No mercado de trabalho, os médicos valorizam critérios como flexibilidade, sustentabilidade e autonomia. Atendendo a essas necessidades, as cooperativas médicas permitem que os profissionais de Medicina tenham mais controle sobre suas carreiras.
Além disso, esse empreendimento permite rendimentos satisfatórios resultantes da união de forças e dos recursos compartilhados.
Conheça mais sobre cooperativas médicas ao longo de nosso texto. Confira as vantagens que elas trazem para os profissionais, como funcionam e outros aspectos relevantes.
As cooperativas surgiram na Europa, mais precisamente na Inglaterra, em 1884: 28 pessoas que enfrentavam problemas financeiros se uniram e abriram um armazém para suprir suas necessidades.
A cooperativa é um tipo de empreendimento em que pessoas com objetivos comuns se unem para alcançar o que desejam com mais facilidade, principalmente do ponto de vista financeiro.
As primeiras cooperativas médicas apareceram no Brasil na década de 60. No Brasil, o cooperativismo foi regulamentado pela Lei n° 5.764/1971 (Lei do Cooperativismo) e pela Constituição. Depois, ela foi incorporada à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) mediante a Lei nº 8.949/1994, que a classifica como um formato de terceirização.
As cooperativas médicas são reuniões de profissionais autônomos na forma de empresas (precisam de um CNPJ), com a finalidade de oferecer serviços médicos aos clientes, que podem ser pessoas físicas ou empresas.
Elas apresentam uma estrutura democrática, onde as decisões são tomadas em conjunto pelos associados. As responsabilidades também são divididas entre todos.
Vale lembrar que as cooperativas não resultam em vínculo empregatício entre empresas e cooperados; ou seja, os profissionais trabalham juntos, mas como autônomos.
A formação de uma cooperativa médica começa, como explicamos, com a união de médicos que pretendem prestar atendimento a pessoas físicas ou jurídicas como instituições hospitalares ou clínicas. Vejamos como as cooperativas médicas funcionam:
Existem modelos de prestação de serviços diferentes. Aqueles que permitem aos médicos fazer atendimento direto aos pacientes de maneira similar aos planos de saúde. Nesse caso, os médicos são sócios cooperados.
Em geral, esse modelo opera de duas maneiras diferentes:
1. grupo restrito de cooperados que se responsabilizam pela gestão do estabelecimento;
2. todos os cooperados são responsáveis pelas decisões internas, deixando a cooperativa mais igualitária e democrática.
Outro modelo de prestação de serviços é aquele em que a cooperativa oferece somente mão de obra para outra empresa do setor de saúde ou um atendimento integral, abrangendo estabelecimentos como clínicas ou hospitais.
Quando falamos em prestação de serviços, as cooperativas médicas devem cumprir sete princípios:
Os pagamentos devem ocorrer todos os meses e antes da prestação de serviços. Quando os serviços são contratados por empresas, é comum incidir uma taxa de cobrança. Isso acontece porque certas cooperativas vendem e operam planos de saúde. Assim, um valor é cobrado todos os meses.
Em geral, o paciente não escolhe o médico que o atenderá, considerando que a cooperativa busca dar valor aos profissionais cooperados.
O desenvolvimento de um sistema de salários e subordinação afeta o relacionamento dos cooperados. Dessa forma, ele não é bem visto pelo mercado, o que pode comprometer a imagem da organização.
Depois de conhecer o modo de funcionamento das cooperativas médicas, veja agora as principais vantagens que elas oferecem:
Os cooperados compartilham recursos (instalações físicas, pessoas da administração, equipamentos). Consequentemente, há uma redução de custos operacionais, permitindo a economia de dinheiro com despesas fixas.
Os médicos reunidos em uma cooperativa podem cobrar preços mais acessíveis de seus pacientes, já que há compartilhamento de recursos, principalmente de tecnologia avançada. Os preços podem ser melhores que os cobrados em uma clínica ou hospital comum ou por um plano de saúde.
Uma das principais características das cooperativas é a autonomia dada aos profissionais de Medicina. Ainda que sejam cooperados, os médicos têm a liberdade de tomar decisões e gerenciar com independência as tarefas e os consultórios, de acordo com as diretrizes da cooperativa.
Para a prestação de serviços médicos de excelência, é importante que as cooperativas médicas trabalhem com ferramentas tecnológicas modernas e avançadas, com bons equipamentos de diagnóstico e sistemas de registro eletrônico para médicos. Geralmente, isso envolve custos mais altos para o profissional que atua sozinho.
Com a cooperativa, o profissional pode acessar recursos mais modernos e inovadores, softwares de treinamento contínuo e conhecimentos atualizados por valores mais acessíveis. Essa situação contribui para o desenvolvimento do médico, potencializando suas atividades.
Normalmente, as cooperativas contam com um poder de barganha maior ao negociar contratos com hospitais, seguradoras e outras prestadoras de serviço em nome dos cooperados.
Consequentemente, é possível obter melhores condições de pagamentos e mais oportunidades de práticas em cooperativas médicas.
A maior parte das cooperativas médicas distribui uma parcela dos lucros gerados pelos cooperados, permitindo uma fonte de renda extra. Desse modo, o médico adquire mais estabilidade e segurança nas finanças.
O médico cooperado conta com uma sólida rede de suporte formada por especialistas e colegas que podem ajudar e compartilhar experiências e conhecimentos.
É um fator relevante para a melhoria das habilidades profissionais, o enfrentamento dos diferentes desafios e a discussão de situações complexas.
Existem dois riscos grandes que envolvem a cooperativa médica: o trabalhista e o tributário. No primeiro caso, se a cooperativa for processada e não conseguir assumir as despesas, o patrimônio dos médicos cooperados que são pessoas físicas poderá ser utilizado como pagamento no processo judicial.
Os riscos tributários acontecem porque a rentabilidade do médico aumentará muito. Desse modo, a fiscalização pode compreender que eles também participam dos rendimentos da cooperativa.
Os riscos trabalhistas e tributários podem gerar a perda de patrimônio conforme a situação ou quem são cooperados.
Para fazer parte de uma cooperativa há muitos passos importantes, que podem ser seguidos de forma estruturada. A seguir, estão as etapas fundamentais:
Antes de se associar, faça uma pesquisa profunda sobre as cooperativas médicas disponíveis em sua região ou especialidade médica. Faça buscas online, converse com colegas e entre em contato com associações locais para obter recomendações.
Cada cooperativa tem seus próprios critérios de associação. Verifique as condições específicas, como localização geográfica, tipos de especialidade necessárias e anos de experiência requeridos. Certifique-se de que você atende a esses requisitos antes de continuar.
Reúna todos os documentos exigidos pela cooperativa, como certificados médicos, currículo atualizado e licenças profissionais. A documentação é necessária para a aprovação do seu cadastro.
Preencha o formulário de inscrição disponibilizado pela cooperativa. Forneça todas as informações exigidas. Depois da submissão, a equipe responsável vai analisar e revisar a documentação.
É comum que a cooperativa faça uma entrevista com os candidatos. É o momento de apresentar seu perfil e demonstrar que você atende aos critérios necessários para ser um cooperado.
Se você for aprovado, será preciso realizar o depósito da cota-parte da cooperativa. É um valor que varia, sendo fundamental para seu ingresso na organização.
Após a aprovação da sua candidatura e o pagamento da cota, você será informado sobre a aceitação e poderá começar a fazer bom uso dos benefícios e recursos disponíveis, começando assim a participar ativamente da cooperativa.
Para abrir uma cooperativa médica, é preciso seguir algumas etapas e demonstrar que atende a critérios específicos. Veja, a seguir, o passo a passo para começar uma cooperativa médica:
· planejamento inicial: defina os objetivos, o público-alvo e os serviços médicos que serão oferecidos; desenvolva um plano de negócios minucioso, incluindo projeções financeiras e estratégias de marketing;
· constituição jurídica: escolha o tipo de cooperativa médica que será criada (como cooperativa de trabalho médico ou cooperativa de consumo); registre a cooperativa de acordo com as leis do seu país, o que geralmente envolve a elaboração de um estatuto social e o registro no órgão competente;
· requisitos legais: analise quais são os requisitos legais específicos para cooperativas médicas na sua jurisdição; obtenha todas as licenças e autorizações necessárias para trabalhar de forma legal, incluindo o registro na agência de saúde local;
· estrutura organizacional: determine a estrutura organizacional da cooperativa, definindo como os médicos serão remunerados, quais serão as responsabilidades de cada cooperado e os processos de tomada de decisão;
· recrutamento de associados: recrute médicos e profissionais de saúde que tenham interesse em se juntar à cooperativa; estabeleça critérios claros para a adesão e a participação na cooperativa;
· gestão financeira: desenvolva um sistema de gestão financeira transparente e eficiente; defina as contribuições dos membros, os custos operacionais e os mecanismos de distribuição de lucros, caso se aplique;
· atendimento aos pacientes: garanta que a cooperativa atenda aos padrões éticos e de qualidade na prestação de serviços médicos; defina protocolos de atendimento, gestão de prontuários e políticas de segurança do paciente;
· promoção e divulgação: crie estratégias de marketing e promoção para atrair pacientes e consolidar a presença da cooperativa na comunidade.
Considerando que as cooperativas médicas são empreendimentos complexos e regulamentados, é recomendável procurar a orientação de profissionais especializados em direito empresarial e cooperativismo.
Também é recomendável consultar os órgãos reguladores de cooperativas de saúde no país para ter certeza de que haverá cumprimento de todas as exigências legais e operacionais.
Agora você entende o que são cooperativas médicas e quais são as vantagens de participar de uma. Você pode participar de uma cooperativa já existente ou até criar uma, conforme os passos que apresentamos.
As cooperativas médicas permitem que os médicos usufruam de diversos benefícios, como economia de recursos financeiros e a disponibilização de serviços médicos a preços mais acessíveis, o que atrai pacientes.
Depois de saber mais sobre a importância das cooperativas de saúde, venha conhecer nosso blog e nos siga em nossas redes sociais: estamos presentes no Facebook, no Instagram, no Youtube e no LinkedIn!
Formado em Clínica Médica e Medicina Intensiva pela USP-SP, cofundador do Papo de Clínica e professor de Medicina Intensiva do Extensivo R3CM.