Uma das etapas mais particulares de todos os processos seletivos de São Paulo é o famoso Leilão do SUS, nome popularmente dado ao processo de escolha de vagas do SUS-SP, e é justamente dele que falaremos hoje!
Então, se você tem alguma dúvida sobre como ele funciona na prática (sim, é potencialmente complicado), esse é um artigo obrigatório de ser lido. Bora?
Como não existe o óbvio, vamos deixar claro que não é um leilão de fato. O que define a prioridade de ocupação de vagas é a classificação na especialidade, liberada na lista unificada, contudo, na era pré-pandemia, essa etapa ocorria de forma presencial, em um grande ginásio, onde os coordenadores chamavam o nome do candidato pelo microfone e ele iria lá manifestar a instituição que queria, de acordo com a prioridade dele e a disponibilidade de vagas.
Por exemplo: Maria Fernanda, primeiro lugar em Ginecologia e Obstetrícia no SUS-SP, era a primeira a ser chamada em GO e poderia escolher qualquer instituição do processo. A partir do momento que ela escolhesse ir para o Hospital Pérola Byington, uma das vagas disponíveis deste hospital era ocupada e os próximos poderiam escolher apenas as vagas que sobraram. Isso ocorria até finalizarem as vagas de Ginecologia e Obstetrícia. Assim, já conseguimos entender que os últimos ficavam sem poder de escolha.
O processo seletivo do SUS-SP dos últimos anos foi estritamente online, mas manteve a mesma lógica do processo presencial – é sobre ele que falaremos hoje.
O termo “Leilão do SUS” surgiu como uma denominação popular, pois o processo em si lembrava um leilão.
Não. Um critério de inclusão para essa etapa é ter conseguido pelo menos 50% da nota na prova objetiva (ou seja, um acerto de pelo menos 50 das 100 questões). Os que ultrapassaram os 50% serão listados em uma lista unificada, por especialidade, e por ordem de classificação.
”Ah, mas se tiver empate? Como fica?” – nesse caso, a ordem de desempate é dar preferência a quem teve maior nota em Clínica Médica, seguido de Cirurgia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia e Medicina Preventiva e Social. Em caso de mesmo número de acerto em todas as áreas, vale a maior idade.
Para nos ajudar na descrição do processo, chamamos o Rafael Banzati, R2 de Clínica Médica do Hospital Ipiranga, ex-aluno da Medway e atual médico produtor de conteúdo na Clínica Médica, e que viveu o processo na prática em 2023.
Para ele, o processo pode ser dividido em 6 etapas – e algumas delas requerem alguma malícia para fazer as escolhas corretas, então atenção!
Antes de entrar no processo em si, vamos entender por qual plataforma isso acontece.
Na plataforma da Quadrix, empresa que realizou as provas de 2023 e 2024, ocorre o processo de escolha de vagas do SUS-SP. O link para acessar está disponível tanto no edital, quanto na página do processo seletivo. Não tem erro ou dificuldade.
Contudo, se liga no que o Rafael dividiu com a gente:
‘’Djon, em 2023 houve muitos problemas de acesso à plataforma, pois o login da área do candidato não era o mesmo da plataforma. O que fizemos foi criar um novo cadastro ali e aí deu certo. Ah, eles esclarecem que, preferencialmente, devemos entrar pelo Google Chrome. Fui direto por ele e não tive problemas”
Mas, de maneira geral, tudo é muito intuitivo e não deve gerar problemas ao candidato.
Ao acessar a plataforma, você irá se deparar com esses passos. Confere aí:
Aqui, o candidato precisa deixar claro se foi convocado ao serviço militar obrigatório para poder solicitar o trancamento da vaga.
Mas atenção:
Não é porque está com serviço militar obrigatório previsto que o candidato deve ficar na inércia. Não se esqueça de realizar a matrícula normalmente no dia estabelecido. Não aparecer na matrícula = desclassificação do processo.
Aqui, você terá acesso aos dados principais para tomar sua decisão no processo de escolha de vagas do SUS-SP:
Com isso visível, você conseguirá tomar uma decisão baseada em chances e prioridades próprias.
Bom, chegou a hora de tomar uma decisão e informar quais instituições você deseja.
”Massa! Pode ser aleatório?”
Não! Você deve ir por ordem de prioridade. Digamos que você escolheu o Hospital Santa Marcelina como primeira opção para Clínica Médica, Hospital Ipiranga como segunda e Heliópolis como a terceira – estes são, inclusive, os hospitais mais concorridos para quem quer fazer Clínica Médica pelo SUS-SP, como já comentamos aqui no blog. Sua forma de preenchimento será:
Nesta etapa, você precisa obrigatoriamente escolher pelo menos 1 instituição, caso contrário, é desclassificado do processo. Além disso, o número de instituições possíveis vai variar de acordo com a especialidade e disponibilidade.
Segundo Rafael:
”No meu ano eu pude escolher até 5 instituições para Clínica Médica”
Após a escolha das instituições, aparecerá uma tela de confirmação com as informações organizadas para você dar o seu ”OK” ou então ter a chance de editar.
Se existe uma dupla-checagem significa que, se você confirmar, não poderá voltar atrás. Logo, perca tempo e dê atenção e só confirme se estiver com 100% de certeza de que está enviando as informações corretas ao sistema do leilão do SUS. Uma vez confirmado, não há a mínima chance de mudar.
Aqui, você terá a página com um resumo do que você enviou ao sistema do leilão do SUS, com possibilidade de realizar o download ou imprimir.
Por via das dúvidas, guarde bem esse ”canhoto” – seja com uma cópia salva em seu computador ou celular, para acesso offline, ou uma cópia impressa. Caso dê algum problema no sistema de escolha de vagas do SUS-SP e você precise comprovar sua escolha, isso pode poupar um grande estresse.
Com tudo submetido ao sistema, haverá uma análise das escolhas de vaga de cada candidato e um cruzamento, considerando a classificação de cada um e a disponibilidade de vagas das especialidades em cada instituição.
Aqui vem a principal regra: A preferência é alocar os candidatos em suas primeiras opções (por isso é importante você cadastrar as instituições por ordem de prioridade).
Não precisa fazer nada! Entenderão que você vai se matricular, logo, você só precisará aparecer na instituição no dia da matrícula com os documentos.
Aí você errou rude, pois a rejeição dessa vaga implica em desclassificação. Mas vamos ser sinceros: por qual motivo você iria desistir dessa opção? Ou foi erro de cadastramento das prioridades ou você não quer mais o processo seletivo.
É um momento de reflexão e o sistema exige um posicionamento obrigatório do candidato. São dois caminhos possíveis:
Atenção total caso seja selecionado para uma segunda opção ou subsequente no leilão do SUS. Você precisará demonstrar ativamente qual a sua decisão no sistema – ou rejeitar ou optar por vaga selecionada. Não fazer nada significa desclassificação no processo seletivo.
Queridos, a partir da segunda chamada não tem mais margem para escolha no leilão do SUS. Você não poderá rejeitar caso seja selecionado para uma vaga em qualquer uma das suas opções de escolha. Isso acontece porque, ao contrário da primeira chamada, essa etapa ocorre em um período em que os serviços precisam receber os residentes, logo, não há muita margem para dar tempo ao candidato.
Mais uma vez fica clara a importância de cadastrar as preferências por ordem de prioridade.
Outra reflexão que surge é: vale mais colocar o máximo de opções ou selecionar somente uma ou duas que você mais quer?
Aí depende muito do seu objetivo. Existem pessoas que carregam uma mentalidade com a qual não concordamos e que se resume em ”entrar a qualquer custo, seja onde for”, também há pessoas que pesquisaram e definiram com segurança a priorização de mais de duas instituições no processo. Para essas populações, cadastrar um maior número de instituições pode fazer mais sentido. Agora, se você tem clareza de que quer entrar em um ou dois hospitais específicos e de antemão tem o compromisso consigo mesmo de não assumir a vaga em outros, aí recomendamos limitar o cadastro apenas às instituições desejadas, justamente para aumentar as chances de você participar das próximas chamadas. É tudo questão de escolha.
No fim das contas, é um processo organizado e que funciona. Contudo, é uma etapa que vai exigir atenção às regras e prazos e também exigirá do candidato uma análise de cenário para atingir os objetivos com maior probabilidade.
Aqui na Medway nós acompanhamos bem de perto o processo seletivo do SUS-SP 2024 no Medway Radar, bem como vários outros processos seletivos das principais instituições do País. Quer conferir o edital completo, principais datas, relação candidato/vaga, lives de correção e muito mais? É só fazer seu cadastro gratuitamente!
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Catarinense e médico desde 2015, Djon é formado pela UFSC, fez residência em Clínica Médica na Unicamp e faz parte do time de Medicina Preventiva da Medway. É fissurado por didática e pela criação de novas formas de enxergar a medicina. Siga no Instagram: @djondamedway