Saiba como está o mercado e a remuneração na Medicina de acordo com a última demografia médica

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O estudo Demografia Médica 2025 revela nuances importantes sobre o mercado e a remuneração na Medicina em nosso país. As transformações na informalidade, vínculos empregatícios e remuneração demandam atenção para orientar políticas e carreiras.

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Como a informalidade tem avançado na prática médica?

Quando falamos sobre o mercado e a remuneração na Medicina, é importante tratar da informalidade. Desde 2015, o percentual de médicos que exercem atividades sem contrato formal passou de 30% para 48% em 2025.

Esse avanço indica que quase metade da força de trabalho médica atua de forma autônoma ou por pessoa jurídica, sem os benefícios da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

O fenômeno é mais acentuado entre profissionais com menos de cinco anos de formados. Nesse grupo, 60% declaram vínculo informal, atraídos pela flexibilidade de agendas e pela possibilidade de remuneração imediata.

Entre médicos com mais de 20 anos de carreira, a informalidade ainda atinge 35%, principalmente em consultórios próprios.

Os impactos dessa precarização incluem instabilidade de renda, ausência de direitos trabalhistas e dificuldade de acesso a linhas de crédito parcelado.

Quantos vínculos empregatícios os médicos costumam ter?

Em 2025, o médico brasileiro mantém em média 1,8 vínculos formais. A distribuição mostra que 40% têm apenas um emprego público ou privado, enquanto 50% acumulam dois ou mais contratos formais e informais.

Especificamente, 10% dos profissionais declaram exclusivamente atividades informais, sem nenhum vínculo CLT ou PJ.

Essa multiplicidade de vínculos acontece principalmente em cidades de médio porte, onde clínicas privadas e serviços de saúde complementar proliferam.

Generalistas tendem a ter menos vínculos — 1,4 em média — comparado aos especialistas, que na média sustentam 2,1 contratos, refletindo a demanda por serviços mais complexos e melhor remunerados.

Qual o papel do setor público no emprego formal de médicos?

O setor público concentra 68% de todos os empregos médicos formais no Brasil. Desse montante, 38% são contratos municipais em postos de Atenção Básica, 20% vínculos estaduais em hospitais regionais e 10% na esfera federal, principalmente em universidades e institutos de pesquisa.

O Sistema Único de Saúde (SUS) responde por 45% das consultas ambulatoriais e 55% dos leitos de internação sob gestão direta, justificando a relevância de concursos públicos para ingresso e estabilidade no serviço.

A carreira pública oferece jornada de 20 a 40 horas semanais, plano de carreira, adicional por tempo de serviço e possibilidade de dedicação exclusiva, tornando-se o vínculo formal preferido, sobretudo por quem busca segurança financeira e previdenciária.

Quais são os tipos de contrato mais comuns na Medicina?

Outro ponto de destaque envolvendo o mercado e a remuneração na Medicina no Brasil diz respeito à forma de contratação.

Cada tipo de contrato reflete diferenças de estabilidade, benefícios e autonomia, conforme as necessidades do serviço e a realidade do médico. Veja:

  • Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): 52% dos vínculos formais, especialmente em hospitais públicos e grandes redes privadas;
  • Pessoa Jurídica (PJ): 27% dos acordos, predominante em clínicas especializadas e centros de diagnóstico;
  • Autônomo (Recibo de Pagamento): 13% das relações, muito comum entre consultórios individuais;
  • Cooperativa Médica: 5% dos contratos, facilitando a remuneração por produtividade;
  • Temporário e Voluntário: 3% restantes, usados em programas de residência e intercâmbio.

Como os médicos estão se adaptando ao novo mercado?

Para driblar a informalidade e garantir múltiplas fontes de renda, médicos adotam estratégias como:

  • investimento em Telemedicina, atendendo pacientes remotos e reduzindo custos operacionais;
  • parcerias em clínicas multidisciplinares, compartilhando estrutura e ampliando carteira de clientes;
  • plantões em plataformas de demanda avulsa, negociando valores por hora e flexibilidade de horários;
  • especialização em áreas de alta demanda (Dermatologia, Cardiologia Intervencionista, Neonatologia);
  • capacitação em gestão de serviços de saúde, preparando-se para cargos de chefia e consultoria.

Essa diversificação também inclui venda de cursos online, palestras e produção científica, transformando conhecimento em fonte de renda complementar.

Quanto ganham, em média, os médicos no Brasil?

A remuneração média mensal dos médicos no Brasil gira em torno de R$ 23.500,00. A mediana está em R$ 20.000,00, refletindo que metade dos profissionais recebe até esse valor.

Médicos com até cinco anos de formados auferem em média R$ 15.800,00 enquanto os com mais de 15 anos chegam a R$ 30.200,00.

A diferença por especialidade também é expressiva: generalistas recebem R$ 18.000,00 em média, enquanto os cirurgiões atingem R$ 35.000,00.

Onde estão os médicos mais bem pagos do país?

As capitais do Sudeste concentram os maiores patamares salariais. São Paulo lidera com média de R$ 28.000,00 mensais, seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 27.000,00) e Belo Horizonte (R$ 26.000,00). No Sul, Porto Alegre e Curitiba apresentam médias acima de R$ 25.000,00.

As regiões Norte e Nordeste registram as piores remunerações, com médias abaixo de R$ 18.000,00 refletindo a menor densidade de serviços especializados e investimentos públicos.

No setor privado, clínicas de alto padrão e hospitais de grande porte oferecem bônus por produtividade e participação em resultados, elevando em 10% a 20% a remuneração global em comparação ao SUS.

RegiãoSalário Médio Mensal (R$)
Sudeste25.000,00
Sul24.500,00
Centro-Oeste22.000,00
Nordeste18.000,00
Norte16.500,00

Quais fatores explicam a diferença de remuneração entre os médicos?

Outro assunto que precisamos abordar sobre o mercado e a remuneração na Medicina é a diferença salarial no Brasil. As disparidades salariais respondem a múltiplos determinantes:

  • gênero: médicas ganham em média 20% menos que médicos, resultado de distribuição desigual em especialidades e responsabilidades extras;
  •  especialidade: cirurgiões, anestesiologistas e radiologistas estão no topo da tabela, recebendo até 60% a mais que clínicos gerais;
  •  tempo de formação: a cada cinco anos adicionais de prática, há acréscimo de cerca de 10% na remuneração;
  • região geográfica: o Sudeste paga 40% a mais que o Norte, influenciado pelo PIB regional e pela concentração de grandes centros urbanos;
  • tipo de vínculo: autônomos e PJ conquistam ganhos 15% superiores aos contratos CLT, mas carecem de benefícios trabalhistas.

Além desses, fatores institucionais, como porte da instituição empregadora e existência de gratificações por programas de saúde pública, afetam o rendimento final.

O que diz a Demografia Médica 2025 sobre os cirurgiões?

Cirurgiões correspondem a 15% do total de médicos, mas geram 30% da receita global devido à complexidade e ao alto custo dos procedimentos. A maioria (55%) trabalha sob regime de PJ, buscando melhores margens de lucro e autonomia para definir honorários.

O tempo médio de formação de um cirurgião no Brasil é de 12 anos, incluindo graduação, residência e cursos de aperfeiçoamento.

Após esse período, esses profissionais atingem faixa salarial acima de R$ 35.000,00 mensais, conforme tipo de cirurgia e volume de procedimentos.

Apesar da alta remuneração, os cirurgiões enfrentam jornadas mais intensas e riscos ocupacionais maiores, o que tem levado parte da categoria a buscar contratos públicos com dedicação exclusiva, promovendo estabilidade sem abrir mão de ganhos privados.

Agora que você sabe como está o mercado médico!

As informações detalhadas pela Demografia Médica 2025 auxiliam gestores e formuladores de políticas a equilibrar oferta e demanda, avaliar programas de saúde e incentivar a fixação de profissionais em regiões carentes.

É necessário compreender a situação para que médicos planejem trajetórias profissionais, decidam por especialização e negociem contratos mais vantajosos.

Dessa forma, vamos transformando a realidade que envolve o mercado e a remuneração na Medicina em um país de grande porte como é o Brasil.

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Arthur Arabi

Arthur Arabi

Professor da Medway. Formado em Medicina pela Universidade de Brasília (UnB), com residência em Cirurgia Geral e subespecialização em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).