Retinoblastoma: tudo que você precisa saber

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O retinoblastoma é o tumor intraocular primário mais comum em crianças. Pode afetar um ou os dois olhos do portador, sendo identificado principalmente pela leucocoria. Foi o primeiro câncer a ser classificado como uma doença genética.

Quanto mais cedo o tumor é identificado, maiores são as chances do tratamento ser bem-sucedido. Sendo assim, é muito importante saber mais sobre a doença para estar apto a lidar com situações como essa. Neste texto, vamos abordar tudo sobre retinoblastoma. Então, continue por aqui e saiba mais!

Descrição da doença

Para começar, vamos definir de forma mais detalhada o que é retinoblastoma. Esse tipo de tumor é muito raro, representa cerca de 3% de todas as neoplasias pediátricas. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, 2/3 dos casos são diagnosticados antes dos 2 anos de idade, e 95% antes dos 5.

O retinoblastoma pode ser esporádico, quando uma célula sofre mutação e se multiplica. Normalmente, essa forma da doença aparece em crianças com mais de um ano e corresponde a cerca de 60% a 75% dos casos.

O câncer também pode ser hereditário. Isso acontece quando o paciente herda mutações germinativas do gene BR1 de um dos pais. Nessas situações, o tumor desenvolve-se em crianças com menos de um ano. 

Tipos de retinoblastoma

Existem três tipos de retinoblastoma: unilateral, bilateral ou trilateral. Para ajudar você a identificar as formas clínicas da doença, vamos falar sobre as características de cada uma delas.

Unilateral

No retinoblastoma unilateral, o tumor intraocular atinge apenas um olho. Em 85% dos casos, a causa é esporádica e afeta crianças com mais de um ano.

Bilateral

Nesta variação, os dois olhos são afetados, e grande parte dos casos tem causa hereditária. Portanto, a maioria dos diagnósticos são referentes a crianças com menos de um ano.

Trilateral

O retinoblastoma trilateral também é chamado de retinoblastoma PNET (tumor neuroectodérmico primitivo). Ele ocorre quando uma criança que já tem o tumor hereditário nos dois olhos também é acometida por um tumor associado às células primitivas do cérebro.

Estadiamento

O estadiamento é uma forma de classificar a extensão do tumor e se ele afetou outros órgãos. Existem dois aspectos de estadiamento. O primeiro leva em consideração a extensão da doença ocular. O segundo avalia a extensão da doença extraocular.

Dessa forma, é possível categorizar os retinoblastomas como intraoculares, restritos ao olho, ou extraoculares, que se disseminaram pela cavidade ocular. Essas classificações são essenciais para planejar o tratamento da doença.

O sistema de estadiamento também aponta quais são as chances do tratamento ser bem-sucedido — em outras palavras, quais são as chances do olho afetado pelo tumor ser salvo.

Sintomas de retinoblastoma

O principal sintoma de retinoblastoma é a leucocoria, conhecida popularmente como “olho de gato”. Trata-se do reflexo da luz sobre a superfície do tumor. Porém, esse não é o único indício da doença. Outros sintomas são:

  • fotofobia;
  • estrabismo;
  • proptose;
  • redução da visão;
  • dor no olho;
  • pseudo-hipópio;
  • sangue na câmara anterior.

Diagnóstico

A biópsia é contraindicada para diagnosticar esse tipo de câncer. Isso porque pode haver disseminação extraocular do tumor. Portanto, é preciso recorrer a outras formas para obter um diagnóstico.

Os exames oftalmológicos de fundo de olho e teste do reflexo vermelho são os primeiros instrumentos utilizados para confirmar ou descartar suspeitas. Ao contrário do que muitos pensam, o TRV não deve ser feito apenas no período neonatal, mas de forma rotineira nas consultas pediátricas.

Exames de imagem, como ultrassonografia bidimensional, tomografia computadorizada e ressonância magnética, podem ajudar no diagnóstico. Eles exames são muito importantes para descartar outras causas da leucocoria.

Tratamento

As formas de tratamento de retinoblastoma podem variar mediante a gravidade de cada caso. No entanto, todas compartilham a mesma estratégia: eliminar o câncer, salvar a vida da criança, resguardar o globo ocular, preservar o máximo de visão e diminuir os riscos de uma reincidência do caso.

Basicamente, os tratamentos combinam terapias oftalmológicos, como a laserterapia e a crioterapia, com quimioterapia e radioterapia. Contudo, essa abordagem é indicada apenas para casos mais simples, em que não há disseminação extraocular.

A radioterapia externa pode aumentar o risco de deformidades faciais e outras neoplasias, portanto, é comum evitá-la. A quimioterapia também pode ser feita nos casos avançados.

Quando os tumores estão muito grandes e há ausência de visão no olho comprometido, a enucleação pode ser a única alternativa. De forma geral, escolher o tipo de tratamento depende das circunstâncias de cada caso.

Vale ressaltar que 90% dos casos de retinoblastoma tem cura. Quando diagnosticado precocemente, o prognóstico é bom, e a visão tende a ser preservada, principalmente nos casos unilaterais.

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GabrielTrava Dugaich

Gabriel Trava Dugaich

Nascido em 1995 no interior de São Paulo, médico formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) em 2020. Residência médica de pediatria da USP - SP. Apaixonado por compartilhar a medicina que aprendo com crianças.