Fala, pessoal! Hoje vamos falar sobre o infarto de ventrículo direito, que costuma ser um evento incomum e acontece com mais frequência quando há um infarto de ventrículo esquerdo com elevação do segmento de ST de parede inferior. Mesmo sendo um acontecimento menos visto, é importante saber sobre ele para não deixar nada passar em branco e estar sempre preparado.
E aí, bora lá?
Um dos motivos para que o infarto do ventrículo direito seja menos comum é que a demanda de oxigênio é muito menor (comparado ao ventrículo direito) devido à sua menor massa muscular. Além disso, a perfusão coronariana no VD ocorre tanto na sístole quanto na diástole, ou seja, há mais suprimento de sangue. Por fim, como há mais circulação colateral, o quadro tende a ser menos frequente.
De modo prático, à artéria coronária direita proximal.
O ventrículo direito é irrigado pela artéria coronária direita (ACD) e pelos ramos marginais do ventrículo direito.
A artéria coronária descendente anterior esquerda (ADA) irriga o ápice do VD e a parede anterior do VD que é continuação do septo.
Muitos sintomas são semelhantes aos do IAM de VE, como:
Além disso, existem os sinais e sintomas mais específicos ao infarto do ventrículo direito, como a bradicardia, em que a frequência cardíaca dos pacientes com infarto de ventrículo direito costuma ser mais baixa em comparação aos IAM de VE.
A oclusão proximal da artéria coronária direita compromete a perfusão da parede livre do VD, levando à discinesia e diminuição do desempenho global do VD. Isso acarreta:
Todos os pacientes com infarto de VE de parede inferior (ou seja, supra de ST, infra de ST ou ondas Q patológicas de DII, DIII e/ou aVF) devem ser submetidos a outro ECG com as derivações V4R, V5R e V6R para avaliação de possível de infarto de VD.
A elevação do segmento ST > ou igual a 1mm em V4R a V6R, principalmente em V4R, indica lesão do ventrículo direito aguda, sendo a artéria coronária direita proximal a mais provável culpada.
O manejo é igual ao manejo de IAM de VE (para rever, clique aqui!):
A terapia de reperfusão precoce (seja invasiva ou química) deve ser feita o mais rápido possível, pois diminui a morbimortalidade!
Ah, e lembre-se: nitratos, opioides e beta bloqueadores são contraindicados.
Caso a função do VE seja prejudicada, existem dispositivos de assistência mecânica que podem ser muito interessantes.
O BIA (balão intra-aórtico) é útil para tratar o choque cardiogênico nos pacientes com esse perfil de disfunção. Não existem tantas evidências sobre o real benefício do BIA, porém, é amplamente sabido que melhora a pressão aórtica e melhora a perfusão sistêmica, sendo assim muito bom para tratamento de hipotensão refratária a drogas vasoativas inotrópicas (por exemplo: dobutamina).
Muito do prognóstico a longo prazo do infarto do ventrículo direito está ligado à extensão do acometimento do VE. Com a terapia de reperfusão precoce (seja por intervenção primária ou trombólise), o prognóstico melhorou muito porque o VD costuma recuperar boa parte da sua disfunção com o tempo.
De acordo com o UpToDate, a insuficiência cardíaca crônica consequente apenas ao infarto de VD é rara.
É isso, pessoal! Esperamos que tudo tenha ficado claro e que você tenha compreendido o conteúdo!
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1. Infarto do miocárdio ventricular direito – UpToDate
2. Infarto de ventrículo direito: como identificar e tratar? – PebMed
3 .Eletrocardiograma no diagnóstico de isquemia miocárdica e infarto – UpToDate
Nascida em Santos em 1995 e formada pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) em 2019. Residência em Clínica Médica pela Secretaria Municipal de Saúde (SUS - SMS) em São Paulo. Seu próximo passo é entrar em Cardiologia, inspirada pela sua mãe, médica da área.