Fala, pessoal! Eu sei que as cardiopatias congênitas são um assunto meio cabeludo na nossa prática médica. Hoje, vamos falar sobre a Tetralogia de Fallot.
Neste texto, vamos revisar os achados de imagem que podem ser observados em pacientes com Tetralogia de Fallot. O objetivo é que você tenha mais essa ferramenta na hora de avaliar uma radiografia de tórax. Bora?
A Tetralogia de Fallot (TF) é a cardiopatia congênita cianótica mais comum, correspondendo a 5-10% de todas as cardiopatias congênitas.
Ela é classicamente caracterizada pela combinação de defeito do septo ventricular, obstrução do trato de saída do ventrículo direito, cavalgamento da aorta e hipertrofia ventricular direita.
Existem diversas associações cardiovasculares e extra-cardiovasculares. Na tabela abaixo, listamos algumas delas:
Associações Cardiovasculares: | Associações Extra-cardiovasculares: |
Arco aórtico à direita | Enfisema lobar congênito |
Hipoplasia/atresia pulmonar | Síndrome de DiGeorge |
Defeito do septo atrial | Síndrome de Prune Belly |
Anomalias coronarianas | Fístula traqueoesofágica |
Persistência da veia cava à esquerda | Associação VACTERL |
A apresentação clínica varia, principalmente, na dependência do grau de obstrução do trato de saída do ventrículo direito. No entanto, geralmente há cianose com início no período neonatal.
Há associação com síndromes genéticas em 20% dos casos, sendo as mais comuns:
O diagnóstico é feito, em geral, com um ecocardiograma.
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Agora, voltando ao assunto, a radiografia de tórax é um exame secundário, que não é capaz de identificar os elementos da tétrade em si, mas pode demonstrar suas consequências na morfologia cardíaca e na vasculatura pulmonar. Os achados são clássicos na literatura radiológica e cardiológica, aparecendo muito nas provas.
Na Tetralogia de Fallot, o achado radiológico mais clássico é o coração em formato de bota.
Essa configuração do coração da radiografia se deve ao ápice cardíaco voltado superiormente, em decorrência da hipertrofia ventricular direita e de um aumento da concavidade do contorno da artéria pulmonar, que está reduzido ou ausente.
Isso por conta da obstrução da via de saída do ventrículo direito. Vale lembrar que muitas crianças com TF não vão apresentar esses achados na radiografia.
Outros achados que podemos observar são um aumento do botão aórtico, decorrente do maior cavalgamento da aorta, ou mesmo um botão aórtico à direita (associação frequente).
Além disso, podemos mencionar uma redução do fluxo pulmonar, com redução das marcas broncovasculares (oligoemia), em decorrência da obstrução do trato de saída do ventrículo direito.
Esperamos ter esclarecido as dúvidas em torno da Tetralogia de Fallot. Aqui, no nosso blog, disponibilizamos uma série de conteúdos sobre Medicina de Emergência e residência médica para contribuir com sua preparação.
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Mineira, millennial e radiologista fanática. Formou-se em Radiologia pelo HCFMUSP na turma 2017-2020 e realizou fellow em Radiologia Torácica e Abdominal em 2020-2021 no mesmo instituto, além de ter sido preceptora da residência de Radiologia por 1 ano e meio. Apaixonada por pão de queijo, café e ensinar radiologia.