5 questões sobre a dengue que já caíram nas provas de residência médica

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Fala, pessoal! Hoje, nós vamos estudar a “queridinha” do momento: a dengue. Vem comigo resolver essas questões sobre a dengue para dominar tudo nas provas de residência médica! 

QUESTÃO 1 

SCMBH (2024) – A infecção pelo vírus da dengue causa uma doença de amplo espectro clínico, incluindo desde formas assintomáticas até formas graves da doença, podendo evoluir para óbito. O estadiamento de gravidade melhora a qualidade na condução clínica e é de vital importância para a tomada de decisões e implantação de medidas de maneira oportuna. Visto isso, assinale a alternativa INCORRETA: 

A) Na dengue são sinais de choque a hepatomegalia dolorosa, hipotensão postural e/ou lipotimia e desconforto respiratório. 

B) Sinais de alarme para a possibilidade de evolução para as formas graves incluem a presença de dor abdominal intensa e contínua, hipotermia, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. 

C) São classificados como grupo B pacientes com sangramento de pele espontâneo ou induzido (prova do laço positiva), ou condição clínica especial ou risco social ou comorbidades e sem sinal de alarme. 

D) É obrigatório solicitar hemograma completo para pacientes classificados como grupo B. 

COMENTÁRIO 

Nesta questão de classificação e manejo de dengue, bastava seguir o fluxograma para chegar na resposta incorreta.

O primeiro questionamento é se há sinais de alarme ou de choque. Pacientes com sinais de alarme são classificados no grupo C e, se houver sinais de choque, no grupo D. Se a resposta for “não”, a classificação será feita no grupo A, exceto se houver sangramento de pele espontâneo ou induzido, condição clínica especial ou risco social, casos em que é alocado no grupo B. Quanto ao hemograma, para pacientes do grupo A, fica a critério médico. Para os grupos B, C e D, é obrigatório.  

Visão do aprovado: a questão tentou confundir os sinais de alarme com os sinais de choque. Lembre, ainda, que os pacientes do grupo A recebem hidratação oral. Os do grupo B também recebem esta recomendação até o resultado do hematócrito, sendo realocados para o grupo C se não houver melhora mesmo após a hidratação endovenosa. Os grupos C e D, por sua vez, iniciam imediatamente na etapa de hidratação endovenosa.

Dificuldade: moderada. 

Gabarito: A  

QUESTÃO 2 

AMRIGS (2023) – Analise as seguintes assertivas em relação à dengue: 

I. A prova do laço deve ser realizada na ausência de sangramento espontâneo. 

II. O resultado da prova do laço é positivo se houver a presença de 20 ou mais petéquias em adultos, no local de pressão ou abaixo, em uma área de 2,5 cm². 

III. As seguintes alterações laboratoriais são encontradas: leucocitose e linfopenia com atopia linfocitária.  

Quais estão corretas? 

A) Apenas I e II. 

B) Apenas I e III. 

C) Apenas II e III. 

D) I, II e III. 

COMENTÁRIO 

Excelente questão para revisar tópicos do dia a dia do médico que atende paciente com dengue. A prova do laço deve ser realizada em todos os pacientes na suspeita de dengue, exceto naqueles que já possuem sangramento, pois é exatamente isso que ela avalia. Deve-se insuflar o manguito com base na média entre a pressão sistólica e diastólica. O tempo depende da faixa etária, sendo 5 minutos em adultos e 3 minutos em crianças. Após esse período, deve-se encontrar a área com a maior concentração de petéquias e desenhar um quadrado de 2,5 x 2,5 cm. O resultado é positivo se houver mais de 20 (em adultos) e 10 (em crianças) dentro desse espaço delimitado.  

Já o hemograma na dengue pode ser utilizado para o acompanhamento da doença e também na suspeita diagnóstica, quando houver indisponibilidade de exames confirmatórios ou, até mesmo, na presença de um resultado negativo, mas forte suspeita clínica e epidemiológica. Os achados, nesse caso, não são confirmatórios de dengue, e sim sugestivos. São eles: plaquetopenia, leucocitose ou leucopenia e linfopenia ou linfocitose com atipia linfocitária. Mas cuidado, não é atopia!  

Visão do aprovado: a maior dica aqui é, sem dúvidas, ler a questão com calma. No dia da prova, existem fatores que não podemos controlar (clima, barulho, desorganização, etc.) e fatores que estão sob o nosso controle, como a leitura cuidadosa e a atenção. Foque nisso! 

Dificuldade: moderada. 

Gabarito: A  

QUESTÃO 3 

USP-SP (2022) – Médico atende na Unidade Básica de Saúde (UBS) um adolescente de 17 anos de idade com história de 4 dias de febre, cefaleia e mialgia, sem comorbidades. Ao exame físico: bom estado geral, febril (temperatura de 38,5ºC), desidratado, eupneico. Pressão arterial de 118 x 78 mmHg (em pé e deitado), frequência cardíaca de 90 bpm. Saturação de oxigênio 96%. Ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. Abdome flácido, sem visceromegalias. Ausência de edema. Prova do laço negativa. O teste rápido NS1 para dengue está negativo. Além de prescrever antitérmicos e afastá-lo das atividades laborais, deve-se: 

A) Solicitar RT-PCR para SARS-CoV2, hidratação via oral, encaminhar para realização de hemograma no pronto-atendimento e notificar suspeita de COVID-19. 

B) Solicitar teste rápido de antígeno SARS-CoV2, encaminhar para pronto-atendimento para realização de hemograma e hidratação endovenosa, notificar suspeita de dengue e COVID-19. 

C) Solicitar teste rápido de antígeno para SARS-CoV2, realizar hidratação endovenosa na própria UBS e aguardar para notificar a suspeita COVID-19. 

D) Solicitar RT-PCR para SARS -CoV2, hidratação via oral e notificar suspeita de dengue e COVID-19. 

COMENTÁRIO 

Questão legal que explorou duas hipóteses diagnósticas. Veja que, apesar de não apresentar sintomas gripais, o diagnóstico de COVID foi aventado por conta da situação de pandemia no ano em que a questão foi formulada. 

Temos, então, um paciente jovem sem comorbidades com 4 dias de febre, cefaleia e mialgia. O teste rápido de NS1 está negativo. Este é um teste com alta especificidade, mas moderada sensibilidade. Portanto, quando positivo indica doença aguda e ativa, mas quando negativo, não exclui a doença. A prova do laço também é negativa, e isso indica menor risco de sangramentos. Mesmo com os dois testes negativos, o ideal é manter a hipótese diagnóstica de dengue. 

A notificação já deve ser realizada na suspeita de dengue, além da classificação, bem como o início do tratamento. Neste caso, temos um paciente do grupo A que não necessita de exames complementares.  

Visão do aprovado: questão que pega no detalhe! Para chegar seguro na hora da prova, reforce bem o fluxograma de manejo da dengue. “Bizu” de prova: analise o contexto epidemiológico também, pode ser o diferencial para acertar a questão.  

Dificuldade: fácil. 

Gabarito: D 

QUESTÃO 4 

UNESP (2020) – Com relação à dengue, é correto afirmar que 

A) diferentemente de outras doenças, a gravidade não está relacionada a fatores de risco individuais. 

B) a imunidade adquirida é permanente apenas para o primeiro sorotipo após a infecção não ocorrendo após a segunda. 

C) a maioria dos pacientes apresenta formas graves, hemorrágicas com choque e risco de morte. 

D) o período de viremia geralmente se inicia um dia antes do aparecimento da febre. 

COMENTÁRIO 

O período de incubação da dengue é de 4 a 10 dias. Enquanto a viremia ocorre um dia antes do aparecimento da febre e se estende até o quinto dia da doença.  

Além disso, os fatores individuais são importantes no risco de agravamento da doença e são usados na classificação da dengue. Lembre-se que basta ser gestante, lactante, idoso ou possuir alguma comorbidade para o indivíduo ser classificado no grupo B. Mas, felizmente, a maioria dos casos de dengue são oligossintomáticos e possuem baixo índice de letalidade. 

Quanto à imunidade, primeiro precisamos recordar que a dengue possui quatro sorotipos. A infecção por qualquer um desses confere imunidade permanente, independentemente de infecção prévia por outro sorotipo. Logo, se um indivíduo já foi infectado por DENV-1 e 3, terá imunidade homóloga contra os dois sorotipos. O que também pode ocorrer é a imunidade cruzada (heteróloga), porém, esta é temporária, e com o tempo, ocorre uma seleção clonal dos anticorpos específicos, restando apenas os do IgG relacionados ao subtipo que originou a infecção. Isso acontece pois a semelhança do genoma entre os quatro sorotipos é de cerca de 65%. 

Visão do aprovado: nesse caso, com muito bom senso, é possível identificar a veracidade dos conceitos que a alternativa nos apresenta, mas vale reforçar a base teórica do assunto para não ficar com dúvidas.  

Dificuldade: fácil. 

Gabarito: D 

QUESTÃO 5 

SURCE (2020) – Ana Maria está pesquisando sobre a distribuição dos casos de dengue em Fortaleza. Utilizando o sistema de monitoramento diário de agravos (SIMDA) da Prefeitura, ela visualiza o mapa abaixo, referente aos casos de dengue do ano de 2019. Em relação ao padrão espacial de distribuição de casos em Fortaleza, podemos afirmar que ele é: 

A) Focal 

B) Regular 

C) Aleatório 

D) Clusterizado  

COMENTÁRIO 

Sabemos que a dengue surge em grupos oriundos de um foco comum, certo? Ao observar a imagem, é possível notar exatamente esse padrão: aglomerados de pontos vermelhos, alguns mais intensos, outros mais dispersos. Esse é o padrão observado na disseminação de doenças contagiosas e também pode ser chamado de clusterizado

Visão do aprovado: o padrão focal é o oposto, pois não se dissemina, é localizado a uma área ou ponto específico. O padrão regular segue uma disseminação padronizada, e o aleatório não segue padrão nenhum. 

Dificuldade: moderada. 

Gabarito: D 

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Grande abraço! 

Referências:

Ministério da Saúde. Dengue: diagnóstico e manejo clínico. 2024. 

Maria EugeniaAlcantara Albano

Maria Eugenia Alcantara Albano