Saiba tudo sobre a síndrome neuroléptica maligna

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A síndrome neuroléptica maligna tem causa desconhecida, porém é associada ao uso de neurolépticos. As primeiras manifestações surgem em duas semanas de utilização. Embora em casos raros, pode apresentar risco à vida do paciente. 

São quatro pilares que, em conjunto, caracterizam a síndrome neuroléptica: estado mental alterado, rigidez muscular, disautonomia e hipertermia. Agora que ficou claro os principais sintomas, entenda o que é a síndrome neuroléptica maligna e quais são as características. 

A síndrome neuroléptica maligna torna-se um diagnóstico viável para pacientes que iniciaram tratamento medicamentoso com antagonistas dopaminérgicos. Os neurolépticos são os mais comuns, porém outras medicações também podem ser o ponto de partida, como metoclopramida, prometazina e domperidona.

Sintomas clínicos da síndrome neuroléptica 

Como já mencionado, é comum que os sintomas se manifestem nas primeiras duas semanas. Contudo, apesar da doença ser idiossincrática, os sintomas podem se apresentar na primeira vez de utilização ou até após anos de uso.

Para identificar a síndrome neuroléptica maligna em pacientes com psicose, é preciso ter base nos achados clínicos e jamais negligenciar as manifestações. Isso vale principalmente no caso da alteração mental, pois, muitas vezes, os sintomas são apresentados precocemente e erradamente desconsiderados

Confira o quadro de sintomas da síndrome neuroléptica maligna tendo em mente que o primeiro é a mudança de estado mental, como um delirium, podendo progredir para letargia ou indiferença. A rigidez muscular também é característica, muitas vezes, com tremor simultâneo.

  • Febre alta, acima de 39ºC;
  • Sensação de falta de ar;
  • Rigidez muscular;
  • Batimentos cardíacos irregulares e rápidos;
  • Dificuldade para movimentar os braços e as pernas;
  • Alterações mentais, como confusão, agitação ou desmaio;
  • Aumento da transpiração;
  • Rigidez muscular, acompanhada de tremores;
  • Incontinência dos esfíncteres;
  • Alterações bruscas da pressão arterial.

Algumas pontuações foram percebidas na síndrome neuroléptica maligna, principalmente quando existe a rigidez muscular, porque pode aumentar exponencialmente a CPK. Outra condição encontrada é a leucocitose, inclusive com desvio à esquerda. 

Outros distúrbios semelhantes à síndrome neuroléptica

É preciso ficar atento aos sintomas porque outros distúrbios podem se apresentar de forma semelhante. Um exemplo é a síndrome serotoninérgica, que causa rigidez, hipertermia, hiperatividade autonômica, hiperreflexia e, às vezes, mioclonia.

Outros distúrbios semelhantes à síndrome neuroléptica maligna são a hipertermia maligna e a suspensão do baclofeno intratecal, sendo necessário levar em consideração o histórico do paciente.

Nesse quadro de problemas semelhantes à síndrome neuroléptica, ainda estão a sepse, a pneumonia e a infecção no sistema nervoso central. Isso porque também podem alterar o estado mental do paciente, causar hipertermia, taquipneia e taquicardia.

Quem tem maior risco a síndrome neuroléptica

Ao longo do artigo, você aprendeu o que é a síndrome neuroléptica maligna, quais são os sintomas e quais outros distúrbios têm manifestações clínicas semelhantes. Entretanto, afinal, quais pacientes têm maior risco de apresentar a síndrome neuroléptica?

Baseado em casos clínicos, não é possível prever quais pacientes podem desenvolver. Apesar disso, tornam-se potencialmente dispostos aqueles que usam doses elevadas de medicações neurolépticas.

Como realizar o diagnóstico da síndrome neuroléptica maligna

O diagnóstico da síndrome neuroléptica maligna é realizado sob supervisão médica. Nela, é feita a análise do histórico e o mapeamento das medicações do paciente, ou seja, é um diagnóstico de exclusão.

No momento da detecção, deve-se excluir diagnósticos diferenciais, listados no quadro acima, como o caso de meningoencefalites, lesões estruturais intracranianas e intoxicações.

As primeiras investigações solicitadas são: hemograma completo, creatina quinase sérica, perfil metabólico básico e tomografia computadorizada (TC) cranioencefálica. O ferro sérico também deve ser mapeado, e a investigação por eletroencefalograma (EEG) deve ser realizada.

Após o diagnóstico, inicia-se a fase do tratamento

O primeiro passo para o tratamento do diagnóstico da síndrome neuroléptica é retirar o agente causador do distúrbio. Geralmente, isso é feito pela intervenção médica, em que o paciente fica hospitalizado na Unidade de Terapia Intensiva.

O tratamento da síndrome neuroléptica maligna configura em realizar um resfriamento rápido do paciente, controlar a agitação e adotar outras medidas de suporte agressivo.

O controle da agitação do paciente é feito com ajuda de benzodiazepínicos em altas doses, já que a suspensão do agente causador, ou seja, do antipsicótico, foi feita. Em alguns casos, o auxílio da intubação traqueal e o coma induzido podem ser necessários.

Apesar da eficácia não comprovada em estudos clínicos, recorre-se à utilização de alguns medicamentos em determinadas situações: dantrolene, para hipertermia, bromocriptina, para recuperar a atividade dopaminérgica, e amantadina. 

O médico também pode recorrer a outros auxílios para recuperar o paciente, como o uso de técnicas de eletroconvulsoterapia, agindo diretamente na atividade elétrica do cérebro, e a plasmaférese, atuando no sangue. 

Possíveis complicações com a evolução da síndrome

Quando não diagnosticada, se o tratamento é tardio ou até por outros motivos clínicos, é possível que a síndrome evolua apresentando um quadro mais grave, como redução do oxigênio no corpo, insuficiência dos rins, convulsão, pneumonia e até embolia pulmonar.

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CaioDisserol

Caio Disserol

Paranaense nascido em 1990. Formado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) de Curitiba em 2014. Residência em Neurologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Palo (HCFM-USP), concluída em 2019. No HCFM-USP, experiência como preceptor dos residentes entre 2019-2020. Concluiu um fellowship em Neuroimunologia em 2021. Experiência como médico assistente do departamento de Neuropsiquiatria do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR). "As doenças são da antiguidade e nada se altera sobre elas. Somos nós que mudamos na medida em que estudamos e aprendemos a reconhecer o que antes era imperceptível."