Ministério da Saúde lança Mês de Vacinação dos Povos Indígenas de 2023

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O Ministério da Saúde acaba de lançar o Mês de Vacinação dos Povos Indígenas de 2023. Essa é uma importante retomada da cobertura vacinal de nosso país porque, infelizmente, no último ano as estatísticas em territórios originários ficaram bem abaixo do ideal, e se tornaram motivo de preocupação do governo.

Além disso, a iniciativa faz parte de uma conscientização importante sobre a presença de atendimentos e cuidados de saúde em localidades mais distantes, algo que tem ganhado mais destaque com a nova implementação de programas de saúde que estavam pausados, como o Mais Médicos

São vários profissionais de saúde envolvidos na missão de vacinar os povos originários, que prevê a aplicação de mais de 210 mil doses.

Quer saber mais sobre o assunto? Continue a leitura e entenda como o calendário funciona e quais vacinas serão distribuídas nos próximos dias, além de conferir como anda o processo de vacinação no restante do país.

Como funciona o Mês de Vacinação dos Povos Indígenas?

O Mês de Vacinação dos Povos Indígenas (MVPI) começa no dia 19 de abril. A cerimônia ocorre no Distrito Sanitário Indígena Minas Gerais Espírito Santo (Dsei/MGES), em Teófilo Otoni. Os anfitriões da região são o povo Maxakali, e a escolha para a abertura da campanha se justifica pela falta de condições para práticas de saúde nesse território.

Além disso, a população do distrito se encontra em situação de vulnerabilidade a doenças imunopreveníveis. A partir dessa ocasião, 34 Distritos Sanitários Indígenas (DSI), que abrangem quase 900 territórios indígenas, receberão a ação de vacinação proposta pelo Ministério da Saúde.

Entretanto, depois que o mês acabar, não significa que a vacinação será interrompida. Pelo contrário, as imunizações continuarão durante todo o ano, em todas as localidades que fazem parte do programa.

Esse momento é apenas para reforçar a importância da vacinação e conscientizar os povos indígenas acerca dos cuidados com a saúde e da prevenção de doenças. 

Além disso, essa é uma oportunidade de intensificar as intervenções de profissionais para verificar as condições dos povos indígenas e identificar outras situações que também precisam de ajuda.

Quais imunizantes fazem parte dessa ação?

Vários imunizantes presentes no calendário nacional serão aplicados na campanha de vacinação dos povos indígenas. Entre eles, estão os seguintes:

  • hepatite A e B;
  • penta (DTP/Hib/Hep B);
  • pneumocócica 10 valente;
  • VIP (Vacina Inativada Poliomielite);
  • VOP (Vacina Oral Poliomielite);
  • VRH (Vacina Rotavírus Humano);
  • meningocócica C (conjugada);
  • febre amarela;
  • tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba);
  • tetraviral (sarampo, rubéola, caxumba, varicela);
  • DTP (tríplice bacteriana);
  • BCG;
  • HPV quadrivalente (Papilomavírus Humano);
  • influenza;
  • Covid-19.

Por causa da alta demanda, mais de 2,6 mil profissionais de equipes multidisciplinares de saúde indígena e cerca de 1,1 mil agentes indígenas de saúde e saneamento estão envolvidos na ação. Ela é uma iniciativa da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), o que amplia seu alcance e visibilidade.

Quais são as estatísticas de vacinação dos povos indígenas?

Nos últimos anos, o índice de vacinação dos povos indígenas caiu drasticamente e se tornou um ponto de preocupação por parte das autoridades de saúde. Em 2021 73% dessa população estava vacinada; mas em 2022, apenas 53% dela recebeu algum tipo de imunizante.

Antes de 2021, as estatísticas ainda eram mais altas. Por isso, agora o Ministério da Saúde visa recuperar os números de vacinação para proteger os povos indígenas e oferecer acesso à saúde de qualidade para todos os territórios, mesmo que mais afastados.

Ao todo, espera-se que 210 mil doses sejam aplicadas em crianças, adolescentes, adultos e idosos indígenas. Assim, as chances de que a porcentagem alcançada no ano passado seja finalmente ultrapassada, e que as perspectivas não apenas melhorem para esse ano, mas para os próximos também.

É interessante comentar que a tradição dos povos indígenas é tratar a doença antes de ela chegar, com seus métodos naturais e as tradições locais das regiões. Entretanto, nem todas as doenças são previsíveis, embora a maioria tenha prevenção.

Sendo assim, informar que a doença pode ajudar nesse tratamento prévio é uma forma de envolver os povos indígenas na ação e estimular o engajamento para que o total de doses previstas seja aplicado e, quem sabe, até mesmo aumentado.

No auge da pandemia da Covid-19, a adesão se mostrou bastante positiva quando a vacina foi liberada, e boa parte dos povos originários está com as 4 doses recomendadas. Por isso, agora é a hora da bivalente e de todo o restante da lista que você viu por aqui.

Como anda o cronograma vacinal para o restante do país e por que ele é importante?

Apesar de ter um mês inteiro com ações focadas na vacinação dos povos indígenas, o calendário vacinal estabelecido no programa nacional está vigente. Entre as propostas que ele traz, está o reforço contra a Covid-19.

Porém, não é só isso. As vacinas pediátricas e outros reforços para adultos também fazem parte do calendário. Você, como médico residente, pode não apenas recomendar e verificar o cartão de vacina dos pacientes, mas também relembrar as datas e mostrar que, no SUS, é possível ter acesso a boa parte dos imunizantes de forma gratuita.

Além disso, para passar na residência, saiba que esse é um assunto recorrente na prova de Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia. Portanto, se ainda está na fase de estudos, lembre-se de focar nesses temas e entender não apenas como os imunizantes funcionam, mas nas práticas humanizadas que demonstram para a população o quanto a vacinação é indispensável. 

E então, gostou de saber mais sobre o assunto?

Gostou de saber um pouco mais sobre o Mês de Vacinação dos Povos Indígenas e entender a importância dessa ação? 

Se você tiver a oportunidade, na residência na prática médica, de atuar nos territórios originários, lembre-se de que além de tratamentos, diagnósticos e atendimentos, o acolhimento e as explicações a respeito de ações como essa fazem a diferença na vida dessa população.

Mas para conquistar essa oportunidade e ter outras vivências incríveis na Medicina, é preciso estudar, e muito! Então, não perca mais tempo e acesse a Academia Medway, para aproveitar uma série de e-books gratuitos que ajudarão em sua preparação como residente e como profissional.

BeatrizVilaça

Beatriz Vilaça

Sou uma médica com muito interesse em pesquisa, extensão e ensino. Residência em Clínica Médica pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP e formada em Medicina pela Universidade Federal do Paraná. Já fui bolsista CAPES pelo programa de intercâmbios Ciências Sem Fronteiras, de 2015-2016, e cursei Medicina na "Università Degli Studi di Roma La Sapienza", em Roma, Itália. Muito feliz em fazer parte da equipe Medway!