Toque retal: como e quando realizar?

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Hoje é dia de conversar sobre um assunto que segue sendo um tabu para muitos médicos no pronto-socorro e que, apesar de nos dar informações valiosas, continua sendo negligenciado: o toque retal

Várias e várias vezes somos chamados por colegas clínicos apenas para realização do toque retal, como se fosse competência exclusiva de uma especialidade cirúrgica. Toque retal pode ser feito por qualquer um! O objetivo deste texto é que, até o final, vocês saibam quando é importante realizá-lo e o que ele irá agregar a sua avaliação. 

Como realizar o toque retal?

O primeiro ponto importante é o posicionamento, sendo o decúbito lateral com flexão da coxa em direção ao quadril (posição de sims) uma das mais adotadas. 

O segundo passo é a inspeção, a fim de identificar hemorroidas, fissuras, abscessos, condilomas, prolapsos, etc. Estes devem ser descritos conforme a ilustração abaixo, imaginando-se um relógio e seus horários para identificar o posicionamento do que foi observado. 

Por fim, realizamos o toque retal, de modo que todas as paredes do canal anal devem ser exploradas e que possamos observar tônus esfincteriano, sangue, hemorroidas internas, fecalomas, massas, consistência e tamanho da próstata. É sempre importante comunicar ao paciente todos os passos do exame. 

toque retal
Figura 2: Referência para descrição do exame retal.  Disponível em: https://medical-junction.com/anal-fissure-definition-clinical-features-management/.

Quando realizar o toque retal?

Focando numa avaliação no departamento de emergência, vocês podem ter certeza de que, ao descrever o exame físico de determinada patologia para seus chefes, uma das primeiras perguntas será: ”e o toque retal?”

Sendo assim, vamos elencar seis situações em que você não pode deixar de realizá-lo:

  1. Hemorragia digestiva: realizar o toque para identificar presença ou ausência de sangue vivo ou melena no canal anal; hemorroidas;
  2. Obstrução intestinal: importante realizar o toque para identificar a presença ou ausência de fezes na ampola retal; fecaloma (se presente pode ser realizado a sua quebra); massas.
  3. Abscesso anal/perianal: realizar o toque para identificar presença ou ausência de fístula, além da sua extensão e posicionamento;
  4. Suspeita de doença inflamatória pélvica aguda (MIPA): dor intensa à palpação do fundo de saco de Douglas;
  5. Sintomas do trato urinário inferior (LUTS): realizar o toque para avaliação da próstata;
  6. Trauma contuso com fratura pélvica: a palpação de uma próstata alta (flutuante) é sugestivo de lesão da uretra posterior.

Curtiu saber mais sobre o assunto?

Espero ter esclarecido as dúvidas em torno do toque retal! Aqui no nosso blog, disponibilizamos uma série de conteúdos que podem fazer a diferença na sua prática médica, tanto com foco em Medicina de Emergência quanto na preparação para as provas de residência médica, então continue de olho!

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Hoje ficamos por aqui, pessoal! Até a próxima!

Referências

  1. Michael S Runyon. Blunt genitourinary trauma: Initial evaluation and management. Disponível AQUI.
  2. David B Stewart. Approach to adult patients with anorectal complaints. Disponível AQUI.

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MatheusCarvalho Silva

Matheus Carvalho Silva

Matheus Carvalho Silva, nascido em 1993, em Coronel Fabriciano (MG), se formou em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência em Cirurgia Geral na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).