Tratamento da síndrome de Bouveret: saiba mais!

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Fala, pessoal! Chegamos ao nosso último texto da série sobre essa patologia, hoje é dia de falar sobre o tratamento da síndrome de Bouveret. Só falta mais essa parte para vocês ficarem craque no assunto, então acompanhem! Caso não tenha lido nada sobre, temos textos sobre o quadro clínico e o diagnóstico dessa doença, confira!

Tratamento da síndrome de Bouveret

E sim, vamos precisar tratar ativamente, pois a taxa de resolução espontânea dessa obstrução é muito baixa e o tratamento conservador não é indicado.

Inicialmente, vamos tentar uma abordagem menos invasiva, com tentativa de retirada do cálculo via endoscopia, podendo associar litotripsia e lasers para diminuir o tamanho da pedra. 

Esse tipo de tratamento diminui a mortalidade de 17% das abordagens cirúrgicas para 1,4% (lembra que o nosso paciente aqui costuma ser bem idoso), porém, tem taxas de sucesso inferiores aos tratamentos mais agressivos – cerca de 43%, apenas.

Vale ressaltar que, se optado pela endoscopia, pode ser necessário mais de uma sessão do exame e que, pedras menores que não forem retiradas podem causar nova obstrução intestinal, principalmente na válvula íleo-cecal (o famoso íleo-biliar, lembra?).

Porém, é de se esperar que, com o avanço das tecnologias e especialização dos médicos em procedimentos minimamente invasivos, essa técnica progrida e consiga superar a cirurgia.

Por conta disso, a cirurgia ainda é amplamente difundida nessa patologia. O grande problema aqui, como já dito, é que a maioria dos nossos pacientes serão idosos e não terão status cirúrgico bom, tornando a mortalidade alta.

No intraoperatório, identificamos o local do cálculo e retiramos com incisão no trato digestivo. A colecistectomia com correção da fístula é questionável pelo aumento de tempo cirúrgico e risco de complicações pós-operatórias em pacientes, na sua maioria, idosos e com comorbidades. 

Dessa forma, essa abordagem cirúrgica é avaliada caso a caso e não há um consenso entre os especialistas.

Para tentar diminuir os riscos de uma cirurgia aberta, há casos relatados de resolução por videolaparoscopia como via preferível, com tratamento efetivo da síndrome, porém sem ampla aceitação no meio médico.

E pra finalizar, costumamos ter pressa nesses casos pois a principal complicação é a perfuração intestinal pela obstrução, o que levaria a uma cirurgia muito mais complexa e aumento da mortalidade dos pacientes acometidos.

Ficamos por aqui!

É isso por hoje, galera. Espero que vocês tenham aprendido e entendido o tratamento da síndrome de Bouveret! E também é o último texto sobre a síndrome.

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Até a próxima.

Referências

Anisha R. Turner, et al. Bouveret Syndrome (Bilioduodenal Fistula). National Library of Medicine. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430738/

João Victor Vecchi Ferri, et al. Síndrome de Bouveret: abordagem cirúrgica não definitiva. Relatos de casos cirúrgicos – CBC. https://relatosdocbc.org.br/detalhes/131/sindrome-de-bouveret–abordagem-cirurgica-nao-definitiva

Rodrigues, I. L. M.; Síndrome de Bouveret e seu diagnóstico por imagem. RADIOLOGIA BRASILEIRA. http://www.rb.org.br/detalhe_artigo.asp?id=3072&idioma=Portugues 

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LizandraRener Cavioli

Lizandra Rener Cavioli

Médica pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro com residência em Cirurgia Geral pela Unifesp.