Como identificar os sinais precoces de AVC na TC

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Você tem dificuldade em identificar os sinais precoces de AVC na TC, a famosa tomografia computadorizada? Não é por menos… isso depende de vários fatores, como a qualidade do tomógrafo do seu hospital e do computador que você está vendo a tomografia! É claro que fica muito mais fácil se discutir com o radiologista de plantão, mas esse texto é pra você que trabalha na emergência e certamente vai atender AVC agudo e ter que tomar condutas sem perder tempo! Então, se você está inseguro sobre esse tema, leia este artigo, pois vamos esclarecê-lo com base em um caso clínico. Bora lá?

Você sabe quais são os sinais precoces por meio da tomografia AVC?
Descubra a seguir quais são os sinais precoces de AVC na TC (tomografia computadorizada). Continue com a gente!

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Primeiramente: o que é AVC?

Antes de partirmos para o caso clínico e ver quais são os sinais precoces da AVC na TC, vamos esclarecer o que é AVC. AVC é a sigla para acidente vascular cerebral, que ocorre quando o abastecimento de sangue para o cérebro é reduzido ou interrompido, causando com que as células de oxigênio e de nutrientes sejam privadas. Há também a possibilidade de ocorrer o rompimento de um vaso sanguíneo, causando hemorragia cerebral. Agora que já lembramos da definição de AVC, bora pro caso clínico?

Agora sim, ao caso clínico

Você chega no seu plantão para assumir a sala de emergência e encontra um paciente de 70 anos, hipertenso, tabagista, diabético e dislipidêmico com história de hemiparesia esquerda e síndrome de heminegligência instalados há 2h30min. Ele acabou de fazer a tomografia computadorizada (TC) de crânio (Figura 1).

E aí… você consegue identificar as alterações apontadas pelas setas? Consegue nomear os 4 sinais precoces de AVC na TC?

Figura 1: Consegue nomear os sinais precoces de AVC na TC?
Figura 1: Consegue nomear os sinais precoces de AVC nessa tomografia? (Crédito: Reprodução)

Eu acredito que você já deve ter atendido um paciente semelhante na sua prática clínica. Se não, certamente vai atender um dia — uma em cada 4 pessoas terá um AVC ao longo da vida! E é importante você conhecer todos os sinais precoces de AVC na TC porque eles refletem as primeiras horas de lesão isquêmica do parênquima cerebral e podem te ajudar a reconhecer um AVC isquêmico na fase aguda, ou seja, naquele momento que você está decidindo se vai ou não trombolisar. Então… vamos descrever cada um desses achados?

A tomografia computadorizada (TC) de crânio é um exame extremamente útil e comum, tanto no ambiente de terapia intensiva quanto na emergência da maioria dos hospitais. É um exame muito disponível, ao contrário da ressonância magnética, sendo muitas vezes a modalidade de escolha de imagem inicial, tanto para o diagnóstico quanto para orientar o tratamento.

A tomografia de crânio consegue, por exemplo, distinguir entre AVC hemorrágico (AVCH) e AVC isquêmico (AVCI) numa fase inicial, o que é determinante para o prognóstico e o tratamento. Após o evento hemorrágico, consegue-se visualizar rapidamente na TC, em razão da alta densidade do sangue, em comparação ao tecido cerebral. No entanto, a TC tem baixa sensibilidade em demonstrar alteração isquêmica não hemorrágica nas primeiras horas após evento agudo.

Esses achados que vamos comentar são todos encontrados na TC sem contraste — são sutis, então preste bastante atenção e tenha uma avaliação cuidadosa, sempre comparando um lado com o outro.

Antes de conhecer os 4 sinais precoces de AVC na TC, é sempre importante lembrar que saber desconfiar de um AVC é fundamental, afinal, é uma doença muito comum de surgir no PS. Sabemos que o manejo desses pacientes com AVC não é fácil e, principalmente por ser uma corrida contra o tempo, não diagnosticá-lo pode alterar completamente a vida do doente. No nosso e-book gratuito AVC: do diagnóstico ao tratamento, te ensinamos o manejo do AVC, desde o primeiro contato com o paciente até a alta hospitalar. Informação nunca é demais, então que tal dar uma olhada lá também? Clique AQUI e baixe gratuitamente!

Conheça os 4 sinais precoces de AVC na TC

  1. Perda da diferenciação entre a substância branca (SB) e a substância cinzenta (SC);
  2. Apagamento dos sulcos corticais;
  3. Apagamento da ínsula e fissura Sylviana;
  4. Hipodensidades focais.
Figura 2: Tente identificar cada um dos sinais precoces de AVC na TC
Figura 2: Tente identificar cada um dos sinais precoces de AVC na TC (Crédito: Reprodução)

Achados de imagem de sinais precoces de AVC na TC

Perceba que todos esses achados de imagem de sinais precoces de AVC na TC, agora circulados, estão presentes no hemisfério direito da figura:

  1. É impossível diferenciar a substância branca e a cinzenta nas regiões mais acometidas;
  2. Não conseguimos definir os sulcos corticais como é possível no hemisfério esquerdo – ou seja, os sulcos estão “apagados”;
  3. Na figura A, conseguimos ver bem a ínsula esquerda, mas não conseguimos definir a ínsula direita, que também está “apagada”;
  4. Por fim, a densidade do parênquima cerebral é menor à direita do que à esquerda = hipodensidade focal.

E esse outro achado, você conhece?

Pronto! Agora você já consegue definir os sinais precoces de AVC na TC, vale ressaltar também um outro achado possível na TC sem contraste… Você consegue identificá-lo na figura 3 abaixo?

Figura 3: Há mais um sinal precoce nessa tomografia AVC, consegue identificar?
Figura 3: Há mais um sinal precoce de AVC na TC, consegue identificar? (Crédito: Reprodução)

Esse é o sinal da artéria cerebral média (ACM) hiperdensa, que ocorre em 30 a 40% dos AVCs dessa artéria. É um achado muito específico para oclusão proximal da ACM, a ser confirmada pelo estudo contrastado (angiotomografia) – LEMBRE: oclusão proximal = possibilidade de trombectomia mecânica.

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Caio Disserol

Paranaense nascido em 1990. Formado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) de Curitiba em 2014. Residência em Neurologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Palo (HCFM-USP), concluída em 2019. No HCFM-USP, experiência como preceptor dos residentes entre 2019-2020. Concluiu um fellowship em Neuroimunologia em 2021. Experiência como médico assistente do departamento de Neuropsiquiatria do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR). "As doenças são da antiguidade e nada se altera sobre elas. Somos nós que mudamos na medida em que estudamos e aprendemos a reconhecer o que antes era imperceptível."