O caminho da infecção: tudo que você precisa saber

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A infecção ocorre quando diversos micro-organismos, que podem ser vírus ou bactérias, interferem em tecidos corporais. Entretanto, você sabe como esse processo ocorre e quais são os tipos? Continue lendo para conhecer mais a respeito do assunto.

Como a infecção funciona?

A maneira mais tranquila de entender como os mecanismos de atividade dos agentes infecciosos funcionam é perceber o quanto eles são capazes de se adaptarem e criarem alternativas de resistir não só às intempéries ambientais, mas também aos mecanismos do sistema imune.

Para isso, é necessário estar por dentro de tudo a respeito do caminho que esses agentes infecciosos percorrem até causarem doenças nos hospedeiros. É muito importante que isso esteja bem claro.

O conceito de abstração

Desde as primeiras aulas de virologia e imunologia, o conceito de abstração é fundamental. Primeiro, porque é necessária muita imaginação para entender as diferentes formas e características virais com capsídeos, envelopes e DNA ou RNA.

Isso também acontece com as inúmeras bactérias, que aparecem com singulares membranas plasmáticas, fímbrias, pili e plasmídeo bacteriano. Felizmente, a abstração desaparece quando, via microscopia ou microscopia eletrônica, é possível enxergar alguns desses atributos morfológicos e os efeitos tanto no contexto in vitro quanto nas lâminas.

Outra possibilidade é aprofundar-se nos temas de patologia clínica para entender as sérias consequências para a saúde e a gravidade das doenças que esses agentes causam.

Virulência, letalidade, infectividade e patogenicidade

Percebam que a cadeia epidemiológica da infecção tem por necessidade um agente, um hospedeiro e um meio. Os agentes causais podem ser tanto biológicos quanto não biológicos, por exemplo:

  • químicos: pesticidas e fármacos; 
  • físicos: calor, ruídos, radiação.

A lista dos biológicos é imensa. Eles causam repercussões clínicas que dependem de inúmeras variáveis. Com isso, surgem quatro conceitos importantíssimos de epidemiologia: infectividade, patogenicidade, virulência e letalidade. Entenda como cada um deles funciona abaixo.

Infectividade

É a capacidade que o agente etiológico tem de se alojar e multiplicar no organismo de um hospedeiro. Dessa forma, ele vai do último para um novo hospedeiro. Tem efeito externo, comprometendo os seres vivos ao redor. Por exemplo, no sarampo, a infectividade é oito vezes maior que na COVID-19.

Patogenicidade

A patogenicidade é a capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro suscetível. Tem efeito interno, nas condições do hospedeiro.

Possivelmente, um paciente imunizado contra hepatite B não irá contrair a doença ao entrar em contato com o vírus. A patogenicidade do vírus nessa situação é baixa porque o indivíduo vacinado é pouco suscetível à doença.

Virulência

A virulência é o grau de patogenicidade de um agente infeccioso. Ela se expressa pela gravidade da doença, especialmente pela letalidade e pela proporção de casos com sequelas. É o potencial de gravidade ou intensidade do agravamento de doenças. 

Não confunda o termo! Afinal, micro-organismos, como as bactérias, também possuem virulência. Vamos exemplificar com um quadro de cistite por E. Coli multissensível e outro de ITU recorrente por E. Coli multirresistente.

Letalidade

É o poder que o agente etiológico tem de causar a morte do hospedeiro. Usando as cepas da COVID-19 como exemplo, percebe-se que, durante a pandemia, a cepa DELTA resultou em uma letalidade muito maior que a cepa Omicron.

Outros conceitos relacionados ao caminho da infecção

Outro conceito relevante é a ideia da imunogenicidade, a capacidade do agente biológico estimular a resposta imune do hospedeiro. De acordo com as características desse agente, a imunidade obtida pode ser de curta ou longa duração, grau elevado ou baixo.

A história natural de uma doença infecciosa pode ser esquematizada por um espectro, que transporta esses conceitos fundamentais em modelos matemáticos para serem calculados. 

Em uma amostra, a possível infecção pode comportar-se clinicamente inaparente, mas, com o tempo, agrava-se em clinicamente aparente moderada, grave ou fatal.

Todos esses conceitos são constantemente estudados e monitorados por uma área das ciências de saúde que se chama epidemiologia. Vale muito a pena conhecê-los. Depois deste texto, você vai ouvir as notícias do telejornal com outro olhar!

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ThadeuRocha da Costa

Thadeu Rocha da Costa

Paulistano, nascido em 1986, médico desde 2015, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Faz residência de Medicina Física e Reabilitação na Universidade de São Paulo (USP). Pós-Graduado em Dor pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Trabalhou como médico de Família e Comunidade com destaque para o lado humanizado do cuidado. A paixão pela Medicina Preventiva se confunde com a ideia de dividir conhecimento ao próximo.