Apesar de ser um acontecimento fácil de se lidar, grande parte dos médicos não sabe como manejar um paciente vítima de um ataque de uma serpente. Mas e se uma vítima cair na sua mão naquele plantão tranquilo? Então… é por esse motivo que devemos dominar e conduzir tal caso. Pois bem: hoje vamos tratar dos sintomas da picada de cobra!
No Brasil, são diversos os casos de ataques de serpentes venenosas, mas as espécies possuem uma distribuição pelo território brasileiro. De maneira geral, a maioria dos acidentes envolvem os gêneros:
Claro que locais que sejam favoráveis para os animais os atrairão, como presença de alimentos (ratos), locais com entulhos, folhagens, empilhamento de madeiras, etc. Ou seja, para evitar acidentes e que as localidades sejam atrativas para os animais, é importante:
Aí que está um detalhe muito importante. Cada cobra possui um veneno diferente, ou seja, a picada de uma jararaca vai gerar uma sintomatologia diferente da picada de uma cascavel.
Mas, de forma geral, após o ataque, são comuns os seguintes sintomas:
No caso da cascavel, o veneno possui uma ação neurotóxica, que causa bloqueio neuromuscular devido à inibição da acetilcolina, mialgia e rabdomiólise (mioglobinúria). Tendo em vista o intenso processo edematoso que ocorre no local, pode ser desenvolvido choque hipovolêmico e também síndrome compartimental. Os sintomas mais recorrentes são:
Muitas vezes, o paciente avisa ao médico(a) que trouxe, junto dele, a cobra que o picou. E, sim, isso é muito comum de acontecer, mas deve ser desencorajado pelos profissionais de saúde, pois a cobra pode atacar novamente o paciente na tentativa de manejo e captura do animal.
O que o paciente deve fazer, então? No máximo, olhar para a cobra, e depois tentar descrevê-la para o profissional que fizer seu primeiro atendimento no PS. Isso ajuda a melhor condução do caso e melhor manejo do paciente, pois as características, como cabeça em forma de seta (triangular), pupilas elípticas, depressões sensoriais ao calor entre olhos e nariz (fossetas loreais) e presas retráteis, nos ajudam a definir se é uma víbora ou uma serpente não venenosa.
Os exames abaixo precisam ser solicitados, pois deve-se fazer uma investigação de uma possível lesão orgânica pela toxina da cobra:
A primeira coisa a se fazer é manter a calma e tentar ir para o hospital o mais rápido possível. Porém, deve-se evitar correr ou até mesmo andar lentamente, pois isso pode ajudar na propagação e disseminação do veneno. É preciso lavar o local com bastante água e sabão e impedir o uso de garrotes para bloquear a disseminação do veneno.
Em alguns lugares, algumas crenças populares fazem pacientes passarem pomadas, café, areia, o couro da cobra, álcool… enfim. Tudo isso deve ser contra indicado, pois aumenta a incidência de infecções locais e risco de amputação de membros.
O melhor tratamento para esses acidentes deve ser o suporte, monitorização e o soro antiofídico, sendo que este último também é ofertado de acordo com o gênero da cobra que atingiu o paciente. Ah, mas então é por isso que é necessário tentar descrever a cobra que o atingiu? Exatamente por isso. Mas, por favor, peça para o paciente não levar a cobra para o serviço de saúde.
O tratamento consiste em:
Então, é sempre importante saber reconhecer um paciente que possivelmente foi atingido por uma serpente. Este último deve ser manejado o mais rápido possível, pois quanto menor o tempo que demorar para ser feita a administração do soro antiofídico específico, menores as chances de complicações.
É isso aí, galera! Vamos aprender bastante para que, quando nos depararmos com situações do tipo, possamos agir da forma mais rápida possível e reduzir as chances de complicações para esses pacientes.
Ficou com alguma dúvida acerca do assunto? Deixe um comentário aqui embaixo! Será um prazer respondê-lo!
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Colaborou para a produção deste artigo: Gabriel Lucano.
Olson, Kent R. Manual de Toxicologia Clínica. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo A, 2013.
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.