Tratamento da comunicação interatrial: tudo que você deve saber

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Fala, pessoal! Tudo certo? No texto de hoje, vamos conversar um pouco sobre o tratamento da comunicação interatrial. E aí, ficou curioso para entender melhor esse assunto? Então, continue a leitura com a gente! Vamos lá!

Para começar a falar sobre o tratamento da comunicação interatrial…

As comunicações interatriais correspondem a, mais ou menos, 7% dos defeitos cardíacos congênitos. Esse número fica mais expressivo quando levamos em conta que 1 em cada 100 nascidos vivos terão alguma cardiopatia congênita. 

Sabemos que a CIA pode passar despercebida em muitos casos e que é incomum que ela traga repercussão durante a infância, no entanto, na vida adulta, uma CIA pode ser causa de insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar. Então, apesar de não ser uma urgência, não é algo que podemos subestimar. 

Como avaliar o hiperfluxo pulmonar? 

A CIA é uma doença que gera hiperfluxo pulmonar. Sabemos que podemos julgar um hiperfluxo por meio do Raio-X, então, uma trama pulmonar aumentada, com aumento de tronco pulmonar e aumento de câmaras direitas sugere uma doença tipo CIA. 

No entanto existe um conceito que nos ajuda a quantificar esse hiperfluxo que é o conceito de Qp/Qs. 

Vamos por partes: diante de um coração normal, sem comunicações ou qualquer outro defeito, podemos inferir que todo o sangue que chega ao coração do corpo é mandado pro pulmão, volta do coração e é mandado para o corpo e não há misturas nesse meio do caminho. Ou seja, o tanto de fluxo pulmonar (Qp) é igual ao fluxo sistêmico (Qs). 

Diante de uma doença em que o lado direito recebe sangue que não deveria do lado esquerdo (na CIA, inicialmente se espera que o fluxo seja esquerda para direita, ou seja, sangue que já deveria estar indo pro corpo, volta para o pulmão novamente) temos o fluxo pulmonar maior que o sistêmico e portanto Qp/Qs >1.  

Esse é um dado mais objetivo para avaliar a repercussão e possíveis evoluções de uma CIA. Esse dado pode ser tanto obtido por ecocardiograma ou pelo cateterismo. 

Frente a um diagnóstico de CIA, qual a indicação de intervenção? 

Está indicada à intervenção para todos os pacientes sintomáticos e nosassintomáticos que tiverem sobrecarga de volume de câmaras direitas (aquele paciente que tem ventrículo direito dilatado) ou naqueles com relação Qp/Qs aumentada (o Tratado de Pediatria, Nelson, fala acima de 2).  

Paciente com CIA pequena sem repercussão é consenso de que o fechamento não é necessário, não se sabe o quanto à presença dessa CIA pequena poderia estar relacionada a um risco aumentado de AVC ao longo da vida, e nem se o risco de indicar a correção compensaria o benefício. 

Por exemplo, um forame oval patente isolado. Não é uma doença, mas em alguém jovem que tem AVC, poderia ser indicado o fechamento. Então, aquele clássico: temos o grosso, mas cada caso é um caso e o risco X benefício sempre deve ser considerado. 

Quando intervir? 

Parece um pouco intuitivo que quanto mais velho melhor, mas não necessariamente. 

O ideal é que seja depois do primeiro ano e antes de entrar na escola (mais ou menos antes dos 5 anos). Isso porque a mortalidade e a morbidade de se operar adulto é maior, e o risco de arritmia a longo prazo operando adulto também é maior. 

Como é a CIA é abordada? 

Uma CIA pode ser corrigida pela via cirúrgica habitual ou pode ser fechada por meio de hemodinâmica. O fechamento percutâneo é menos invasivo e é o tratamento de escolha sempre que possível. 

Uma questão interessante é que as bordas da CIA devem ser bem avaliadas, porque quando é indicado o fechamento por hemodinâmica, o médico entra por acesso transvenoso com um dispositivo fechado. 

Então, é como se um guarda-chuva fosse aberto em um dos lados da CIA, o que irá obstruir a passagem de sangue. No entanto, para essa prótese ficar fixa, ela tem que ter onde estar presa, se o buraco é muito grande, o hemodinamicista abre e ela fica solta. 

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Referências 

  • Cardiologia Pediátrica, 2ª edição Editora Manole 
  • Tratado de Pediatria, Nelson 18ª Edição 
  • Marcelo Silva Ribeiro, et al. Factibilidade, segurança e eficácia do fechamento percutâneo da comunicação interatrial em crianças pequenas. Rev. Bras. Cardiol. Invasiva 21 (2) • Jun 2013 • https://doi.org/10.1590/S2179-83972013000200014  

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AmandaMendes Cruzera

Amanda Mendes Cruzera

Nascida em 1992 em São Paulo, médica formada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em 2018. Residência em Pediatria na mesma instituição