A chikungunya é uma condição manifestada de diversas formas em pacientes, causando dores e outros sintomas comuns de outras doenças. Além de saber fazer o diagnóstico, você conhece quais são os tratamentos para chikungunya?
Desenvolvemos este conteúdo para apresentar os principais tratamentos para chikungunya e, principalmente, explicar como realizar o manejo dos pacientes diagnosticados com a doença.
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A chikungunya é uma arbovirose transmitida pelo Aedes aegypti. Este é um mosquito de difícil controle, altamente relacionado ao processo de urbanização e vetor preferido das arboviroses, ao que parece.
O nome da doença já entrega a principal manifestação: o acometimento articular (e a dor associada). Não é por menos que o nome da arbovirose significa “aquele que se curva”, em Makonde, uma língua falada no Sudeste da Tanzânia e no Norte de Moçambique.
Quanto ao quadro clínico, normalmente, o paciente apresenta febre, artralgia, mialgia, cefaleia, náuseas, fadiga e exantema. Os sintomas são bem comuns em doenças febris agudas, em especial, a dengue.
Apesar de, na maioria das vezes, ocorrer apresentação de forma aguda, cada vez mais vemos os impactos associados a ela a longo prazo. Isso porque a doença pode vir na forma aguda, subaguda e crônica.
Como se não bastasse, é preciso atenção para formas atípicas da doença, que podem cursar com quadros mais graves, manifestações hemorrágicas, neurológicas, renais, etc.
A maioria dos casos apresenta quadros leves, que devem ser manejados nas Unidades Básicas de Saúde. O importante é ter atenção dobrada frente a alguns grupos de risco: gestantes, idosos, pessoas com comorbidades e menores de dois anos de idade.
Mantenha o acompanhamento mais próximo desses pacientes, ao menos até o desaparecimento da febre ou dos sinais de alarme.
Nem sempre um exame diferencia um caso de chikungunya ou dengue. Assim, são essenciais boas anamnese e caracterização dos sintomas porque a chikungunya costuma apresentar um acometimento articular mais exuberante que a dengue.
Além disso, o exame físico é extremamente importante nos tratamentos para chikungunya. O paciente costuma apresentar artrite associada à artralgia, o que não é tão comum nos quadros de dengue.
Afinal, como tratar chikungunya? O manejo correto da dor é o ponto-chave do tratamento na maior parte dos quadros. Isso não só trata o paciente da melhor forma na fase aguda como também diminui o risco de que ele evolua para a forma crônica.
Primeiro, é importante avaliar as dores da chikungunya no paciente para definir a melhor medicação. Para isso, aplique escalas de dor. Após a avaliação, realize as seguintes recomendações:
O uso de AINE (anti-inflamatório não esteroidal) na fase aguda da chikungunya está associado ao maior risco de manifestações hemorrágicas e ao quadro de insuficiência renal. Dificilmente há a possibilidade de dengue nessa fase.
Aqui, é preciso observar o tempo de evolução porque o uso de corticoterapia durante o período de viremia (até o 10º dia após o início dos sintomas) também está associado a um maior risco de complicações.
Tão importantes quanto o manejo adequado da dor são as medidas não farmacológicas, muitas vezes, esquecidas. A crioterapia, a hidratação oral (2 L em 24h) e o repouso são fatores protetores importantes nos tratamentos para chikungunya, evitando a sobrecarga articular.
Nesta fase, pacientes que apresentam quadros de dor moderada e intensa se beneficiam do uso de corticoides (fora da fase de viremia). A medicação de escolha é a prednisona, feita em dose única pela manhã com 0,5 mg.
Isso deve ser mantido por três ou cinco dias após o desaparecimento da dor (seguido por suspensão do corticoide). A terapia pode ser mantida por um período de até 21 dias.
Alguns dos pacientes evoluem com a cronificação da doença. Nesta fase, a recidiva do quadro articular é frequente, possibilitando o uso do metotrexato e da hidroxicloroquina.
O MS dá preferência para o uso da hidroxicloroquina como tratamento de primeira linha pelo efeito anti-inflamatório no controle da artrite e da dor. Ela também é considerada mais segura em comparação ao MTX. A dose recomendada é de 6 mg/kg/dia, não devendo ultrapassar 600 mg/dia.
O tratamento deve ser mantido por seis semanas, enquanto o paciente deve ser reavaliado. Importante ressaltar que a hidroxicloroquina deve ser evitada em pacientes que já apresentam retinopatia. Em caso de uso prolongado, o acompanhamento junto ao oftalmologista deve ser realizado.
Caso o paciente se mantenha sem melhora, uma possibilidade é a associação de 500 mg de sulfassalazina a cada 12h (nos adultos). Se, mesmo assim, o paciente mantiver os sintomas de chikungunya, encaminhe-o ao reumatologista para manejo e avaliação quanto a diagnósticos diferenciais.
A fisioterapia tem se mostrado uma importante medida não farmacológica nos tratamentos para chikungunya, em especial, nas fases subaguda e crônica. Isso porque ela evita a progressão do dano articular e a morbidade.
Além de saber a respeito das principais formas de tratamento da doença, é muito importante manter o combate ao vírus em dia. Para isso, confira nosso artigo sobre como se prevenir da chikungunya e conheça diversas características da doença infecciosa.
Nascido em São Paulo SP em 1994. Médico pela Faculdade de Medicina de Jundiaí desde out. de 2019. Residência em Infectologia do Instituto de Infectologia Emílio Ribas em São Paulo. Apaixonado por estudar e trabalhar com saúde de populações em situação de vulnerabilidade.