Fala, galera! Como vocês estão? Mais um tema cirúrgico aqui no blog, de extrema importância na prática do cirurgião e que realmente salva vidas quando bem indicada e realizada: a cirurgia de controle de danos ou damage control.
Provavelmente, muitos de vocês já ouviram sobre, mas sempre de modo superficial, já que muitas faculdades do país não possuem um pronto-socorro de ‘porta aberta’ para o trauma. O objetivo desse texto é que você entenda o que é a cirurgia de controle de danos, as fases do cuidado, quando indicar e como realizar o procedimento.
Mas antes de entramos a fundo nesse conteúdo, você já viu um guia prático sobre técnicas cirúrgicas? Com vocês, nosso e-book de Técnica Operatória: suturas e fios cirúrgicos! Aprenda mais sobre o manejo e a propriedade dos fios cirúrgicos, além de um passo a passo completo de suturas. E aí? Está esperando o que? Faça o download gratuito clicando AQUI!
Inicialmente, o termo surgiu relacionado aos traumas abdominais, mas atualmente se expande para o tratamento de lesões torácicas, ortopédicas e mesmo no trauma vascular de extremidades.
Como o próprio nome já diz, consiste em controlar danos até que o paciente possua estabilidade para os reparos definitivos. Não é definido por novas técnicas operatórias, mas pelo conceito de interromper a operação antes que o paciente alcance a fase irreversível do choque relacionado ao trauma, sinalizado pela tríade letal da morte: acidose metabólica, coagulopatia e hipotermia.
Ao contrário do que se imagina, o controle de danos não se limita à fase intraoperatória. São descritas cinco fases:
Não é tão simples como uma receita de bolo, mas uma coisa é certa: o paciente politraumatizado não tem tempo para incertezas, então uma vez que se optou por controle de danos, isso deve ser feito com a máxima de “entrar rápido, ser eficiente e sair rápido”.
Dentre as indicações, destacam-se:
– Hipotermia T<34 graus;
– Evidência clínica ou laboratorial de coagulopatia;
– Evidência de choque celular no intraoperatório (pH < 7,2, BE > 15, Lact > 5, hipoxemia);
– Dificuldade para acesso a grandes lesões venosas (intrahepáticas, retrohepáticas, retroperitoneal ou pélvica);
– Lesão hepática ou combinada com injúria pancreáticaduodenal com instabilidade;
– Lesão pancreatoduodenal com hemorragia maciça da cabeça do pâncreas;
– Desvascularização ou descontinuidade do duodeno, pâncreas ou complexo pancreatoduodenal;
– Incapacidade de fechar devido edema;
– Sinais de síndrome compartimental.
Como falado no início do texto, não consiste em novas técnicas operatórias, mas em reparos rápidos e efetivos para controle provisório do problema até melhora da estabilidade do paciente. O tempo é primordial e não deve se prolongar, sendo, idealmente, em torno de 90 minutos. Tenham na cabeça que o tempo perdido na cavidade refletirá em aumento da morbidade e mortalidade.
O acesso à cavidade, pensando em trauma abdominal, será por laparotomia mediana (rápida, permite observação completa e mobilização das estruturas intra e retroperitoneais), podendo ser extendida para região subcostal se necessário.
O que importa aqui é ter campo de visão, não estética. Geralmente, esse abdome é deixado em peritoneostomia para abordagem após período de ressuscitação em UTI. Se trauma torácico, deixar aberto para evitar tamponamento cardíaco e controlar hemorragia pleural.
Após acesso à cavidade, temos que ter em mente os três objetivos principais: controlar a hemorragia, limitar a contaminação e manter o fluxo sanguíneo adequado para os órgãos vitais. O passo a passo consiste em:
Após o período de ressuscitação em UTI, vamos para a fase final: o reparo definitivo:
Abaixo, você pode conferir uma imagem que vai resumir tudo que vimos até aqui. Ela vai te ajudar, se liga:
É isso, pessoal! Esperamos que tudo tenha ficado claro e que você tenha compreendido o conteúdo!
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Matheus Carvalho Silva, nascido em 1993, em Coronel Fabriciano (MG), se formou em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência em Cirurgia Geral na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).