Prevenção do HIV: Anvisa aprova o primeiro medicamento injetável para o vírus causador da Aids

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A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é a entidade federal que se responsabiliza pela regulamentação de medidas que visam à promoção da saúde por meio do controle sanitário, sendo uma de suas responsabilidades, a prevenção do HIV.

Recentemente, no dia 5 de junho de 2023, a agência registrou o remédio Apretude® em duas formas: injetável e oral. O objetivo do remédio é prevenir contra a contaminação pelo vírus da Aids.

Leia o post a seguir e atualize-se sobre os benefícios do novo medicamento usado na prevenção do HIV. É mais uma conquista da Medicina no combate às doenças que atacam a população, causando sofrimento e fazendo vítimas fatais.

Prevenção do HIV: conheça mais sobre o Cabotegravir

Apretude®, cujo princípio ativo é o Cabotegravir, é o nome do novo medicamento lançado pela Anvisa. É o primeiro medicamento injetável usado na prevenção do HIV.

O uso do medicamento foi autorizado no Brasil pela empresa farmacêutica GSK, da Grã-Bretanha. O registro do medicamento foi divulgado no Diário Oficial da União no dia 5 de junho de 2023, conforme explicamos na introdução.

O Cabotegravir é um antirretroviral que pertence aos inibidores da enzima integrase. Ele impede que o DNA viral do HIV seja inserido no DNA humano.

É, portanto, um mecanismo de ação que impede a replicação do vírus, que é a sua reprodução e a sua capacidade de infeccionar novas células. O remédio injetável é uma nova opção, já que pode funcionar como prevenção do HIV sem a necessidade de tomar um comprimido diariamente.

A recomendação de uso do remédio integra uma estratégia preventiva combinada ao HIV na profilaxia pré-exposição (PrEP) para diminuir o risco de HIV-1 adquirido por meio de atos sexuais em adultos com maiores riscos de piorar a infecção.

O remédio injetável deve ser administrado, de dois em dois meses, representando mais uma opção para a profilaxia pré-exposição e um tratamento mais possível de adesão.

O remédio na forma de comprimido é recomendado para analisar o nível de tolerabilidade ao Cabotegravir, ou seja, ele avalia a capacidade do paciente em reagir bem aos efeitos do remédio antes que seja administrada a versão injetável. 

O comprimido pode ser usado também como tratamento preventivo pré-exposição ao vírus para quem perdeu a dose programada do Cabotegravir injetável.

O novo medicamento se mostrou eficiente em reduzir o risco de infecção pelo HIV-1 que é contraído sexualmente em pessoas cujo peso corporal é igual ou maior que 35 quilos e em risco de contrair a infecção pelo HIV-1, que é o vírus mais comum, que se responsabiliza pela maioria dos casos de Aids em todo o mundo.

Mas o remédio só deve ser usado depois que o teste de HIV for feito e confirmado o resultado negativo. Para diminuir o risco de resistência ao remédio, o teste de HIV deve se realizar antes que o remédio comece a ser utilizado.

Entenda o uso da profilaxia pré-exposição ao HIV no Brasil

A profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV passou a ser oferecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em fins de 2017, gradualmente, por meio de um remédio de uso diário e oral, ou seja, a combinação de dois antirretrovirais em apenas um só comprimido. Os dois antirretrovirais são emtricitabina e tenofovir.

Conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição de Risco à Infecção pelo HIV (PCDT-PrEP), divulgado pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2022), a PrEP contra o HIV consiste na utilização de antirretrovirais para diminuir o risco de ser infectado pelo Vírus da Imunodeficiência Adquirida. A estratégia mostrou-se segura e eficaz em pessoas que apresentam riscos aumentados de contrair a infecção.

O Cabotegravir na forma injetável é uma nova solução, principalmente para as pessoas com dificuldades na adesão diária e oral à utilização da profilaxia pré-exposição. Contudo, é o Ministério da Saúde que pode incorporar o tratamento pelo Sistema Único de Saúde.

O Ministério da Saúde se responsabiliza por atualizar o PCDT-PrEP e aconselha a profilaxia/prevenção do HIV para pessoas que apresentam vida sexual ativa, com risco aumentado de infecção pelo vírus da Aids.

As diferenças entre o Cabotegravir e os remédios atuais

Há duas diferenças básicas entre o Cabotegravir e os remédios atuais: a ação é prolongada e o medicamento é oferecido na opção injetável.

A vantagem mais importante do novo medicamento é que ele oferece uma melhor adesão ao tratamento e à comodidade de usar um remédio que surta efeito a médio e a longo prazo. Vamos conferir dois pontos importantes:

  • as aplicações da dose são intramusculares, na região dos glúteos (as duas doses iniciais são aplicadas com intervalo de quatro semanas; as doses seguintes são aplicadas a cada oito semanas);
  • os remédios atualmente utilizados para prevenção do HIV são de utilização oral e devem ser tomados diariamente para fazer o efeito desejado (as terapias em que se aplicam esses medicamentos constituem a profilaxia de pré-exposição).

Estudos clínicos no Brasil

Os estudos de prevenção do HIV com o novo medicamento injetável foram efetivados, no Brasil, nos estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou ensaios clínicos em quatro centros de pesquisa, situados nas instituições abaixo:

  • Fundação Faculdade de Medicina MEC MPAS (São Paulo);
  • Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. (Rio Grande do Sul);
  • Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo (São Paulo);
  • Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas/Fiocruz (Rio de Janeiro).

Um dos mais importantes ensaios clínicos da terceira fase que contribuiu para confirmar a eficácia e a segurança do Cabotegravir (HTPN 083) se realizou em 43 centros de pesquisa de seis países além do Brasil:

  • Estados Unidos;
  • Argentina
  • Peru;
  • Vietnã;
  • Tailândia;
  • África do Sul.

Os estudos concluíram que o Cabotegravir tem eficácia 69% maior que os medicamentos em comprimido tomados diariamente.

Gostou do novo método de prevenção do HIV?

Finalmente, para encerrar nosso post, vamos realçar que o Cabotegravir se revelou muito eficaz e seguro em dois testes clínicos com homens que praticam sexo com outros homens (HSH), com mulheres e com mulheres trans que realizam sexo com homens.

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AlexandreRemor

Alexandre Remor

Nascido em 1991, em Florianópolis, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015 e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Residência em Administração em Saúde no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Fanático por novos aprendizados, empreendedorismo e administração. Siga no Instagram: @alexandre.remor