Febre por zika vírus: como reconhecer um quadro de zika?

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Fala, pessoal! O assunto de hoje é a febre por zika. A doença chamada zika, ganhou muito destaque nos últimos anos devido à descoberta brasileira da associação de gestantes com a doença e o nascimento de recém-nascidos com microcefalia, o que hoje chamamos de Síndrome Congênita pelo Vírus zika.

Mas, ela pode ser muito parecida com a dengue. Você sabe quando suspeitar de um caso de zika? Vamos aprender um pouco mais neste post. Vem com a gente!

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O vírus 

O vírus Zika foi identificado pela primeira vez nas Américas em 2015, através da transmissão pelo mosquito Aedes aegypti, mas pode ser transmitido por numerosos mosquitos. Está em circulação pelo mundo, com infecções relatadas desde 1977. São conhecidas duas linhagens do vírus: uma africana e outra asiática

Assim como dengue e chikungunya, a zika é considerada uma arbovirose, que são as doenças transmitidas por vetores artrópodes (mosquitos e carrapatos). Essa característica faz com que a circulação dos três vírus seja muito semelhante (pelo mesmo mosquito), gerando um grande desafio clínico-epidemiológico. 

Uma particularidade do zika, é que além da transmissão pelo mosquito, pode haver também transmissão sexual, durante meses após a infecção inicial. Além disso, a transmissão pode se dar de forma vertical, nas mais diversas fases da gestação, gerando as mais variadas alterações fetais, desde malformações até óbito fetal. Há ainda relatos de transmissão transfusional

O vírus zika é neurotrópico, podendo com frequência causar alterações neurológicas, até síndrome de Guillain-Barré. Desde o início do relato de infecções por esse vírus, aumentaram significativamente o relato de casos de microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré.

Ainda não é possível predizer o tempo de duração da imunidade conferida após uma infecção pelo zika vírus. 

Além da febre por zika, quais os outros sintomas?

A infecção pelo zika pode ser assintomática. Quando apresenta sintomas, mostra-se com amplo espectro clínico, desde manifestações oligossintomáticas, até quadros neurológicos graves. 

Para ser zika, necessariamente deve haver exantema pruriginoso. O exantema aparece de forma súbita, não precedido por outros sintomas, ou no máximo após um dia de sintoma. Dessa forma, a suspeita de zika é levantada quando o exantema está associado a pelo menos um dos seguintes sintomas: 

  • Febre 
  • Conjuntivite não purulenta
  • Artralgia 
  • Edema articular 

Geralmente a doença é autolimitada, durando de 4 a 7 dias, com média de 5 dias. Além dos sintomas acima, pode haver cefaléia, linfonodomegalia e mialgia. 

Quando comparado com a chikungunya, a artralgia é mais amena e, geralmente, não cronifica. Porém, pode haver artralgia até 30 dias do início dos sintomas. 

Diferentemente da dengue, a febre na zika não possui tanta importância, aparecendo por poucos dias e geralmente baixa. A conjuntivite é um sinal que chama atenção, se destacando em frequência quando comparado com outras arboviroses, em 70 a 100% dos casos. 

E um outro dado muito importante: a trombocitopenia não ocorre! Isso quer dizer, que se estamos diante de um quadro exantemático, com febre, conjuntivite, e trombocitopenia, não é zika, mas sim provavelmente dengue.

O diagnóstico de febre por zika

O diagnóstico é dado pela confirmação através de testes laboratoriais, com isolamento viral, detecção de RNA viral por RT-PCR e sorologia IgM. Recomenda-se que os testes sejam coletados em até o quinto dia de início dos sintomas. 

O tratamento

Ainda não existem antivirais específicos para o zika. Como o quadro é muito semelhante ao da dengue, todo caso suspeito de zika deve também ser conduzido como suspeita de dengue, com hidratação vigorosa e sintomáticos, até resultado de sorologias. 

A administração de anti-histamínicos pode auxiliar no prurido. Deve-se evitar a administração de AINES e salicilatos. 

Atenção para orientar que o paciente retorne imediatamente ao serviço de saúde em caso de formigamento de membros inferiores ou alterações do nível de consciência – para investigação de alterações neurológicas e Síndrome de Guillain-Barré. Além desses, o cuidado específico para zika são as alterações visuais, nas quais podem estar acontecendo neurites ópticas. 

É isso!

Falando em arboviroses, não deixem de checar também o nosso texto sobre a prevenção da Dengue, sobre a vacina da Dengue e sobre a Dengue hemorrágica!
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PollyannaCristine Dias Ferreira

Pollyanna Cristine Dias Ferreira

Mineira, nascida em Uberlândia em 1994, Formada pela Universidade Federal de Uberlândia em 2017, com residência em Medicina de Família e Comunidade pela Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto (conclusão em 2019). Experiência em USBF na cidade de Uberlândia. Por uma prática médica responsável e de qualidade.