Para quem não sabe exatamente o que é Medicina Nuclear, o assunto pode parecer muito futurista — e realmente é! Essa especialidade vai ditar o futuro dos exames de imagem. Quer saber mais sobre ela? Então, confira as informações abaixo!
Para explicar melhor o que é Medicina Nuclear, vamos começar do básico. Essa especialidade utiliza uma série de métodos e procedimentos não invasivos com substâncias radioativas, para fins diagnósticos ou terapêuticos.
Na Medicina Nuclear, os radiofármacos são usados para acessar uma parte, ou todo o funcionamento, de alguns órgãos ou tecidos, para realizar imagens diagnósticas, como a cintilografia óssea, ou iniciar tratamentos curativos, como a radioterapia.
Ao contrário do que muita gente pensa, a quantidade utilizada de radiofármacos é bem pequena, e os procedimentos são rigorosamente seguros, sem causar efeitos reversos para o paciente e o meio ambiente. Tudo é controlado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Você está tentando saber se há alguma diferença entre as especialidades? Afinal, todas adquirem imagens utilizando radiação. A principal distinção está na funcionalidade.
Na radiologia e no diagnóstico por imagem, o paciente recebe a radiação emitida pelo aparelho. Quando a radiação está presente, a ressonância magnética e a ultrassonografia são métodos que não se enquadram aqui.
Na Medicina Nuclear, o paciente recebe os radiofármacos, também chamados de traçadores, em quantidades tão pequenas que os efeitos colaterais relatados são ínfimos, de modo que garantem a segurança para o paciente e a eficácia no exame.
Para ter uma ideia, o uso da radiação equivalente para um PET/CT de corpo inteiro é muito menor que de uma TC. Agora que você já está por dentro do que é Medicina Nuclear, confira os principais exames realizados nessa especialidade.
Um dos exames de imagem mais modernos e mais realizados na Medicina Nuclear é o PET/CT (Positron Emission Tomography/Computed Tomography). Ele é amplamente usado na Oncologia, pois combina duas modalidades de exame: a tomografia computadorizada e a emissão de pósitrons para detectar a atividade metabólica das células do corpo.
Nesse exame, o paciente recebe uma aplicação endovenosa de glicose marcada com FDG, substância que contém uma dose baixíssima de radiação, mas que a máquina do PET é capaz de detectar. O exame é seguro e apresenta resultados altamente eficazes.
Geralmente, é destinado a pacientes que estão se programando para cirurgias e precisam de avaliação rápida para a indicação do tratamento ou dos medicamentos pré-cirúrgicos ser aplicada com o objetivo de reduzir a doença ou definir o tratamento futuro.
Outro exame muito utilizado na Medicina Nuclear é a cintilografia, que contribui para pesquisar metástases de cânceres na tireoide, por exemplo. Há muitos tipos de cintilografia disponíveis para diagnóstico, como a cintilografia óssea, a cintilografia renal e a cintilografia miocárdica.
Apesar de ser uma especialidade essencialmente diagnóstica, para quem quer ficar mais pertinho dos pacientes, não apenas interpretar e laudar exames, uma oportunidade é atuar na terapia radionuclídica e na Medicina Teranóstica. Além de diagnosticar a doença, você já atua no tratamento por meio dos aparelhos de imagem.
Além desses dois, podemos citar a gamagrafia, que pode ser utilizada para a avaliação da estrutura óssea ou da tireoide, a partir de uma baixa dosagem de radioisótopos ou isótopos radioativos.
De acordo com o estudo da Demografia Médica no Brasil de 2025, o país conta com 800 especialistas em Medicina Nuclear, representando 0,38 especialistas por 100.000 habitantes. Desses, 41,6% são mulheres e 58,4% homens.
Com relação a distribuição geográfica, a maior parte dos profissionais está concentrada na região Sudeste (57,8%), seguida pela região Sul (14,7%), Nordeste (13,3%), Centro-Oeste (10,4%) e Norte (3,8%).
Com o avanço das tecnologias e das clínicas especializadas em diagnósticos, a demanda por um especialista em Medicina Nuclear pode ser intensa, sem muita programação, incluindo trabalhar à noite, aos finais de semana e aos feriados.
Em geral, para você já ir pensando em como vai organizar sua rotina financeira, a média salarial fica em 4 mil reais por 20 horas de trabalho, segundo dados do novo CAGED. Os ganhos podem ser variáveis, já que a falta de profissionais na área faz com que a jornada diária de trabalho chegue a 12 horas.
A residência médica em Medicina Nuclear no Brasil é de acesso direto, ou seja, médicos recém-formados podem ingressar diretamente, sem a necessidade de uma especialidade prévia. A duração do programa é de 3 anos, com treinamento supervisionado em serviço, abrangendo aspectos teóricos e práticos da especialidade.
Durante a residência médica em Medicina Nuclear, o residente adquire conhecimentos progressivos em cada ano do programa. No primeiro ano, ele aprende os fundamentos da área, como a avaliação técnica de serviços de rotina, agendamento e preparo de exames, além de desenvolver habilidades para entrevistar pacientes e realizar laudos simples.
No segundo ano, o residente ganha mais autonomia, realizando anamnese detalhada e executando laudos mais complexos, como os de PET-CT/RM e cintilografia, além de se iniciar na terapia com radiofármacos para doenças malignas.
Por fim, no terceiro ano, o residente se torna um especialista, dominando completamente os aspectos teóricos e práticos da Medicina Nuclear, pronto para atuar de forma independente e liderar equipes, com a certificação como Médico Nuclear ao final.
Algumas das principais instituições para fazer residência médica em Medicina Nuclear no Brasil incluem centros renomados que oferecem infraestruturas de ponta e foco na pesquisa, além de formar especialistas altamente capacitados.
Com duas vagas para residência médica, o A.C. Camargo é pioneiro na Medicina Nuclear, sendo a primeira instituição a utilizar o exame PET-CT com 18F-FDG em oncologia.
A instituição possui uma das melhores infraestruturas do país, com uma Unidade de Terapia Radioisotópica (UTR) equipada para tratamentos avançados, como cirurgias radioguiadas, tratamentos com 131 Iodo para câncer de tireoide, 177 Lutécio para tumores carcinóides metastáticos, e o tratamento de neuroblastomas com 131 I-MIBG.
O INCA, referência no Brasil em oncologia, oferece três vagas para residência em Medicina Nuclear. A instituição é equipada com o mais moderno parque público de diagnóstico por imagem da América Latina e tem como foco a formação de especialistas para atuarem no ensino, pesquisa e assistência a pacientes com ênfase na área oncológica. O programa inclui capacitação em física, biologia das radiações e normas de proteção radiológica.
O Centro de Medicina Nuclear do InRad HCFMUSP é uma das maiores referências em imagem molecular na América Latina. Com um parque tecnológico avançado, que inclui duas gama câmaras, PET/CT e PET/RM, a instituição oferece treinamento especializado em exames complexos.
O centro é integrado por uma equipe multidisciplinar e possui um laboratório de radioquímica e radiofarmácia, além de equipamentos de imagem experimentais. A residência prepara os especialistas para atuar na pesquisa e no atendimento de pacientes, com foco nas áreas de oncologia, neurologia e cardiologia.
Essas instituições são excelentes opções para quem deseja seguir a carreira em Medicina Nuclear, com acesso a equipamentos de ponta e programas que integram ensino, pesquisa e prática clínica.
Agora que você já sabe o que é Medicina Nuclear, os exames realizados nessa especialidade e como o profissional da área atua, que tal aprender sobre a residência? Conheça as principais instituições de formação e informações específicas sobre cada uma delas no artigo que preparamos!
Carioca da gema, nasceu em 93 e formou-se Pediatra pela UFRJ em 2019. No mesmo ano, prestou novo concurso de Residência Médica e foi aprovada em Neurologia no HCFMUSP, porém, não ingressou. Acredita firmemente que a vida não tem só um caminho certo e, por isso, desde então trabalha com suas duas grandes paixões: o ensino e a medicina. Siga no Instagram: @jodamedway
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