Residência em Ginecologia e Obstetrícia: rotina, salário e áreas de atuação

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Se você pensa em direcionar o seu futuro aos cuidados da saúde da mulher, em algum momento já deve ter parado pra se perguntar o que é, na prática, Ginecologia e Obstetrícia, como é a residência em GO, qual é a rotina, o mercado de trabalho e, claro, quanto ganha um ginecologista obstetra.

Bora organizar tudo isso num guia só pra te ajudar a decidir se essa é mesmo a sua especialidade?

O que é Ginecologia e Obstetrícia?

A reprodução humana, tema central da Obstetrícia, acompanha a humanidade desde sempre — mas nem sempre o parto foi visto como algo natural.

  • Durante muito tempo, os partos eram feitos em casa.
  • Depois, o nascimento passou a ser encarado como “patológico” e excessivamente medicalizado.
  • Mais recentemente, vieram discussões importantes sobre parto humanizado e protagonismo da mulher.

Já a Ginecologia surgiu um pouco depois, focada no estudo e no cuidado do aparelho genital feminino.

Hoje, as duas áreas caminham juntas:

  • A Ginecologia cuida do aparelho reprodutor e das principais doenças que acometem a mulher, incluindo mamas.
  • A Obstetrícia acompanha a mulher na reprodução: pré-natal, parto, puerpério e lactação.

Na residência, isso aparece na prática: você não escolhe uma ou outra, mas se forma em Ginecologia e Obstetrícia, justamente porque as duas áreas são interligadas e se potencializam no cuidado da paciente.

Pra ajudar a gente a explicar direitinho o que é Ginecologia e Obstetrícia, nada como retirar a informação direto da fonte. Por isso, conversamos com o Marcos Marangoni, nosso professor aqui da Medway que se formou na área pela Unicamp em 2019! Olha só como ele foi parar nessa especialidade:

“Sempre gostei muito de cirurgia. Fiquei inclusive dividido na escolha entre GO e Cirurgia Geral até os 45 do segundo tempo. Mas, no fim das contas, eu queria muito cuidar de mulheres. Contracepção, cirurgias pélvicas e a própria obstetrícia me levaram a escolher GO. E dentro da residência descobri um mundo de possibilidades, me apaixonei pela uroginecologia e cá estou, depois do R4, trabalhando com cirurgia vaginal, que eu amo!”

Principais exames

Alguns dos principais exames realizados nessa área são:

  • Papanicolau: detecta alterações celulares no colo do útero, permitindo a identificação precoce de lesões pré-cancerosas e câncer cervical;
  • Mamografia: exame de imagem que identifica alterações nas mamas, como nódulos ou microcalcificações, auxiliando na detecção precoce do câncer de mama;
  • Ultrassonografia Pélvica e Transvaginal: avalia órgãos como útero e ovários, sendo útil na identificação de miomas, cistos e outras anomalias;
  • Colposcopia: examina detalhadamente o colo do útero, vagina e vulva, permitindo a identificação de lesões não visíveis a olho nu.

O que faz o ginecologista obstetra?

Essa o Marangoni responde: 

“O ginecologista obstetra assiste mulheres no seu processo de saúde reprodutiva e tem função na prevenção e tratamento de patologias mamárias e do trato reprodutivo”.

Na prática, esse profissional lida com:

  • Distopias genitais
  • Doenças infectocontagiosas
  • Fertilidade e reprodução
  • Gestação, parto e puerpério
  • Alterações menstruais
  • Saúde sexual
  • Cânceres ginecológicos e de mama

Entre as doenças mais comuns atendidas estão: candidíase, corrimentos vaginais, cistos de ovário, endometriose, miomas uterinos, vaginose, entre outras.

Além disso, o GO pode atuar em:

  • Consultório (particular, convênio ou clínicas populares)
  • Ambulatórios e UBS
  • Hospitais gerais e maternidades
  • Plantões obstétricos
  • Serviços especializados (uroginecologia, reprodução assistida, mastologia etc.)

O Marangoni também explicou um pouco sobre o que ele mesmo faz como profissional da área. Se liga:

“Divido meu tempo fazendo as duas coisas que eu mais amo: sendo professor na Medway, e fazendo consultório. No consultório, tenho mais contato com uroginecologia e com laser vaginal, mas também atendo bastante contracepção (colocação de DIUs e Implanon) e faço os pré-natais que eu ainda amo. Acho que nunca vou conseguir ficar somente na ginecologia sem atender gestantes. É uma delícia acompanhar as mulheres nessa fase”.

Subespecialidades em Ginecologia e Obstetrícia: caminhos de R+

Depois da residência em GO, dá pra seguir o caminho do R+ e se aprofundar em áreas específicas, como:

  • Reprodução Humana Assistida
  • Endoscopia Ginecológica (histeroscopia, laparoscopia)
  • Mastologia
  • Oncologia pélvica
  • Uroginecologia
  • Medicina fetal
  • Sexualidade humana
  • Patologia do trato genital inferior e colposcopia

Essas subespecialidades permitem construir uma carreira ainda mais nichada — seja em centros de referência, clínicas privadas, serviços de alta complexidade ou academias.

Quais são as características fundamentais de um médico ginecologista?

Para o nosso professor, um bom ginecologista obstetra precisa ter “agilidade, respeito, autoconhecimento e excelência técnica”. E aí, você concorda?

Imagine que esse profissional vai acompanhar as mulheres nas mais diversas situações e fases da vida para falar de assuntos que, muitas vezes, ainda são considerados tabu. A primeira menstruação, a primeira relação sexual e a menopausa são apenas alguns exemplos disso. 

Portanto, em primeiro lugar, o consultório do ginecologista obstetra precisa ser um ambiente confortável para que a paciente sinta a confiança necessária para se expressar, tirar todas as suas dúvidas e adquirir informações cruciais para se conscientizar da própria saúde. 

Logo, a escuta e a empatia são habilidades mais do que importantes pra esse médico conseguir desenvolver uma boa relação com a mulher, especialmente com aquela que pode estar se sentindo vulnerável ou desconfortável por alguma razão. Na hora de transmitir informações, a didática, o respeito e a sinceridade (o famoso papo reto) são indispensáveis. Nada de frieza ou de passar qualquer recomendação sem explicar tudo direitinho pra paciente!

Como é a rotina e o mercado de trabalho do especialista em Ginecologia e Obstetrícia?

Agora que você sabe o que é Ginecologia e Obstetrícia, bora falar da atuação profissional dessa área. Segundo o próprio Marangoni, a rotina e o mercado de trabalho do ginecologista obstetra têm “uma infinidade de possibilidades”.

Ele conta, inclusive, que demorou para descobrir o que queria — uma dificuldade que não é exclusiva do nosso professor nem da especialidade sobre a qual estamos conversando. É mais do que normal não saber muito bem o que fazer logo após a residência com tantas alternativas disponíveis e com aquela pressão de ser um profissional bem-sucedido. 

Como é sempre bom ouvir histórias de quem já passou por momentos de escolha, o Marangoni compartilhou com a gente o início de carreira dele. Olha só: 

“Trabalhei um período na USP-SP como médico assistente da Ginecologia, achando que conseguiria ser professor e cirurgião ao mesmo tempo, mas vi que aquilo não funcionava para mim. Você pode experimentar o que quiser. Se não der certo ou não gostar, muda! Quando saímos da residência não sabemos o que queremos, se é o ambiente hospitalar, atender no consultório (atender plano ou privado), UBS, fazer ultrassonografia, sexualidade, endoscopia ginecológica, mastologia, uroginecologia, colposcopia, medicina fetal… A lista não termina nunca. A GO é uma especialidade completíssima, clínico-cirúrgica e ainda com possibilidade de imagem.”

O ginecologista obstetra vai poder escolher ter uma rotina agitada, fazendo partos e pré-natal, ou mais tranquila, com atendimentos ambulatoriais e em consultórios. Tudo depende do perfil do médico e das suas preferências! Além disso, a forma de trabalho varia bastante do setor privado para o setor público. Portanto, saiba que a rotina em uma clínica ou em uma maternidade particular em que você é contratado é totalmente diferente do SUS, por exemplo, em que você pode entrar por meio de concursos públicos. 

Também sempre existe a opção de empreender e abrir o próprio consultório, caminho que requer mais investimento e, por isso, acaba não sendo a primeira opção de muita gente. Ainda assim, muitos profissionais se estabelecem financeiramente e depois apostam nesse sonho. Outra alternativa é trabalhar somente com plantões, organizando a agenda com base neles. 

Por fim, há muitas possibilidades de especialização para o ginecologista obstetra. Quem mira a carreira acadêmica pode optar por realizar pesquisas de mestrado e doutorado e até lecionar no ensino superior. Mas quem deseja seguir atendendo pode mapear áreas em ascensão e se especializar cada vez mais. No caso de GO, muitas pessoas estão procurando trabalhar com reprodução assistida. 

Pra quem deseja ser um profissional de sucesso, em qualquer frente de atuação, o Marangoni deixa uma boa dica:

“O sucesso profissional depende do autoconhecimento. O que o médico quer quando sai da residência? Se a primeira resposta for: ‘ficar rico’, com certeza será uma pessoa frustrada. Não importa o caminho escolhido; desde atender no consultório privado até fazer plantão como obstetra no SUS, se aquilo faz sentido para você e se você faz de coração, já atingiu seu sucesso”.

Quanto ganha um ginecologista?

Ok, a profissão é incrível, mas o retorno financeiro vale a pena? Essa dúvida passa pela cabeça de muita gente e é legítima. Por isso, lançamos a pergunta pro Marangoni: quanto ganha um ginecologista, afinal? Dá uma olhada na resposta dele:

“Depende muito da área que você quer seguir. Em geral, o recém-formado dá plantões e começa a atender em clínicas populares e convênios. Tem uma renda média de uns R$ 15.000,00 por mês. Isso se não for fazer o R4 (com bolsa de R$ 3.000,00 mensais ou, em alguns lugares, sem bolsa). Um profissional estabelecido no consultório privado tira em torno de R$ 30.000,00 por mês, de acordo com o quanto ele quer trabalhar”.

É importante deixar claro que esses valores variam muito de acordo com a atividade do profissional, o perfil, a subespecialização, as horas trabalhadas e até mesmo o local de trabalho, pois os salários variam de uma cidade para outra. Para ter outras referências de valores, confira nosso artigo sobre quanto ganha um ginecologista no Brasil.

A residência médica em Ginecologia e Obstetrícia

Tá aí uma parte importante desse papo: a residência médica! O que atrai as pessoas pra essa especialidade, de acordo com o Marangoni, são os fatores abaixo:

“Geralmente quem presta GO gosta muito mais da Obstetrícia do que da Ginecologia ou da Mastologia. Os estágios de GO no internato geralmente são bastante intensos e transformam o aluno numa experimentação de médico. Considero que isso seja um grande atrativo também”.

A Ginecologia e Obstetrícia é uma residência de acesso direto, ou seja, que não possui pré-requisitos para ingresso, com três anos de duração. É ofertada nos editais anuais das maiores instituições do país. Agora, se você quer ter uma boa noção sobre o que é Ginecologia e Obstetrícia, nada como entender a fundo como rolam os anos da residência. Por isso, se liga no relato do Marangoni:

“Os três anos de residência são bem intensos, mas melhoram absurdamente a cada ano. No R1 o trabalho é insano, com 3 meses no centro obstétrico, 2 meses no pronto atendimento, e o resto dividido em centro cirúrgico, pré-natal e ambulatório de contracepção. Temos muitos plantões. Realmente é muito cansativo. Mas é o melhor ano em relação à evolução pessoal. Tudo muda muito, sua maturidade, seu olhar clínico, seu conhecimento técnico. Você sai do zero para ser um obstetra regular ao final do R1. Já no R2, o centro cirúrgico domina — a tococirurgia é aperfeiçoada, e as cirurgias da ginecologia são do R2 em si. O senso de responsabilidade aumenta com o domínio de enfermarias (como a enfermaria de oncologia e a de ginecologia), e com o domínio das condutas, supervisionando de forma indireta o R1. O R3, com carga horária bem mais reduzida (obrigado, Senhor!), nos ambulatórios de especialidades e enfermarias de alta complexidade (como a Patologia Obstétrica) transformam o residente de um executor em um gerenciador do cuidado. É um momento de reconhecimento da importância da equipe multidisciplinar e exercício da humildade”.

Qual é o melhor programa de residência em Ginecologia e Obstetrícia?

Isso varia muito de acordo com as instituições, que têm pontos fortes e de melhorias diferentes. Mas é claro que um programa de residência tradicional e bem reconhecido tem peso no currículo e na própria experiência. Para o Marangoni, alguns exemplos de instituições muito bem recomendadas para cursar Ginecologia e Obstetrícia são o Hospital Israelita Albert Einstein, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, a Unicamp e a USP-SP. 

Aliás, já falamos aqui no Blog sobre como é a residência em algumas das instituições mais buscadas pra se fazer essa especialidade. Não deixe de conferir!

Sobre a experiência do Marangoni com a Unicamp, ele comenta:

“No momento da minha escolha, levei em consideração a excelência do serviço da Unicamp, por ter um hospital inteiro voltado para a especialidade de Ginecologia e Obstetrícia, com 5 enfermarias, um volume imenso de pacientes e a maior nota da pós-graduação em GO do país”. 

Gostou de saber mais sobre o que é Ginecologia e Obstetrícia?

Se você tinha alguma dúvida que conseguimos sanar com essas informações, ficamos muito felizes! O Marcos Marangoni, nosso super professor aqui da Medway, deu uma boa força contando sobre a experiência dele. Aliás, já deixo isso como uma dica pra você: procure conversar com mais pessoas da área, residentes ou formados, com diferentes formas de atuação, para escutar novos pontos de vista. Tenho certeza que relatos incríveis e únicos podem aparecer pra te ajudar! 

E se você está seguro da sua escolha de fazer a residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, já é hora de se preparar corretamente para realizar o sonho de ler seu nome na lista de aprovados de uma grande instituição!

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Daniel Godoy Defavari

Daniel Godoy Defavari

Professor da Medway. Formado pela Universidade de Brasília (UNB), com residência em Ginecologia e Obstetrícia no HC-FMUSP. Ex-preceptor de Ginecologia do HC-FMUSP. Especialista em pré-natal de alto risco e Ginecologia endócrina. Siga no Instagram: @danielgodamedway