Vacina da dengue no calendário vacinal: saiba mais!

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Hoje vamos falar sobre um tema que tem sido bastante discutido por profissionais de saúde e pela mídia: a possível inclusão de uma nova vacina contra a dengue no calendário vacinal do Sistema Único de Saúde. 

Como bem sabemos, a vacinação é uma das medidas mais importantes para a prevenção de doenças infecciosas e, no Brasil, a dengue é uma das principais doenças transmitidas por mosquitos, representando um grande desafio para a saúde pública. 

Volta e meia temos surtos da doença, causando sintomas importantes, incapacitantes e até o óbito dos pacientes.

Por essas razões, é essencial que as autoridades de saúde estejam atentas às novas possibilidades de prevenção e tratamento. Nesse contexto, o Ministério da Saúde tem estudado a inclusão de uma nova vacina no calendário do SUS, o que pode representar uma importante conquista para a saúde pública brasileira. 

Vamos falar um pouco mais sobre essa iniciativa e dar uma boa revisada em alguns temas importantes, como a própria dengue e a prevenção primária de doenças, além de falar sobre essa nova vacina. 

Dengue 

A dengue é uma doença infecciosa transmitida pelo mosquito Aedes aegypti (também transmissor de outras doenças como a zika e a chikungunya). É um agravo endêmico no Brasil e apresenta sintomas como: 

  • febre alta;
  • dores musculares;
  • cefaléia;
  • náuseas e vômitos;
  • diarreia;
  • sangramentos. 

Em alguns casos pode evoluir para formas mais graves, como a dengue hemorrágica, com possibilidade importante de óbito. 

Quando atendemos pacientes com casos suspeitos ou confirmados, precisamos classificar em um dos quatro grupos, que definirão melhor o nosso nível de vigilância e abordagens terapêuticas:

  • grupo A: sem nenhuma manifestação hemorrágica ou sinal de alarme;
  • grupo B: manifestações hemorrágicas, prova do laço positivo, gestantes, pacientes com comorbidades ou em algum risco social, ainda sem sinais de alarme;
  • grupo C: sinais de alarme, mas sem manifestações de gravidade;
  • grupo D: sinais de alarme e sinais de choque, podendo ter manifestações hemorrágicas graves.

A medicina preventiva

E onde entra a nossa querida medicina preventiva? Lembrem-se do olhar da saúde coletiva e populacional. Ou seja, uma abordagem para a promoção da saúde e prevenção de doenças. 

Ao invés de focar apenas no tratamento de agravos já instalados, buscamos prevenir o surgimento destes através de medidas como proteção específica e promoção da saúde (a famosa prevenção primária). 

A proteção específica inclui exemplos como a vacinação, tema de nosso texto, como forma de prevenir doenças infecciosas. Ela atua especificamente (como o nome bem diz) como uma doença ou outra. 

Já a promoção da saúde envolve ações mais amplas, como a melhoria do saneamento básico e a educação em saúde para a população.

A prevenção primária é importante para evitar o surgimento de doenças, melhorar a qualidade de vida da população e reduzir os custos do sistema de saúde. 

No caso da dengue, é fundamental para reduzir o número de casos e evitar complicações graves/óbitos.

Há muitos anos as principais formas de prevenção adotadas pelas autoridades de saúde passam pela eliminação dos criadouros do mosquito transmissor, como água parada em recipientes, limpeza de caixas d’água e uso de repelentes, além de educação populacional.

Aí entra o nosso tema de hoje: a nova vacina pode ser uma importante ferramenta, contribuindo para reduzir a incidência da doença e suas complicações. Os vacinados também podem desenvolver casos mais leves quando infectados. 

A vacina da dengue

O novo imunizante, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 2 de março de 2023, chama-se Qdenga e foi desenvolvido por um laboratório japonês, que afirma ter obtido uma eficácia geral acima de 80% após 12 meses de aplicação, além de uma importante redução nas hospitalizações. 

A vacina foi aprovada tanto para quem teve a doença quanto para aqueles que já a tiveram, evitando novas infecções mais graves. A ideia é que seja aplicado a partir dos quatro anos de idade até os 60 anos, no Programa Nacional de Imunizações (PNI). 

Outro detalhe: os quatro sorotipos da dengue (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4) estão inclusos na proteção! Isso é importantíssimo, já que quando alguém é infectado por um sorotipo específico, desenvolve imunidade apenas para aquele sorotipo específico, e não para os outros três. 

Isso significa que uma mesma pessoa pode ser infectada mais de uma vez, por diferentes sorotipos, e a segunda infecção pode ser ainda mais grave do que a primeira.

Após a aprovação da Anvisa, o próximo passo é a aprovação pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e aí sim inclusão no PNI. 

Assim fica a vacina da dengue no calendário vacinal

A vacinação é uma das medidas mais importantes de prevenção de doenças infecciosas, e a dengue é uma das mais relevantes nesse contexto, devido a sua endemicidade, seu impacto na saúde pública e à sua prevalência no Brasil. A inclusão dessa nova vacina no calendário do SUS pode trazer grandes benefícios, como discutimos acima. 

Lembrem-se sempre de se manter atualizados sobre as novidades relacionadas à saúde pública e à prevenção de doenças, além das constantes atualizações no calendário vacinal, tanto para a prática clínica quanto para as provas de residência!

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Fontes

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue

https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programa-nacional-de-imunizacoes-vacinacao

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