Fala, pessoal! Tudo em cima por aí? Hoje é dia de falar sobre um dos assuntos mais corriqueiros da Neurologia, da Clínica Médica e da Geriatria: o quadro clínico e fisiopatológico da Doença de Alzheimer. E aí, tá preparado? Bora lá!
Vamos começar com um caso clínico.
Dona Rosita, 80 anos, vem acompanhada da filha na consulta. A filha se queixa de esquecimentos frequentes da mãe há 1 ano, diz que muitas vezes esquece o nome da filha.
A filha é sua principal cuidadora. Ela também se esquece do nome dos netos e também de alguns fatos, como do falecimento do marido, chamando-o pela casa esporadicamente.
Nas últimas semanas, se perdeu mais do que uma vez ao ir na padaria no quarteirão da frente e não se lembrou de levar o troco para casa.
Após conversar e questionar sobre alterações de humor, a filha refere que não são tão frequentes, mas que ocasionalmente sua mãe cochicha com ela pela casa dizendo para tomar cuidado com a vizinha, que às vezes entra para roubar coisas de sua casa.
Dona Rosita nega comorbidades.
Nesse ponto, você provavelmente já deve ter imaginado que esse quadro se encaixa em uma síndrome demencial. Mas primeiro, vamos diferenciar a demência propriamente dita de seus diagnósticos diferenciais.
Bom, primeiramente, devemos nos atentar à história trazida pela paciente e sua acompanhante. Precisamos avaliar se, além das queixas, há humor deprimido, apresenta outras comorbidades, se faz uso de medicações e se há algum prejuízo em suas atividades diárias.
Aqui, é importante dizermos que, dentro do que podemos considerar Envelhecimento Normal, é comum apresentar queixas de memória, uma vez que, com a idade, nossos processos de evocação tendem a ficar lentificados.
Para diferenciar esse caso de um processo normal, podemos ter como indicativo a perda da funcionalidade (que, no caso da nossa paciente, fica evidenciada na dificuldade em planejar rotas para ir até a padaria, já que se perde no caminho e também na dificuldade em lidar com finanças, pois esquece do troco).
É o diagnóstico mais frequente dentro das síndromes demenciais, acometendo cerca de 50-70% dos pacientes dessa síndrome. É uma doença que apresenta variedade em sua apresentação clínica e taxa de progressão. Geralmente, acomete 3 principais áreas:
– Memória: perda principal, mas não exclusiva;
– Linguagem: dificuldade em evocar palavras, nomear objetos e compreensão de leituras;
– Apraxia: dificuldade em realizar certos movimentos sob comando ou imitação;
– Agnosias: dificuldade em reconhecer objetos e familiares.
Um teste interessante para avaliar essas funções é o Mini Exame do Estado Mental (Mini-mental ou MEEM).
– Passividade;
– Hostilidade e agressividade;
– Delírios: podendo ser paranóides, (ex: acusa os vizinhos ou cuidadores de roubo, perseguição e etc);
– Distúrbios do ciclo sono-vigília;
– Alterações alimentares;
– Desinibição sexual.
– Básicas (se vestir, tomar banho, se alimentar, etc);
– Instrumentais (escovar os dentes, dirigir, cozinhar, etc).
Aqui temos as escalas Katz e Lawton para avaliar a independência do paciente.
É importante dizer que todos esses sintomas podem estar presentes na Doença de Alzheimer, mas não são exclusivos dela e muito menos estão presentes em todos os pacientes ou até mesmo em igual grau entre os pacientes.
A maioria dos casos da doença ocorre de forma esporádica, entretanto, em torno de 5% dos casos ocorrem de forma familiar, ou seja, antes dos 60-65 anos. Nesses pacientes, algumas alterações já foram encontradas:
Nos exames anatomopatológicos, o achado mais frequente é a atrofia cortical com perda neuronal, deposição de peptídeo β-amiloide sob a forma de placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares contendo proteína tau hiperfosforilada no exame microscópico, sendo o acúmulo de peptídeo β-amiloide o principal fator fisiopatológico da Doença de Alzheimer.
Agora que já terminou de ler o texto sobre o quadro clínico e fisiopatológico da Doença de Alzheimer, quer conferir mais assuntos como esse? Então, por que não curte a nossa página no Facebook e segue a gente lá no Instagram pra ficar antenado e não deixar nada passar? Pra cima!
Bianca Bolonhezi. Nascida em São Paulo/SP em 1996, formou-se em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC em 2020. Apaixonada pelo comportamento humano e seus desdobramentos. Uma ávida leitora que, no meio de tantos livros, se encantou pela educação.