Zika vírus: muito além da microcefalia

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Dengue, Zika vírus, chikungunya… As arboviroses nunca deixam de estar presentes no nosso dia a dia. O aedes aegypti é vetor de todas elas. 

Ele é péssimo, mas ninguém pode dizer que ele não trabalha, né?

As arboviroses são bem parecidas, e aqui vamos focar no Zika vírus mesmo. Depois vocês podem ler sobre dengue e chikungunya. 

Quando dá zika

Sabemos que o mosquito infectado transmite o vírus… Mas também pode ser transmitido via sexual e transplacentária.

A infecção pode ser assintomática – e isso acontece na maioria dos casos.

Os sintomas começam entre 3 a 14 dias depois do contato. Os mais comuns em crianças são:

  • febre
  • exantema
  • conjuntivite
  • artralgia (mãos e pés) com ou sem edema.

Também podem ocorrer dor muscular, dor atrás dos olhos, sintomas gastrointestinais

Os sintomas costumam passar sozinhos dentro de 3 a 7 dias.

Voltando um pouco…

Tivemos um surto de infecção por zika vírus no nordeste do país no 1º semestre de 2015. No 2º semestre, alguns estados começaram a notificar casos de microcefalia em bebês de mães que haviam tido infecção por zika na gestação.

Pesquisa vai, pesquisa vem: o zika vírus é teratogênico!

Crianças infectadas intra-útero por zika vírus podem ter:

  • microcefalia;
  • restrição do crescimento intrauterino;
  • malformações cerebrais;
  • desproporção craniofacial;
  • espasticidade;
  • convulsões;
  • distúrbio de deglutição;
  • contraturas de membros;
  • anormalidades auditivas e oculares.

A microcefalia pode estar presente logo ao nascimento, ou pode se desenvolver no período pós-natal. A prevalência das alterações por infecção congênita varia entre 6 a 9% dos recém-nascidos expostos intra-útero.

Diagnósticos diferenciais de zika vírus

Lembrem-se que sempre temos que ter uns diagnósticos diferenciais no bolso (que podem inclusive serem simultâneos à infecção por zika vírus).

Adaptado de: Ministério da Saúde. Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional. 2017

Como saber se é zika vírus?

No dia a dia, nem sempre fazemos o diagnóstico específico. Talvez os quadros passem batido, como uma “virose”, uma “dengue”, um “vai saber”.

A confirmação da infecção se dá por IgM específico e/ou PCR, mas não é pra todo mundo que costumamos pedir exame. Casos graves, óbitos, crianças com suspeita de infecção congênita… 

A gente não pode esquecer que o zika vírus tem os primos que falamos ali em cima – onde circula dengue (que, vamos combinar, é quase todo lugar), pode ocorrer reação cruzada na pesquisa de IgM!

E agora?

Como quase todo vírus, não temos tratamento específico. Hidrata, dá antitérmico, evita antiinflamatório e, se sinais de alarme, procurar o pronto atendimento mais próximo.

Crianças com malformações e/ou comprometimento de desenvolvimento devem ser acompanhadas por equipe multidisciplinar.

Prevenir é o melhor remédio?

Sim ou com certeza?

Primeiro passo: evitar a propagação do mosquito! Nada de deixar água parada, nem de dar bobeira com lugares que possam acumular água.

Segundo passo: Proteção! Roupas compridas, telas em janelas e porta. Melhor colocar um mosquiteiro esperto. Repelentes podem ser úteis, mas cuidado com a idade… 

Depois de irem lá no quintal esvaziar o pratinho de planta que tá acumulando água, não deixem de dar uma revisada! Infecções congênitas têm alguns macetes, e dar uma olhada antes da prova pode salvar umas questões!

É isso galera, dentro de infecções congênitas há uma gama enorme de possibilidades! Uma queridinha das provas, e extremamente comum no dia-a-dia é a sífilis, e você pode se atualizar aqui.

E pra você que veio até aqui por gostar de pediatria, se liga nesse post sobre as principais instituições de São Paulo, além de também conhecer um pouco mais sobre uma de suas áreas, a neonatologia. E bora terminar com umas questões comentadas, e fechar com o melhor curso Intensivo SP do mercado que já está com a lista de espera aberta!

Até a próxima!

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JoãoVitor

João Vitor

Capixaba, nascido em 90. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com formação em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e Administração em Saúde pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Apaixonado por aprender e ensinar. Siga no Instagram: @joaovitorsfernando