A vida nem sempre segue o roteiro que imaginamos. Algumas doenças impõem desafios que mudam completamente a rotina de pacientes e familiares. Quando uma doença grave ou incurável avança, precisamos garantir que a pessoa receba um cuidado adequado para aliviar sintomas, reduzir o sofrimento e preservar sua dignidade. É nesse contexto que os cuidados paliativos se tornam fundamentais.
No Brasil, a oferta desse tipo de assistência sempre enfrentou desafios, como falta de estrutura e profissionais capacitados. Para mudar essa realidade, o Ministério da Saúde lançou, em maio de 2024, a Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP) no Sistema Único de Saúde (SUS).
Essa iniciativa visa garantir que mais pacientes tenham acesso a esse tipo de cuidado, promovendo uma abordagem mais humanizada e eficiente dentro da rede pública.
Mas o que são cuidados paliativos? Quem pode recebê-los? Como a nova política impactará o atendimento médico no Brasil? Se esse assunto desperta seu interesse, nosso post é para você: leia e atualize-se!
Os cuidados paliativos são um conjunto de práticas que visam aliviar o sofrimento de pacientes com doenças graves, crônicas, progressivas ou terminais. Diferente do que muitos pensam, eles não se destinam apenas a pessoas em fase final de vida, mas também àquelas que convivem com doenças que afetam sua qualidade de vida.
O principal objetivo dos cuidados paliativos é garantir conforto e dignidade ao paciente. Isso envolve o controle de sintomas físicos, como dor, falta de ar e fadiga, além de oferecer suporte psicológico e social.
Mais do que concentrar-se no paciente, os cuidados paliativos estendem seu suporte à família, ajudando-a a lidar com os desafios emocionais e práticos do cuidado.
De acordo com a Política Nacional de Cuidados Paliativos, os cuidados paliativos podem ser oferecidos desde o diagnóstico de uma doença grave, acompanhando a evolução da condição. Eles são indicados para diversos tipos de pacientes, incluindo:
Em todos esses casos, o objetivo é minimizar o sofrimento e proporcionar mais conforto, independente da expectativa de vida do paciente.
Os cuidados paliativos apresentam algumas características que os diferenciam de outros tipos de assistência médica. Entre as principais, destacam-se:
Os cuidados paliativos não buscam prolongar ou encurtar a vida, mas sim melhorar sua qualidade, respeitando o ciclo natural da doença. Entre seus principais objetivos, podemos destacar:
Essa perspectiva possibilita que o paciente viva com mais dignidade e menos sofrimento.
Diante da necessidade de fortalecer os cuidados paliativos no Brasil, o Ministério da Saúde lançou, em maio de 2024, a Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP). Essa política foi estabelecida pela Portaria GM/MS nº 3.681, de 7 de maio de 2024, um marco importante na saúde pública brasileira.
Com essa medida, o SUS passa a oferecer cuidados paliativos de forma mais estruturada e acessível, garantindo que pacientes de diferentes regiões tenham esse suporte.
A PNCP estabelece um conjunto de metas para garantir que os cuidados paliativos sejam ofertados de forma acessível, padronizada e eficaz dentro do SUS. Os principais objetivos da política incluem:
A PNCP tem como um de seus objetivos principais a universalização dos cuidados paliativos. Assim, qualquer paciente com uma condição grave deve ter acesso a esse suporte em diferentes níveis de atenção, desde unidades básicas de saúde até hospitais de alta complexidade.
Um dos maiores desafios enfrentados por pacientes com doenças graves é o sofrimento causado por dores e outros sintomas, como falta de ar, náuseas e fadiga extrema.
A política visa garantir que esses sintomas sejam tratados de maneira adequada e contínua, promovendo maior conforto ao paciente.
Os cuidados paliativos exigem um conjunto específico de conhecimentos e habilidades. A PNCP prevê a formação e qualificação contínua de médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais de saúde.
A PNCP estabelece protocolos e diretrizes clínicas para uniformizar os cuidados paliativos dentro do SUS, como orientações sobre uso adequado de medicamentos, manejo da dor e de sintomas, abordagem humanizada e suporte à família.
Os cuidados paliativos não devem ser oferecidos apenas em hospitais. A política prevê sua inclusão na atenção primária, ambulatorial e domiciliar, permitindo que pacientes sejam acompanhados desde o início da doença, com atendimento apropriado em cada fase da progressão da condição.
A doença grave de um ente querido impacta diretamente os familiares. A PNCP reconhece essa necessidade e estabelece que as famílias também devem receber apoio psicológico, social e informativo, tanto durante o tratamento quanto no período de luto.
Com um atendimento paliativo adequado, muitos pacientes podem ser tratados em casa ou em unidades especializadas, evitando internações prolongadas ou procedimentos agressivos que não trazem benefícios. Isso melhora a qualidade de vida do paciente e reduz custos para o sistema de saúde.
A política reforça a necessidade de disponibilizar gratuitamente medicamentos eficazes para o controle da dor e outros sintomas no SUS, assegurando que os pacientes recebam o melhor tratamento.
Um dos pilares da PNCP é a formação de equipes multidisciplinares especializadas. Esse modelo de atendimento integrado garante um suporte completo e mais eficiente. Essas equipes incluem:
Os princípios e diretrizes da Política Nacional de Cuidados Paliativos garantem que os cuidados paliativos sejam oferecidos de forma ética, humanizada e acessível dentro do SUS. Há semelhanças com os já citados objetivos. Confira:
Os princípios da PNCP refletem os valores fundamentais que orientam a prática dos cuidados paliativos no Brasil.
O paciente deve ser tratado com respeito, dignidade e compaixão. O objetivo dos cuidados paliativos não é apenas prolongar a vida, mas garantir bem-estar, conforto e qualidade de vida.
Os cuidados paliativos consideram não só as necessidades médicas do paciente, mas também seu bem-estar emocional, psicológico, social e espiritual. Além disso, a família recebe suporte para lidar com os desafios do cuidado e do luto.
O atendimento paliativo deve abordar todos os aspectos do sofrimento do paciente, incluindo dor, sintomas físicos, suporte emocional e aconselhamento sobre decisões de fim de vida.
A assistência paliativa deve acompanhar o paciente em todas as fases da doença, desde o diagnóstico até os cuidados de fim de vida, evitando falhas no atendimento e melhorando a experiência do paciente e de sua família.
O paciente tem o direito de tomar decisões sobre seu tratamento, incluindo a recusa de procedimentos invasivos que não tragam benefícios reais.
Todos os pacientes que precisam de cuidados paliativos devem ter acesso a esse suporte no SUS, independentemente de idade, condição financeira ou localização geográfica.
As diretrizes da Política Nacional de Cuidados Paliativos estabelecem como os cuidados paliativos devem ser organizados e oferecidos dentro do SUS, garantindo que sejam eficientes e bem implementados:
A implementação da Política Nacional de Cuidados Paliativos traz benefícios significativos para o sistema de saúde. Entre os impactos esperados, estão:
Além disso, a PNCP fortalece a cultura dos cuidados paliativos no Brasil, promovendo maior conscientização sobre sua importância.
A PNPC representa um relevante avanço para a saúde pública no Brasil. Com essa medida, mais pacientes poderão receber um atendimento humanizado, conforme suas necessidades.
Os objetivos, princípios e diretrizes da Política Nacional de Cuidados Paliativos garantem que os pacientes tenham acesso a um atendimento digno, humanizado e eficiente, reduzindo o sofrimento e promovendo qualidade de vida.
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Professor da Medway. Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com Residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Siga no Instagram: @djondamedway