotensão ortostática:

Hipotensão postural: queda da pressão arterial sistólica (PAS) > 20 mmHg e/ou da pressão arterial diastólica (PAD) > 10 mmHg após se levantar.

  • Síncope por arritmia cardíaca;
  • Síncope na presença de doença cardíaca estrutural ou de doença cerebrovascular.

As causas mais comuns são a neuromediada e a ortostática, seguidas pelas causas arritmogênicas. Vale lembrar que a frequência de cada uma varia de acordo com a idade do paciente. 

E por que é tão importante saber a etiologia da síncope? Bom, porque a eficácia do tratamento se relaciona diretamente ao mecanismo da síncope. Preparados para entender melhor sobre cada uma delas?

Causas da síncope: síncope reflexa ou neuromediada

Nesse tipo de síncope, ocorre estimulação do reflexo neural, que poderá promover diminuição do estímulo simpático (resposta vasodepressoras), aumento do estímulo parassimpático (resposta cardioinibitória) ou promover ambos os estímulos.

Aqui, a condição mais comum é a síncope vasovagal (caso da nossa paciente CDB do post anterior). Essa situação tem como principal fator deflagrador a posição ortostática, caso em que o acúmulo de volume leva a uma diminuição do volume central, ocasionando redução da pré-carga e, para manter a PA, há aumento do tônus simpático e aumento da contratilidade cardíaca. 

Os receptores cardíacos reconhecem essa mudança junto ao enchimento reduzido dos ventrículos e se comunicam com o nervo vago, causando súbito aumento do tônus parassimpático e diminuição do simpático, de modo a ocasionar quadros de bradicardia, assistolia e/ou vasodilatação. 

Outras sensações como a ansiedade, o medo e emoções intensas de dor podem promover respostas semelhantes.

Se quiser entender ainda melhor sobre esse ponto, não deixe de conferir esse texto.

Outro tipo de síncope também dessa classe é a por hipersensibilidade do seio carotídeo ou síncope do seio carotídeo, que são mais comuns em homens e idosos.  A hipersensibilidade é apenas um achado de exame físico, sem relevância clínica (feito pela manobra do seio carotídeo). Já a síncope do seio carotídeo pode ter repercussões hemodinâmicas, podendo ser mais grave. 

A síncope situacional é a menos comum e ocorre devido a situações gatilhos (como tosse, deglutição, micção, defecação) que estimulam reflexos de diminuição de frequência cardíaca e/ou depressão de tônus vascular, levando a um quadro de hipotensão a ponto de causar hipoperfusão cerebral transitória e eventual perda da consciência. 

Síncope por hipotensão ortostática

Começando pela definição de hipotensão ortostática: é a queda da pressão arterial sistólica (PAS) > 20 mmHg e/ou da pressão arterial diastólica (PAD) > 10 mmHg em até 3 minutos após se levantar. Pode ser um processo assintomático ou ter sintomas, tais como: 

  • tontura;
  • vertigem;
  • opacidade visual;
  • palpitações;
  • síncope.

Nesse caso, a síncope ocorre por dificuldade em manter a pressão arterial ao trocar de posição, promovendo inadequada perfusão cerebral pelo deslocamento de sangue para o sistema abaixo do diafragma, o que causa redução do retorno venoso ao coração seguido de redução da pressão de enchimento cardíaco e de volume sistólico do ventrículo esquerdo. 

Esse mecanismo pode se tornar mais propenso após o uso de algumas medicações, principalmente em idosos. 

Síncope por arritmia cardíaca

São responsáveis por 10-20% dos quadros sincopais. As mais prevalentes são as causadas por bradiarritmias, mas as taquiarritmias também podem ocasionar quadros de síncope, principalmente as ventriculares. 

No caso das bradiarritmias, a síncope pode ocorrer devido à hipoperfusão cerebral entre batimentos cardíacos ou mesmo à pausa sinusal. Já nas taquiarritmias, ocorre principalmente devido a uma disfunção autonômica que irá abolir ou lentificar os reflexos protetores de estresse da taquicardia. 

Síncope na presença de doença cardíaca estrutural ou de doença cerebrovascular

Nessas síncopes, o episódio é deflagrado diretamente pela associação de um impacto hemodinâmico causado pela patologia de base (valvopatia, alterações atriais ou ventriculares) e pelo reflexo neuromediado

Há também a possibilidade da ocorrência de síncope após infarto agudo do miocárdio ou tromboembolismo pulmonar, mas essas são etiologias menos comuns, assim como as que ocorrem em associação com doenças cerebrovasculares. 

E aí, pessoal, conseguiram entender as principais causas da síncope?

É isso, pessoal! Esperamos que tudo tenha ficado claro e que você tenha compreendido o conteúdo!

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Um abraço e até a próxima. Pra cima!

Referências

MAGALHÃES, Carlos Costa et al. Tratado de Cardiologia SOCESP. 3a edição. Barueri-SP, Manole, 2015

SANTOS, Eduardo Calvalcanti Lapa et al. Manual de Cardiologia Cardiopapers. 2a Reimpressão. São Paulo, Editora Atheneu, 2015.

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BiancaBolonhezi

Bianca Bolonhezi

Bianca Bolonhezi. Nascida em São Paulo/SP em 1996, formou-se em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC em 2020. Apaixonada pelo comportamento humano e seus desdobramentos. Uma ávida leitora que, no meio de tantos livros, se encantou pela educação.