Vaginose bacteriana: tudo que você precisa saber!

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Moçada, a vaginose bacteriana é considerada o desequilíbrio da flora vaginal mais frequente! Ocorre um predomínio de bactérias anaeróbias facultativas como a famosa Gardnerella Vaginalis e outros anaeróbios obrigatórios como Mycoplasma hominis, Bacteroides fragilis e Ureaplasma urealyticum

Ao mesmo tempo, ocorre uma redução acentuada dos lactobacilos acidófilos. Vamos entender melhor sobre essa infecção?

Fatores de risco e diagnóstico da vaginose bacteriana

Dentre os principais fatores de risco que geram esse desequilíbrio, temos: múltiplas parcerias sexuais, uso de duchas vaginais, uso do DIU, tabagismo e relações sexuais  sem preservativo.

Clinicamente, podemos fazer o diagnóstico pelos critérios de Amsel ou pelo Sistema de Nugent, conforme descrito abaixo:

Critérios de Amsel
Corrimento vaginal homogêneo;
pH>4,5;
Presença de clue cells no exame a fresco;
Teste de Whiff (aminas) positivo
O diagnóstico de vaginose bacteriana é confirmado com a presença de pelo menos três dos quatro critérios acima
Critérios de Amsel para vaginose bacteriana

Interpretação dos escores no Sistema de Nugent:

  • Escore>= 7: vaginose bacteriana
  • Escore de 4 a 6: corrimento intermediário
  • Escore <=3: corrimento normal

A microscopia da vaginose bacteriana – padrão ouro para diagnóstico – revela escassez de lactobacilos e leucócitos, e a presença de células-alvo ou clue-cells, que correspondem a células epiteliais vaginais recobertas por bactérias que se aderem à membrana celular, como na imagem abaixo:

Foto em preto e branco

Descrição gerada automaticamente com confiança média

Tratamento da vaginose bacteriana

O tratamento deve ser prescrito para mulheres sintomáticas, gestantes, ou ainda, pacientes com potencial de complicação, como previamente à procedimentos ginecológicos. Em pacientes assintomáticas não gestantes, não há indicação de tratamento.

Vaginose esporádica Vaginose recorrente
Tratamento
Metronidazol 500mg VO, 12/12h, por 7 dias
Ou
Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador vaginal, à noite, por 5-7 dias.
Ou
Clindamicina 300mg VO, 12/12h, por 7 dias
Metronidazol 500mg, 12/12h por 10-14 dias
Ou
Metronidazol gel vaginal 100mg/g por 10 dias, seguido de óvulo vaginal de ácido bórico por 21 dias, e manutenção de metronidazol 100mg/g, 2x/semana, por 4 a 6 meses.
– Vaginose bacteriana não é considerada uma IST.
– O tratamento das parcerias sexuais não é recomendado.
– Tratamento de gestantes e lactantes é o mesmo das não gestantes.
– Orientar abstinência sexual e evitar consumo de álcool durante o tratamento,

E aí? Curtiu entender um pouco mais sobre o assunto?

Galerinha, a vaginose bacteriana é realmente a desordem mais frequente do trato genital inferior em mulheres em idade reprodutiva e, também, a causa mais frequente de corrimento de odor fétido. 

Por isso, é fundamental que não somente o ginecologista, mas também o médico generalista saiba diagnosticar corretamente essa vulvovaginite e seja capaz de prescrever o tratamento adequado. Lembrando que nos casos de repetição, é importante mantermos o tratamento de manutenção por um tempo mais prolongado, em torno de 6 meses. 

Aproveita e confere também os outros conteúdos sobre vulvovaginites que possuímos aqui no nosso Blog! Ótimos estudos pra você e um grande abraço!

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DanielGodoy Defavari

Daniel Godoy Defavari

Paulista, nascido em Americana em 1995. Formado pela Universidade de Brasília em 2019. Residência em Ginecologia e Obstetrícia no HC-FMUSP. Sucesso é o acúmulo de pequenos esforços repetidos dia a dia. Siga no Instagram: @danielgodamedway