Trombose venosa profunda na Radiologia: de A a Z

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Chega mais, pessoal! Este artigo tratará da trombose venosa profunda – a mesma TVP ou somente “trombose” – na radiologia. A intenção é revisar qual o exame padrão-ouro, como ele é executado e achados.

Então, é hora de partir para a abordagem dessa temática tão importante!

Para começo de conversa, o que é trombose venosa profunda (TVP)?

Trombose venosa profunda é a patologia caracterizada pela formação de trombo na luz de veias profundas. Ocorre quando temos aquelas três amigas juntas, a Tríade de Virchow: lesão endotelial + estase venosa + hipercoagulabilidade.

A apresentação clínica é tão clássica que até os leigos conhecem bem. Quem nunca atendeu um paciente que queixa “Doutor, estou com medo de estar com trombose!”?

Nosso paciente irá apresentar dor, vermelhidão e inchaço unilateral em membro inferior de aparecimento agudo. Observação: é possível a ocorrência em outros membros, mas é bem mais raro.

E por que um artigo separadinho só para radiologia?

Porque esse é o momento em que brilhamos, já que o radiologista é necessário para o diagnóstico. Isso acontece porque o exame físico nesta situação não é confiável.

Trazendo números do nosso artigo voltado para clínica da TVP, temos que a especificidade do edema, dor e eritema são, respectivamente, 33%, 19% e 48%. Então, pode ser que seu paciente não apresente:

  • nenhum desses sintomas;
  • ou somente algum desses sintomas;
  • ou esses sintomas em intensidade frustra e, mesmo assim, esteja com uma veia trombosada.

A clínica, portanto, é importante para levantar suspeitas, através da história, exame físico, escores (como o de Wells) ou laboratoriais (como o D-dímero), mas sozinha ela não consegue fechar ou excluir o diagnóstico. Vale a pena ver o artigo que comentei para aprofundar-se nessa parte.

Se você tem dificuldades interpretando raio-x de tórax e abdome, sugiro dar uma olhada no nosso e-book gratuito ABC da radiologia: raio-x de tórax e abdome. Lá nós te damos um passo a passo para a interpretação de radiografia simples de tórax e abdome, ideal para você dar o pontapé inicial nos seus estudos sobre o raio-x e ficar por dentro deste que segue sendo o método de imagem mais disponível nos serviços no Brasil!

Oba, hora da imagem!

Com a suspeita levantada, vamos para a imagem. Nosso objetivo é ver diretamente o trombo para, assim, fecharmos o diagnóstico. Conseguimos fazer isso de forma sensacional, barata e rápida, através do ultrassom do membro com estudo Doppler, que é nosso padrão-ouro.

Trombose venosa profunda: confira a imagem 1 associada a esse tema!
Transdutor localizado na fossa poplítea. Fonte: Healthline.

Técnica do USG com estudo Doppler voltada para trombose venosa profunda (TVP)

O exame vale-se de três técnicas:

1. Observar em corte transversal (imagina o vaso como uma bolinha) a luz dos vasos ao longo de toda sua extensão procurando algum segmento não-compressível. An? Nós aprendemos na anatomia que a parede das veias pode ser comprimida e colabada facilmente e com pouca força. É isso que fazemos com o transdutor! Aplicamos força na topografia da veia e quando constatamos algum segmento que, após a compressão não colaba, tem trombo ali;

Trombose venosa profunda: confira a imagem 2 relacionada ao tema!
Imagens comparando veias após compressão. Fonte: Semantic Scholar.

2. Aplicar o estudo Doppler. Essa é uma função presente na maioria dos aparelhos de ultrassonografia, que é capaz de identificar o fluxo de movimento das hemácias dentro dos vasos. Procuramos, então, um vaso, observamos-no na longitudinal (famoso “de comprido”) e ativamos o modo Doppler. Se não houver fluxo (cor), há uma obstrução, então deve haver um trombo ali dentro;

Imagem 3 relacionada à trombose venosa profunda: confira!
Visão longitudinal do vaso sem estudo Doppler. Fonte: Radiopaedia.
Imagem 4 associada à trombose venosa aguda: dê uma olhada!
Visão longitudinal do vaso com estudo Doppler. Fonte: Radiopaedia.
Mais uma imagem ilustrativa associada ao tema de que estamos tratando!
Visão transversal do vaso com estudo Doppler apresentando área com ausência de fluxo, inferindo trombo. Fonte: Radiopaedia.

3. Observar diretamente o trombo na luz do vaso. Basta olhar a imagem e você já vai sacar. É interessante notar que, na fase mais aguda da trombose venosa profunda, o trombo não tem diferença de ecogenicidade com o sangue e não será bem visível. Logo, essa técnica não será muito útil. A perda da compressibilidade é a mais fidedigna!

Trombo na luz do vaso. Fonte: Radiopaedia.

Saca só o vídeo da realização de uma ultrassonografia do membro inferior esquerdo para pesquisa de TVP para consolidar a informação: Ultrasound Tutorial: DVT / Lower Limb Veins | Radiology Nation.

Amarrando tudo a respeito da trombose venosa profunda

  • A clínica levanta suspeita, mas não consegue confirmar ou descartar uma TVP;
  • A ultrassonografia com estudo Doppler do membro suspeito é nosso padrão-ouro;
  • Este exame visa identificar algum segmento venoso que não colaba quando realizada compressão manual com o transdutor ou observar, através do estudo Doppler, ausência de fluxo.

Sobre trombose venosa profunda, é isso!

Ficou com alguma dúvida acerca do assunto? Deixe um comentário aqui embaixo! Será um prazer respondê-lo!

Caso vocês ainda não dominem o plantão de pronto-socorro 100%, fica aqui uma sugestão: temos um material que pode te ajudar com isso, que é o nosso Guia de Prescrições. Com ele, você vai estar muito mais preparado para atuar em qualquer sala de emergência do Brasil.

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Referências

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Eduardo Soares