E aí, galera, tudo certo? Espero que sim, porque hoje é dia de conversar sobre o transtorno da personalidade narcisista! Tá preparado pra ficar por dentro de tudo a respeito do tema? Então, continue a leitura com a gente! Vamos lá!
Pessoal, antes de conversarmos sobre o narcisismo, é importante termos em mente a definição de um transtorno de personalidade.
O DSM-5 definiu o transtorno de personalidade como um padrão persistente de experiências internas e de comportamento, que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo.
O padrão é inflexível: começa na adolescência ou no início da idade adulta e é estável ao longo do tempo. Gera sofrimento e prejuízo e se manifesta em, pelo menos, duas das quatro áreas: cognição, afetividade, funcionamento interpessoal ou controle de impulsos.
Existem três grupos de transtornos de personalidade, agrupados de acordo com características em comum entre eles. É importante ter em mente que as pessoas podem, com frequência, exibir traços que não se limitam a um único transtorno de personalidade.
Fonte: Apostila de Transtornos Psiquiátricos da Medway
“É que Narciso acha feio o que não é espelho…”
Fonte: Música Sampa, Caetano Veloso
O termo “narcisismo” provém do mito grego “A ira de Narciso“. No mito, Narciso apaixona-se pelo seu próprio reflexo e morre quando seu amor não é correspondido.
As consequências de traços narcisistas no mito são trágicas e denotam a patologia por trás do amor próprio. No entanto, na natureza humana, o interesse por si mesmo e o amor próprio não são apenas características normais, como também essenciais de uma mente saudável.
No entanto, há graus dessa autoestima, que pode variar de um narcisismo saudável até um narcisismo patológico.
Pessoas com transtorno da personalidade narcisista são caracterizadas por um senso aguçado de autoimportância, ausência de empatia e sentimentos grandiosos de serem únicas. Contudo, por trás dessas características, existe uma autoestima frágil e vulnerável às menores críticas.
Com base nas definições diagnósticas do DSM-IV, estimativas de prevalência do transtorno da personalidade narcisista variam de 0 a 6,2% em amostras de comunidades.
Em relação à distribuição de acordo com o gênero, dentre aqueles diagnosticados com transtorno da personalidade narcisista, 50 a 75% são do sexo masculino.
Traços narcisistas podem ser recorrentemente identificados em adolescentes e não necessariamente indicam que o indivíduo vai desenvolver o transtorno da personalidade narcisista.
O curso do Transtorno de Personalidade Narcisista é crônico e difícil de tratar. O transtorno infringe ainda golpes no próprio narcisismo, dado que o desempenho em atividades (como o trabalho) pode ser muito baixo.
Isso é um reflexo da falta de disposição em se arriscar em situações competitivas pelo medo da derrota e de se descobrir como insuficiente.
Indivíduos com transtorno da personalidade narcisista lidam mal com o processo de envelhecimento, já que valorizam beleza, força e atributos da juventude, podendo ser mais vulneráveis, portanto, a crises de meia-idade do que outros grupos.
Indivíduos com o transtorno têm um sentimento grandioso da própria importância. Eles continuamente superestimam suas capacidades e exageram suas conquistas. Nos olhos dos outros, acabam parecendo pretensiosos e arrogantes.
Podem facilmente partir do pressuposto de que os outros atribuem o mesmo valor aos seus esforços e se frustram quando o elogio e a valorização que esperam e sentem merecer não ocorrem.
Em conjunto com a avaliação grandiosa de seus feitos, há uma desvalorização das contribuições dos demais.
Indivíduos com transtorno de personalidade narcisista fantasiam sobre alcançar um sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal.
Por vezes, se amarguram por sentirem que o mundo lhes deve privilégios. Comparam-se com o sucesso de pessoas famosas ou dotadas e esperam ser tratados da mesma forma.
Por baixo de todo esse ego inflado e grandioso, habita uma autoestima muito frágil, o que os faz procurar avaliações de como estão se saindo e o quanto os outros os consideram.
Com muita sedução, eles constantemente buscam elogios, atenção e admiração. Esperam ser servidos pois acreditam que suas próprias necessidades são mais importantes que as dos demais, nutrindo expectativas irracionais de como os outros devem lhes tratar.
As formas patológicas de narcisismo são mais facilmente identificadas pelo modo como constroem relações com outros indivíduos. O desejo incessante de ser amado os leva a não conseguir amar, dado que as necessidades próprias estão sempre em primeiro lugar.
Tragicamente, isso leva a relações sem características saudáveis de empatia e preocupação com os sentimentos e necessidades do outro. Além disso, podem, por vezes, usar as outras pessoas para satisfazer suas próprias necessidades, dado que, em geral, atuam de forma sedutora sobre os demais.
Mas por fim, os demais acabam por ser usados e descartados, já que a crença central é de que os outros devem lhes servir.
Narcisistas patológicos tendem a discutir suas próprias preocupações de forma detalhada e prolongada, ao mesmo tempo que falham em reconhecer que os demais também têm sentimentos e necessidades.
Com frequência, agem com desdém e impaciência com os que falam sobre seus próprios problemas e preocupações. Quando as necessidades, os desejos ou os sentimentos das outras pessoas são reconhecidos, o narcisista encara de forma depreciativa como sinais de fraqueza ou vulnerabilidade.
Quem se relaciona com indivíduos com transtorno da personalidade narcisista costuma reconhecer a frieza emocional e a falta de interesse recíproco.
Os indivíduos com transtorno de personalidade narcisista frequentemente terminam uma relação depois de um tempo curto, em geral quando a outra pessoa começa a fazer exigências decorrentes de suas próprias necessidades.
Pessoas com a patologia narcísica podem ver com má vontade o sucesso ou mesmo conquistas materiais das outras pessoas, dado que os narcisistas patológicos sentem que são eles os reais merecedores de tais conquistas, admirações ou privilégios.
Podem desvalorizar grosseiramente as contribuições dos outros, sobretudo quando essas pessoas receberam reconhecimento ou foram elogiadas pelo que realizaram.
Um padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
Critérios diagnósticos do transtorno de personalidade narcisista. Fonte: DSM-5
Para distinguir, é importante sempre descartar o uso de substância, além de se identificar se a alteração do comportamento é algo característico daquele indivíduo e persistente ao longo de sua vida ou há manifestação de maneira episódica conforme o uso de uma substância.
Catarinense, nascida em Xanxerê em 1993. Formada pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2019. Residência médica em Psiquiatria no Hospital de Clínicas de Porto Alegre/ UFRGS. Aprendendo sobre as manifestações da mente e da alma, aquilo que chamam de loucura.