Nos últimos anos, o cenário da residência médica no Brasil tem passado por muitas transformações. Tradicionalmente, a maior parte das vagas para médicos residentes se concentrava nas regiões Sudeste e Sul, refletindo a centralização histórica da oferta de especialização médica no país.
Porém, segundo o estudo mais recente da Demografia Médica no Brasil, publicado pela Faculdade de Medicina da USP, houve um crescimento expressivo no número de médicos residentes no Nordeste e Centro-Oeste.
Esse fenômeno aponta para uma descentralização gradual da formação especializada no país, um avanço que pode influenciar positivamente o acesso à saúde em diferentes estados.
Mas o que está por trás desse crescimento? Quais os impactos e desafios dessa mudança? Leia nosso artigo e veja as respostas a essas perguntas. Vamos entender melhor os dados e suas implicações.
O Brasil tem, atualmente, um total de 47,7 mil médicos cursando residência médica em diversas especialidades. Esse número representa cerca de 8% do total de médicos do país, sendo que 19,5 mil ingressaram na residência médica em 2024 (médicos residentes de primeiro ano, R1).
Apesar desse avanço, a distribuição de médicos residentes ainda é se mostra bastante desigual. De acordo com os dados do estudo:
Outro dado relevante é que São Paulo concentra quase um terço dos médicos residentes do país. Além disso, 20% das vagas de RM estão ociosas, demonstrando um problema de ocupação e acesso às oportunidades de especialização.
A expansão da residência médica no Brasil também acompanha o aumento das faculdades de Medicina, que cresceram de forma expressiva na última década. Isso gera uma demanda crescente por vagas de especialização, reforçando a necessidade de descentralização.
Mesmo com essa distribuição inconstante, os dados revelam um crescimento elevado na oferta de vagas e programas de residência médica no Nordeste e Centro-Oeste entre 2018 e 2024.
Segundo o estudo, o número de médicos residentes nessas regiões aumentou em torno de 33,4% no Nordeste e 30,9% no Centro-Oeste.
Esse crescimento não aconteceu por acaso. Algumas das principais razões para esse avanço incluem:
Esses fatores levaram a um avanço na presença de médicos residentes além dos grandes centros urbanos, um passo importante para a melhoria da saúde pública em diversas localidades.
O aumento de médicos residentes nas regiões Nordeste e Centro-Oeste tem um efeito direto na melhoria da assistência médica para a população. Entre os impactos mais relevantes, podemos destacar:
Esse crescimento é um grande avanço, mas persistem desafios a serem enfrentados para garantir que essas mudanças se mantenham no longo prazo.
Apesar dessa progressão, a residência médica no Brasil ainda reúne muitos problemas, especialmente na distribuição das vagas.
O estudo aponta que muitos estados do Norte e Nordeste têm menos de 10 médicos residentes por 100.000 habitantes, enquanto no Sudeste essa razão ultrapassa 29 por 100.000. Podemos listar, como principais desafios, os seguintes:
A tendência é que mais políticas públicas incentivem a expansão da residência médica para o interior do Brasil. Programas de incentivo financeiro, melhores condições de trabalho e ampliação da infraestrutura hospitalar são algumas das soluções possíveis para consolidar essa mudança.
A descentralização dos programas de residência médica é um passo importante para a promoção de um sistema de saúde mais equilibrado e acessível para toda a população.
A residência médica no Brasil tem passado por uma transformação importante, com um aumento considerável de médicos residentes nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Embora a distribuição ainda seja desigual, essa mudança representa um avanço na formação médica e no acesso à saúde em diversas partes do país.Se você está se preparando para a residência médica e quer se destacar nas provas, não perca a oportunidade de testar gratuitamente os Extensivos da Medway! Entre os destaques desses cursos, está a Inteligência Artificial da Medway: o MedBrain. Que tal não perder tempo e conferir?
Professora da Medway. Formada pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), com Residência em Pediatria pelo Hospital do Tatuapé e pós-graduação pelo Hospital Albert Einstein (HIAE) - docência e preceptoria médica. Siga no Instagram: @dri.medway