Ultrassonografia do rim: confira a anatomia normal

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Fala, pessoal! Tudo beleza com vocês?! Neste texto, vamos tratar da ultrassonografia do rim, mostrando qual é a anatomia normal!

Vamos fazer aqui uma abordagem diferente da anatomia renal. Estudada desde o início do curso de Medicina, sabemos como esse conhecimento é importante para diversas áreas de atuação. 

Neste artigo, vamos analisar como os rins são visualizados na ultrassonografia, apresentando sua morfologia e características próprias.

Vamos juntos, então?!

A morfologia do rim e suas relações: a base para análise

Primeiramente, para analisarmos a anatomia do rim pela USG, temos que entender sobre sua localização, relações e morfologia. 

Os rins localizam-se nos flancos e são retroperitoneais. Morfologicamente, alguns autores consideram que eles possuem um formato de “feijão”, tendo, então, dois pólos e um centro, que é o seio renal e contém pelve renal, vasos sanguíneos, cálices e linfáticos.  

Os rins possuem o córtex e a medula renal. No córtex, encontram-se os néfrons que são a unidade funcional do rim. A medula renal, por sua vez, é formada pelas pirâmides renais, que convergem para as papilas renais e por fim na pelve renal, levando assim a urina produzida.

Legenda: Imagem representativa do rim apresentando suas estruturas anatômicas. Fonte: Atlas de anatomia Netter página 560.
Imagem representativa do rim apresentando suas estruturas anatômicas. Fonte: Atlas de anatomia Netter página 560.

A cápsula renal envolve a superfície do órgão e se distingue da USG quando, por exemplo, há um acúmulo de líquido (geralmente, não é visualizada). 

Envolvendo os dois rins e a gordura perirrenal, está a fáscia renal ou fáscia de Gerota, a qual também não é bem observada pela USG. 

No terço inferior da fáscia de Gerota, temos uma via de comunicação com os demais espaços retroperitoneais, favorecendo disseminação de patologias do para o rim ou destes para outros órgãos.

Anteriormente aos rins estão: o pâncreas, porções do duodeno e cólons. Posteriormente, os órgãos são limitados pela fáscia transversal. 

Superiormente ao rim direito, encontra-se o fígado, e ao rim esquerdo, o baço. Isso justifica a maior facilidade de avaliar o rim direito, visto que, para ele, utilizamos o fígado como janela acústica. 

Por essa localização dos rins, estes são muito suscetíveis à movimentação respiratória, então, podemos utilizar a inspiração do paciente para facilitar a sua visibilização.

E como isso aparece na ultrassonografia do rim?

O seio renal, onde observamos os vasos e tecido adiposo, tem alta ecogenicidade (mais branco na imagem). Já o parênquima do rim (córtex e medula) apresenta uma ecogenicidade inferior ao fígado, sendo as pirâmides renais ainda mais hipoecóicas (imagem mais preta). 

Legenda: Ultrassonografia do rim direito apresentando o córtex renal hipoecóico (em azul), o seio renal que é hiperecogênico (em roxo) e a sua relação com o fígado (em vermelho).
 Ultrassonografia do rim direito apresentando o córtex renal hipoecóico (em azul), o seio renal que é hiperecogênico (em roxo) e a sua relação com o fígado (em vermelho). Fonte:  Tratado de radiologia : InRad HCFMUSP, volume 2 : pulmões coração e vasos : gastrointestinal : uroginecologia. Pág.  1143, 1144, 1145

Na infância, o rim apresenta um córtex significativamente mais hiperecóico (mais branco) que a medula na ultrassonografia. 

Nos idosos, vemos a diferenciação corticomedular sendo gradualmente reduzida, pois há uma deposição de material fibroso na medula do rim, assim fazendo as pirâmides se tornarem mais ecogênicas.

Legenda: Ultrassonografia do rim na infância apresentando o córtex renal hiperecogênico (em azul) e a pirâmide renal hipoecogênica (em roxo).
Fonte: https://radiologykey.com/imaging-techniques-4/
Ultrassonografia do rim na infância apresentando o córtex renal hiperecogênico (em azul) e a pirâmide renal hipoecogênica (em roxo). Fonte: https://radiologykey.com/imaging-techniques-4/

O sistema coletor, em geral, é melhor caracterizado quando há um certo grau de ectasia, seja fisiológica por um acúmulo de urina na bexiga, quanto por uma obstrução ureteral. 

A urina vai aparecer como um conteúdo anecóico (preto) no interior do sistema pielocalicinal, como veremos abaixo:

Legenda: Ultrassonografia do rim direito apresentando grupamentos calicinais superior (azul), médio (roxo) e inferior (vermelho), bem como a pelve renal (amarelo) que encontram-se com importante ectasia, notando-se conteúdo anecóico no seu interior.
Fonte: Tratado de radiologia : InRad HCFMUSP, volume 2 : pulmões coracao e vasos : gastrointestinal : uroginecologia
Ultrassonografia do rim direito apresentando grupamentos calicinais superior (azul), médio (roxo) e inferior (vermelho), bem como a pelve renal (amarelo) que encontram-se com importante ectasia, notando-se conteúdo anecóico no seu interior. Fonte: Tratado de radiologia : InRad HCFMUSP, volume 2 : pulmões coracao e vasos : gastrointestinal : uroginecologia

Quanto à vascularização renal, sabemos que o rim é irrigado pela artéria renal, seguindo para as artérias interlobares, artérias arqueadas, artérias interlobulares e as arteríolas aferentes, que levam aos capilares glomerulares. 

Essas estruturas podem ser visibilizadas pelo Doppler arterial, inclusive sendo utilizadas para a avaliação de estenose de artérias renais.

Legenda: Vascularização do rim.
Fonte:  Atlas de anatomia Netter pág. 563
Vascularização do rim. Fonte:  Atlas de anatomia Netter pág. 563
Legenda: Imagem em Power Doppler demonstrando a vascularização renal da artéria segmentar (S), artéria interlobar (I) e artéria arqueada (Ar).
Fonte: Livro Ultra-sonografia do Abdome. Cerri, G.G. Editora Revinter. pág.43.
Imagem em Power Doppler demonstrando a vascularização renal da artéria segmentar (S), artéria interlobar (I) e artéria arqueada (Ar). Fonte: Livro Ultra-sonografia do Abdome. Cerri, G.G. Editora Revinter. pág.43.

Uma variante anatômica comum que “modifica” a anatomia do rim e pode levar à confusão, com processos expansivos durante a ultrassonografia, é a hipertrofia da coluna de Bertin. 

Essa alteração nada mais é do que a extensão de tecido cortical que separa as pirâmides renais, podendo ser diferenciada de uma lesão, pois a mesma está em continuidade com o parênquima cortical renal e os contornos renais estão preservados.

Legenda: Ultrassonografia do rim direito apresentando imagem abaulada, que está em contiguidade com o córtex renal, possuindo sua mesma ecogenicidade, sem alteração dos contornos renais, tratando-se de uma hipertrofia da coluna de Bertin. Lembrando que esta alteração é mais comum à esquerda!
Fonte: Tratado de radiologia : InRad HCFMUSP, volume 2 : pulmões coracao e vasos : gastrointestinal : uroginecologia
Ultrassonografia do rim direito apresentando imagem abaulada, que está em contiguidade com o córtex renal, possuindo sua mesma ecogenicidade, sem alteração dos contornos renais, tratando-se de uma hipertrofia da coluna de Bertin. Lembrando que esta alteração é mais comum à esquerda! Fonte: Tratado de radiologia : InRad HCFMUSP, volume 2 : pulmões coração e vasos : gastrointestinal : uroginecologia

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LuisEduardo Souza

Luis Eduardo Souza

Nascido em 93 no meu país que se chama Pará. Graduado em medicina pela Universidade do Estado do Pará e formado em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pelo Hospital Porto Dias em 2020. Apaixonado por radiologia, investimentos e interações sociais, não necessariamente nessa ordem.