Infelizmente, nos últimos tempos temos muitas notícias sobre violência contra profissionais de saúde. Observe: o noticiário fala sobre algum médico agredido por um paciente, o jornal online sobre um enfermeiro que sofreu ameaças, e assim por diante.
Mas essas situações jamais devem ser normalizadas. Na impossibilidade de evitá-las, porque nunca sabemos exatamente com quem vamos lidar em um atendimento, vale a pena se conscientizar sobre o assunto para tentar minimizar ao máximo um cenário violento.
Além disso, é interessante entender as motivações por trás dessas manifestações, para inclusive saber como interagir melhor com seu público. A seguir, destrinchamos esse tema tão sério e atual, para que você consiga visualizar melhor o que acontece e aprenda como reagir caso se torne uma vítima.
Os atos de violência contra profissionais de saúde se configuram como agressões verbais, físicas ou psicológicas dirigidas a médicos, enfermeiros, técnicos e outros trabalhadores do setor de saúde pública ou privada durante o desempenho de suas funções. Esses atos variam desde insultos e ameaças até ataques físicos, que podem causar danos corporais e emocionais aos profissionais.
A violência geralmente ocorre em diferentes contextos e ambientes. Por exemplo, hospitais, clínicas, ambulatórios, unidades de pronto atendimento e até em domicílios durante visitas médicas. O que coloca em risco a segurança e o bem-estar dos profissionais, além de afetar a qualidade do atendimento prestado aos pacientes e comprometer a eficiência dos serviços de saúde como um todo.
O perfil das vítimas de violência no setor de saúde é diversificado, mas certos grupos de profissionais estão mais suscetíveis a esses atos. Em geral, médicos, enfermeiros e atendentes de emergência são frequentemente os alvos principais devido à sua interação direta e constante com pacientes e familiares em situações de alta tensão emocional.
As mulheres profissionais de saúde, em especial, tendem a ser mais vulneráveis à violência, sofrendo agressões tanto verbais quanto físicas. Para completar, trabalhadores em setores de emergência, pronto-socorro e unidades de atendimento intensivo enfrentam um risco maior, devido ao ambiente caótico e às situações de pressão em que precisam tomar decisões rápidas, muitas vezes lidando com a insatisfação ou frustração de pacientes e familiares.
A violência contra profissionais de saúde é motivada por diversos fatores. Entre os principais fatores estão:
Questões como a demora no atendimento, falta de recursos, e resultados insatisfatórios dos tratamentos são razões frequentes para a frustração e a agressividade dos pacientes e seus acompanhantes.
A lotação de hospitais e clínicas, associada à falta de pessoal e à escassez de recursos, aumenta a tensão e a impaciência dos envolvidos, resultando em maior propensão a conflitos.
Quando a comunicação entre os profissionais de saúde e os pacientes não é clara ou adequada, gera mal-entendidos, levando à desconfiança e à irritação que, em alguns casos, se transformam em atos de agressão.
A violência também está ligada a fatores externos, como o estado emocional do paciente, condições sociais adversas, abuso de substâncias ou problemas de saúde mental, que aumentam a propensão a comportamentos agressivos.
Enfrentar a violência contra profissionais de saúde é um desafio que exige uma abordagem estratégica e multidisciplinar. É fundamental que as instituições de saúde implementem políticas de prevenção e proteção para garantir um ambiente seguro para seus trabalhadores. Nesse contexto, veja algumas estratégias que devem ser adotadas!
Oferecer treinamentos para que os profissionais saibam identificar sinais de agressividade e aprendam técnicas de desescalonamento para lidar com situações potencialmente violentas.
Promover uma comunicação clara e empática com os pacientes e seus familiares, explicando procedimentos e tempos de espera, reduz a frustração e a possibilidade de conflitos.
Investir em medidas de segurança, como a presença de seguranças em áreas de risco, sistemas de alarme, câmeras de vigilância e botões de pânico, ajuda a proteger os profissionais e a dissuadir comportamentos agressivos.
Garantir que os profissionais tenham suporte da administração para relatar casos de violência e que esses relatos sejam tratados com seriedade e agilidade, incentivando uma cultura de tolerância zero à violência no ambiente de trabalho.
Diante de uma situação de violência que não possa ser evitada, é crucial que o profissional de saúde adote medidas imediatas para proteger a si mesmo e para que as ações necessárias sejam tomadas de forma correta e segura. É preciso agir da seguinte maneira:
Registrar um boletim de ocorrência é uma etapa essencial após um episódio de violência. Esse procedimento oficializa a denúncia, permitindo que as autoridades policiais e judiciais possam tomar as medidas cabíveis contra o agressor.
O registro do boletim de ocorrência também serve como uma forma de documentar o incidente, que pode ser utilizado em investigações internas da instituição de saúde e como evidência em possíveis processos legais.
Após um episódio de violência, o impacto emocional nos profissionais de saúde é significativo. É importante que esses trabalhadores recebam suporte emocional adequado, que inclui aconselhamento psicológico, com sessões de terapia para ajudar o profissional a lidar com o estresse, medo, ansiedade e traumas decorrentes da agressão.
Ou ainda a participação de grupos de apoio com colegas que passaram por experiências semelhantes. Essa é uma boa maneira de compartilhar sentimentos, trocar estratégias de enfrentamento e receber solidariedade e compreensão.
Como você pode ver, a violência contra profissionais de saúde gera muitas consequências negativas para a vida e o trabalho da vítima. Por isso, é importante estar atento para saber agir diante desses casos, além procurar saber se a instituição na qual você atua oferece o suporte necessário se algum mais grave chegar mesmo a acontecer.
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Cofundador da Medway, formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com Residência Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e Administração em Saúde pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Siga no Instagram: @joaovitorsfernando