Entendendo a anatomia do raio-x de abdome

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Fala, turma! Beleza? Hoje, é dia de falar sobre o raio-x de abdome. A cavidade abdominal contém muitos órgãos e estruturas de extrema importância na compreensão de grande parte das patologias. 

A tomografia ou a ressonância magnética oferece um leque maior para o estudo, mas não dá jamais subestimar o valor do raio-x de abdome e deixar de lado a habilidade de utilizá-lo. Para isso, domine a anatomia normal do abdome e identifique quando há algo de errado.

Muitos radiologistas acreditam que a radiografia de abdome é um método quase morto, enquanto outros ainda dão muito valor à interpretação. A verdade é que, apesar de menos moderna, a radiografia de abdome ainda pode ser muito útil se for indicada corretamente, aproveitando todo o potencial.

Principais aplicações da radiografia de abdome

Como já falamos, outros exames de imagens são mais utilizados em determinados casos e complexidades. Porém, falando exclusivamente do raio-x de abdome, existem alguns quadros clínicos indicados: 

  • abdome agudo perfurativo: a radiografia abdominal em ortostase e/ou o RX de tórax em ortostase é muito sensível para a detecção de pneumoperitônio (2-3 ml de gás), por isso, faz parte da rotina radiológica de avaliação do abdome agudo ainda hoje;
  • abdome agudo obstrutivo: a radiografia abdominal é muito útil para determinar se há ou não obstrução intestinal. A principal desvantagem na avaliação do abdome agudo obstrutivo é que ela perde muito da tomografia por não ajudar na definição da causa da obstrução na maior parte das vezes;
  • cálculos urinários: apesar da sensibilidade bem menor que a tomografia, a radiografia permite acompanhar cálculos radiodensos, por vezes, evitando tomografias repetidas;
  • corpo estranho: é muito útil em Pediatria. A radiografia abdominal permite identificar o corpo estranho (caso seja radiopaco), estimar a localização e acompanhar a progressão no trato gastrointestinal.

Técnica básica do raio-x de abdome

A técnica básica da radiografia abdominal é a aquisição da imagem em projeção anteroposterior (AP) com o paciente em decúbito dorsal. Caso haja suspeita de pneumoperitônio (abdome agudo perfurativo) ou obstrução intestinal, pode-se adquirir uma incidência adicional em ortostase. 

A ortostase ajuda no deslocamento superior do gás fora das alças, na melhor identificação do pneumoperitônio e na identificação de níveis hidroaéreos no interior de alças intestinais obstruídas. 

Na prática, quase sempre a “rotina do abdome agudo” será solicitada, composta por uma radiografia do tórax em PA, radiografias do abdome em decúbito dorsal e em ortostase. 

Anatomia do abdome

No hipocôndrio direito, observa-se o contorno hepático, o que permite identificar uma hepatomegalia, por exemplo. Já no hipocôndrio esquerdo, pode-se identificar o contorno esplênico, em que se deve procurar por sinais de esplenomegalia. 

Nas regiões paravertebrais, logo abaixo das últimas costelas, são vistas as sombras renais (esquerda um pouquinho mais alta, geralmente) e as sombras dos músculos psoas maiores. 

Cálculos renais grandes e densos costumam aparecer no raio-x de abdome, sendo indicado no caso de nefrolitíase. Não dá para ver os contornos do pâncreas, mas é possível inferir a localização, o que permite ver algumas alterações, como calcificações pancreáticas na pancreatite crônica.

Anatomia do estômago

Com bastante qualidade, é possível avaliar a distribuição dos gases intestinais nos órgãos ocos. O estômago pode ou não conter gás. Geralmente, observa-se em pequena quantidade, o que chama-se bolha gástrica, que fica localizada normalmente no hipocôndrio esquerdo, abaixo da cúpula diafragmática esquerda.

O intestino delgado apresenta quase nenhum gás normalmente (exceto nas crianças, que choram e engolem bastante ar). O intestino grosso constitui a moldura da radiografia abdominal. Os cólons têm posição periférica e geralmente são preenchidos por gás e fezes.

Além da característica posição no abdome, é possível identificar alças cólicas pela assinatura, haustrações, saculações identificadas como pregas incompletas nas paredes dos cólons.

Cúpulas diafragmáticas

Atente-se às cúpulas diafragmáticas, pois, muitas vezes, ali identifica-se um pneumoperitônio, que geralmente representa a perfuração de uma víscera oca. As principais causas são:

  • úlcera gástrica perfurada;
  • apendicite/diverticulite perfurado;
  • pós-operatório (deiscência de anastomoses);
  • trauma de víscera oca. 

O  pneumoperitônio é identificado com maior facilidade nas imagens em ortostase (raio-x de abdome ortostático ou raio-x de tórax ortostático), como um acúmulo de gás abaixo das cúpulas diafragmáticas.

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MuriloCampos

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