A residência médica é um dos períodos mais intensos e transformadores na vida de um médico. Durante essa fase, os jovens médicos saem da teoria para a prática, com diagnóstico de doenças e realização de procedimentos delicados, muitas vezes sob grande pressão. E em meio a essa jornada de aprendizado e desafios, é inevitável que ocorram erros médicos, uma experiência difícil para qualquer profissional, principalmente para quem está na residência.
Lidar com um erro médico pode ser uma das experiências mais estressantes e assustadoras para um residente. Contudo, é conveniente não apenas evitar esses erros, mas saber como agir quando eles acontecem!
Ao reconhecer, corrigir e aprender com os erros, os residentes não só crescem como profissionais, mas também garantem que tais falhas sirvam de aprendizado para melhorar os cuidados futuros.
Leia nosso texto e veja como os residentes podem enfrentar os erros médicos. Destacaremos os erros mais comuns e discutiremos as responsabilidades legais e éticas. Falaremos ainda sobre formas de minimizar a ocorrência desse problema e a importância da comunicação aberta e do aprendizado contínuo. Vamos lá então!
Os erros médicos são incidentes indesejados que podem resultar em prejuízos à saúde do paciente, e são classificados em diferentes categorias: negligência, imprudência ou imperícia.
Erros médicos podem ocorrer em diversas etapas do atendimento, como durante o diagnóstico, na administração de medicamentos e em procedimentos cirúrgicos.
Embora o erro humano seja uma possibilidade em qualquer profissão, na Medicina ele pode ter consequências graves, uma vez que lida diretamente com a saúde e a vida dos pacientes.
Dessa forma, é necessário que médicos, e especialmente residentes, estejam atentos e preparados para encarar essas situações com ética e profissionalismo.
Os residentes, devido à sua falta de experiência prática e ao ambiente de trabalho exaustivo, estão particularmente vulneráveis a cometer erros. Alguns dos mais comuns incluem:
Um dos problemas mais frequentes, os erros de medicação podem acontecer tanto pela administração de medicamentos errados quanto pela dosagem incorreta.
Em muitos casos, isso é resultado de pressa, cansaço ou falta de atenção em verificar informações importantes
A falta de experiência pode levar a diagnósticos incorretos, o que pode atrasar o tratamento ou resultar em intervenções desnecessárias.
Condições com sintomas inespecíficos ou raros podem representar um desafio extra para médicos em treinamento. É preciso ficar atento a esse aspecto!
Embora menos comuns, erros cirúrgicos podem ser devastadores, como a realização de uma cirurgia no local incorreto ou a utilização de técnicas inadequadas durante o procedimento. Esses erros podem acontecer devido à falta de comunicação clara ou à falha na análise dos prontuários e relatórios do paciente.
A falta de higienização adequada, como a omissão de lavar as mãos corretamente ou o uso inapropriado de equipamentos estéreis, é um dos principais motivos para a ocorrência de infecções hospitalares.
Esses exemplos servem como lembretes de que erros, não raro, decorrem de problemas sistemáticos, como a carga de trabalho exaustiva e a falta de supervisão adequada, especialmente em hospitais com grandes volumes de pacientes e alta pressão de atendimento.
Uma dúvida comum, e bem relevante entre os residentes, é se eles podem ser responsabilizados pelos erros que cometem. A resposta é sim.
Ainda que estejam em processo de formação, os residentes são profissionais registrados no Conselho Regional de Medicina (CRM) e, portanto, já assumem responsabilidades éticas e legais pela prática médica.
Os residentes são responsáveis pelos erros, mas a responsabilidade é compartilhada com seus supervisores. Todo residente deve atuar sob a supervisão de um preceptor, que é um médico mais experiente responsável por orientar e acompanhar as atividades do residente.
Dessa forma, em caso de erro, é necessário avaliar se houve falha na supervisão e se o erro poderia ter sido evitado com uma melhor orientação.
Entretanto, em casos graves, como negligência ou imprudência flagrante, os residentes podem enfrentar processos éticos, civis e até penais.
Diante dessa realidade, é fundamental que o residente tenha clareza sobre suas funções e limites, e nunca hesite em solicitar orientação aos supervisores em situações que envolvem risco para o paciente.
Como já explicamos, os erros médicos vão acontecer. De qualquer forma, é necessário que residentes e supervisores se esforcem para os evitar, minimizando ao máximo a sua frequência e a ocorrência de erros mais graves. Vejamos como um médico residente deve proceder diante de um erro consumado:
O primeiro e mais importante passo ao perceber um erro médico é reconhecê-lo. Em geral, a tendência inicial é de negação, principalmente em um ambiente competitivo e de alta pressão como a residência médica.
No entanto, reconhecer o erro ajuda a tomar as medidas necessárias para corrigi-lo e evitar que se repita. Admitir o erro demonstra maturidade profissional e ética. Também pode valorizar a imagem do médico diante de seus colegas e supervisores.
A comunicação é indispensável na prática médica, e isso inclui a comunicação após um erro. É preciso informar o erro imediatamente ao preceptor ou médico supervisor, assim como aos membros da equipe de saúde.
Esconder um erro pode ter consequências desastrosas para o paciente e comprometer a confiança entre os profissionais.
Vale lembrar que, em muitos casos, a correção do erro pode ser rápida e minimizar os danos, desde que seja identificada a tempo.
A comunicação, vale destacar, deve se estender ao paciente e sua família, sempre que apropriado. Transparência é uma marca de responsabilidade e pode ajudar a manter a confiança, mesmo após um erro.
Explicar o que aconteceu e quais medidas estão sendo tomadas para resolver a situação é significativo para o processo de recuperação e para o relacionamento médico-paciente.
Discutir o erro com a equipe médica é uma ótima oportunidade de aprendizado. As discussões abertas ajudam a todos os membros da equipe a refletir sobre o que ocorreu e a identificar maneiras de evitar a repetição do erro.
Essa perspectiva corajosa contribui para criar uma cultura de aprendizado contínuo, onde os erros não são vistos como motivo de vergonha, mas como oportunidades para o crescimento profissional.
Todo erro médico, por mais difícil que seja, oferece uma lição valiosa. Um residente que aprende com seus erros se torna um profissional mais competente e preparado para enfrentar os desafios da profissão — preparado, inclusive, para errar menos.
Por isso, é determinante refletir sobre o ocorrido, identificar as causas do erro e buscar maneiras de melhorar o desempenho em situações semelhantes no futuro.
Na Medicina, o aprendizado nunca termina. Para evitar novos erros, é essencial que os residentes busquem sempre aperfeiçoar seus conhecimentos e habilidades.
Participar de cursos de atualização, leituras de artigos científicos e envolvimento em discussões acadêmicas são formas eficazes de garantir o desenvolvimento contínuo.
É fora de dúvida que todo residente deve dar o melhor de si durante sua jornada no programa de RM. Ele deve se esforçar para evitar os erros. E algumas medidas que vão ajudá-lo são:
Seguir os protocolos médicos estabelecidos é uma das melhores maneiras de garantir a segurança do paciente e evitar erros durante o atendimento de saúde.
Esses protocolos foram cuidadosamente desenvolvidos e baseiam-se em evidências científicas para padronizar os procedimentos com práticas confiáveis.
A padronização diminui as chances de falhas humanas e define que, independentemente do profissional ou da situação, as diretrizes sejam as mesmas, proporcionando um atendimento mais seguro.
Em ambientes de alta pressão, como hospitais e clínicas, pode haver uma tentação de cortar caminhos ou improvisar diante de emergências.
Porém, os protocolos existem precisamente para esses momentos, ajudando a manter a calma e o foco no que é mais viável e seguro. Por exemplo, em uma situação de emergência, seguir o protocolo adequado para ressuscitação cardiopulmonar (RCP) ou manejo de parada cardíaca pode fazer a diferença entre salvar ou perder uma vida.
As práticas padronizadas igualmente facilitam a comunicação entre as equipes, que já estão familiarizadas com as etapas a serem seguidas, resultando em respostas mais rápidas e coordenadas.
Os protocolos devem ser revisados periodicamente, acompanhando as mais recentes descobertas científicas e as melhores técnicas.
Profissionais de saúde devem ser treinados regularmente e relembrados acerca da relevância de aderir a essas diretrizes para minimizar riscos desnecessários.
A verificação de informações é um passo crítico no cuidado ao paciente. Em muitas situações, é fácil confiar na memória ou seguir uma rotina que parece conhecida. Por outro lado, cada paciente é único, e um pequeno erro de identificação ou de interpretação dos dados pode ter consequências graves.
A conferência cuidadosa de informações é uma prática que deve ser integrada à rotina de todos os profissionais de saúde, desde médicos até técnicos e enfermeiros.
Antes de administrar um medicamento, realizar um procedimento ou fornecer um diagnóstico, é necessário revisar o prontuário do paciente e confirmar se todos os detalhes estão corretos.
A checagem dupla, que inclui conferir o nome completo do paciente, o número de identificação, alergias e os medicamentos em uso, é uma medida recomendada.
Em ambientes com grande fluxo de pacientes, como as emergências e centros cirúrgicos, é adequado que o prontuário seja eletrônico e se mantenha sempre atualizado e acessível para a equipe.
A comunicação clara entre os profissionais também garante que todos os envolvidos fiquem cientes das condições do paciente e das etapas necessárias no tratamento.
A higienização adequada é uma das medidas mais básicas e mais eficazes para a prevenção de infecções hospitalares, que representam um grande risco tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde.
Infecções hospitalares podem prolongar o tempo de internação, aumentar o custo do tratamento e, em casos mais graves, levar à morte. Portanto, a importância de seguir os protocolos de higienização não pode ser subestimada.
O simples ato de lavar as mãos de maneira adequada antes e após o contato com pacientes, antes de realizar procedimentos ou manusear materiais médicos, pode reduzir drasticamente o risco de contaminação cruzada.
Da mesma forma, a esterilização adequada dos instrumentos médicos e o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas e máscaras, são valiosos para prevenir a disseminação de bactérias e vírus.
O cansaço e a exaustão são inimigos da atenção e da concentração. Residentes costumam enfrentar jornadas exaustivas e longos turnos, o que aumenta o risco de cometer erros.
Por isso, o residente deve se manter atento aos seus próprios limites e deve saber quando pedir ajuda ou descansar. Manter uma rotina equilibrada pode fazer toda a diferença na qualidade do atendimento prestado.
A comunicação eficaz entre os membros da equipe é algo elementar para garantir que todos os aspectos do atendimento ao paciente sejam realizados corretamente.
Falhas na comunicação, como a troca de informações imprecisas ou incompletas, são uma das principais causas de erros médicos.
Criar um ambiente em que todos se sintam à vontade para fazer perguntas e esclarecer dúvidas pode ajudar a reduzir esses erros.
A busca constante pelo melhoramento é fundamental na carreira médica. A Medicina está em contínuo desenvolvimento, com novos estudos, técnicas e tecnologias surgindo frequentemente. Para os médicos residentes, acompanhar essas mudanças ajuda a evitar falhas, sem falar que viabiliza o melhor cuidado possível aos pacientes.
Participar de cursos, congressos, seminários, e discutir casos com colegas são maneiras de se manter atualizado. O investimento em educação continuada deve ser uma prioridade ao longo da carreira de qualquer médico.
O aprimoramento contínuo também envolve a prática da autoavaliação. Depois da ocorrência de um erro ou até mesmo de um atendimento bem-sucedido, refletir sobre o que poderia ter sido feito de maneira diferente é uma forma valiosa de aprender.
Estar disposto a receber feedback dos colegas e preceptores é uma atitude sensata. Essa abertura ao aprendizado e à evolução constante ajuda a criar um ambiente médico mais seguro.
Os erros médicos são, infelizmente, uma parte inevitável na carreira do médico, especialmente para os residentes que estão em fase de aprendizado. Porém, a forma como esses erros são gerenciados é o que define um bom profissional.
Reconhecer o erro, comunicar-se de forma aberta e transparente, aprender com as falhas e buscar a melhoria são atitudes que, além de fortalecerem a prática médica, contribuem para um cuidado de qualidade ao paciente.
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Catarinense e médico desde 2015, Djon é formado pela UFSC, fez residência em Clínica Médica na Unicamp e faz parte do time de Medicina Preventiva da Medway. É fissurado por didática e pela criação de novas formas de enxergar a medicina. Siga no Instagram: @djondamedway
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