Como é residência em Neurologia na Unifesp

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A residência médica em Neurologia envolve o sistema mais complexo do corpo humano, que é o sistema nervoso. Então, faz sentido escolher um programa de referência para ter a melhor especialização, né? Nesse sentido, a residência em Neurologia na Unifesp merece destaque.

Se já estiver estudando para a prova de residência da Unifesp, aproveite para saber como é, direto ao ponto, essa prova de residência médica e nosso material com 20 questões de Cirurgia comentadas! Também contamos quais são os 6 focos que mais caíram na prova nos últimos anos no nosso Guia Estatístico.

Essa alternativa tem a duração de 4 anos e tem atendimento focado no Hospital São Paulo. Antes de começar a estudar para a prova, entretanto, vale saber se essa é mesmo a escolha certa para você. Para ajudar na tarefa, conversamos com a Bruna e com o Caio, residentes do segundo e do terceiro ano, respectivamente.

Está preparado? Venha descobrir como é a residência em Neurologia na Unifesp e confira a visão desses dois residentes!

João Vitor: Vou começar com uma pergunta que sei que é muito pessoal, mas é inevitável: para vocês, qual é o melhor estágio da residência em Neurologia na Unifesp?

Bruna: Pronto-Socorro. Apesar de ser mental e fisicamente cansativo, realmente é um estágio transformador e que diferencia a Neurologia da EPM-UNIFESP.

Caio: O pronto-socorro! Afinal, o residente gosta de sofrer um pouco, né não? Brincadeiras à parte, o pronto-socorro da Escola Paulista funciona no Hospital São Paulo e, em anexo, a UPA Vila Mariana. Ambos funcionam 100% SUS, portas abertas, 24h por dia, 7 dias por semana.

As atividades da residência em Neurologia na Unifesp são realizadas no Hospital São Paulo
Fachada do Hospital São Paulo, onde são realizadas as atividades da residência em Neurologia da Unifesp

E a porta é aberta direta às especialidades, então há a porta da Clínica Médica, da Otorrino, da Oftalmologia e, claro, da Neurologia. Os casos são livre demanda (volume principal) mais os casos referenciados. Lá a gente atende os casos do zero, trabalhamos com a nossa história e nosso exame físico e criamos a nossa perspectiva diagnóstica, propedêutica e terapêutica.

Pode parecer bobo, mas assumir os casos do zero, que muitas vezes bateram na porta de vários outros serviços sem resolução, é extremamente desafiador e é o que torna o PS tão único. Saber diferenciar cefaleias potencialmente graves (acreditem, às vezes as HSAs e as tromboses venosas cerebrais chegam andando para atendimento, bem como as enxaquecas). Manejar miastênicos descompensados, status convulsivos, vivenciar todas as possibilidades terapêuticas do AVC, seja para trombólise ou trombectomia… Se surpreender com uma Meningoencefalite bacteriana ou uma encefalite autoimune que estava ainda sem diagnóstico. O PS propicia crescimento pessoal exponencial, humano e profissional.

João Vitor: Tem algum médico assistente que vocês considerem sensacional ou exemplo para sua formação? Por quê?

Bruna: Sim. A Dra. Elisabeth Ferraz, chefe do PS de Neurologia, tem espírito de liderança sem igual. E Dr. Acary Bulle, chefe do setor de doenças Neuromusculares, tem uma combinação de inteligência em neurologia e de cuidado com seus pacientes, com um coração imenso.

Caio: Pergunta difícil… Os chefes e assistentes são todos extremamente qualificados e de uma acessibilidade e proximidade infinita com os residentes. Como exemplo, citarei Dra. Gisele Sampaio, chefe da Vascular, uma das escritoras do Continuum de Vascular de 2020 e uma das autoras principais do estudo RESILIENT recentemente publicado no NEJM. E que nos trata por igual, faz questão de examinar os pacientes conosco na UTI da neurologia, dar seu número pessoal para dúvidas, disponível full time para acionar a equipe de trombectomia nas madrugadas…

Não haveria elogios o suficiente para a dedicação, presença e envolvimento pelo serviço e pelos pacientes que ela demonstra e faz.

João Vitor: Contem um pouco sobre onde vocês rodam ao longo de toda a residência em Neurologia na Unifesp.

Bruna: No R1, em Clínica Médica, rodamos na UTI do PS Geral, Enfermaria de Paliativos, Endocrinologia, Reumatologia, Enfermaria de CM (feminina e masculina) e de Neurologia, PS de CM (fichas, internados e sala de emergência), PS de Neurologia, Pneumologia, Nefrologia, Cardiologia, PS da Psiquiatria.

Já no R2 de Neurologia, rodamos nos ambulatórios de Neurologia Geral, Ataxias, Cefaleias e Vascular, além dos estágios no PS de Neurologia, Enfermaria de Neurologia, UTI de Neurointensivismo e LCR.

No R3, completamos as vivências nas subespecialidades de Neuro-oncologia, Doenças Desmielinizantes, Cognição, Distúrbios do Movimento, Sono, Neuromuscular, Neurofisiologia, Epilepsia, Neuropediatria.*

Símbolo da disciplina de Neurologia Infantil, presente na grade da residência em Neurologia na Unifesp
Símbolo da disciplina de Neurologia Infantil / Neuropediatria da Unifesp


* Uma observação: a residência em Neurologia da Unifesp tornou-se de 4 anos no acesso direto em 2020. Ainda não existem R4 de acesso direto para perguntarmos diretamente para eles como o programa ficou estruturado, ok?

João Vitor: Existem estágios eletivos na sua residência? É possível (e comum) fazer um estágio fora do país?

Caio: Sim! No R3 há um mês de estágio optativo, que pode ser feito no Brasil ou fora. E as portas são super abertas: França, Suíça, Estados Unidos… A maioria das grandes instituições do mundo são receptivas aos residentes da Escola Paulista.

Dos meus R+, metade deles fizeram seus estágios fora do país. Em 2020, especificamente, não houve essa possibilidade por conta da pandemia, mas eu mesmo estava programado em ir para Salpêtrière — lar de grandes nomes na neurologia, como Charcot.

João Vitor: Sua residência médica, de uma forma geral, respeita as 60 horas semanais? Conta pra gente qual é a carga máxima de plantão que vocês dão e se tem algum período de descanso pré ou pós-plantão.

Caio: Sim. No R1, o pós-plantão é sagrado, de 24h. No R2 e R3, rodamos em número reduzido, e cobrimos muitas áreas hospitalares e ambulatoriais em que somos essenciais, então, eventualmente, o pós-plantão acaba sendo reduzido.

João Vitor: De 0 (nada) a 10 (demais), quanto a residência em Neurologia na Unifesp foca em parte teórica? Quais são as principais atividades teóricas que vocês têm?

Bruna: 7.

Caio: 7. Na Clínica Médica temos um cronograma de aulas que são organizadas pelos chefes e apresentadas pelos R2, com provas. No R2 e R3, na neurologia, também há um cronograma de aulas, da neurologia geral com participação obrigatória de todos 3 vezes por semana (aulas às segundas, quartas e quintas-feiras).

Símbolo da disciplina de Neurologia Clínica, presente na grade da residência em Neurologia na Unifesp
Símbolo da disciplina de Neurologia Clínica da Unifesp

Há, ainda, as aulas das subespecialidades à medida que rodamos nos estágios específicos. Temos ao menos 2 provas por ano. E ao menos 1 aula por mês via on-line de Inter serviços internacional (Canadá, Rússia, e alguns países europeus) em que também fazemos apresentações de casos — obviamente, em inglês.

João Vitor: Aproveitando o embalo: de 0 (nada) a 10 (demais), o quanto sua residência foca em parte acadêmica?

Bruna: 8.

Caio: 8.

João Vitor: Quais são os pontos fortes da residência em Neurologia na Unifesp?

Bruna: Sem dúvidas, saímos muito preparados para lidar com as urgências e emergências neurológicas, tanto no ambiente de pronto-socorro, quanto no ambiente de intensivismo.

Temos muito acesso e aprofundamento em diversas subespecialidades da Neurologia — me arrisco a dizer que temos contato com quase 100% delas.

A residência em Neurologia na Unifesp é extremamente bem conceituada, com altíssimos níveis de aprovação na prova de título, além de ótima receptividade no mercado de trabalho dos melhores centros do país.

João Vitor: E tem algum ponto que vocês acham que poderia melhorar?

Bruna: Acredito que poderíamos ter uma maior carga teórica abordando temas gerais da Neurologia.

Caio: Vários, com certeza. Não existe a residência perfeita (não se iludam!). Mas acredito que o ponto principal, infelizmente, é o mais difícil de mudar, pois é estrutural/financeiro. Dependemos de um sistema incrível, porém sobrecarregado, que é o SUS. E lidar com as limitações do SUS às vezes é frustrante, mas também desafiador.

João Vitor: Acha que dá para conciliar a residência médica com plantões externos? A maioria faz isso?

Bruna: No R2 acaba sendo bem complicado. Esse é o ano que mais exige do residente em nosso programa de Neurologia. A carga de plantões é bem pesada e acaba sobrando pouco tempo para plantões externos. E, muitas vezes, quando tem um tempinho, você aproveita para relaxar e descansar (importantíssimo!).

Caio: A grande maioria faz isso. Eu inclusive! Afinal, é difícil se manter em São Paulo, mesmo com auxílio dos pais… é claro que experiência, tempo livre e oportunidades de plantões melhores vão surgindo ao longo da residência, então hoje eu trabalho fora de maneira bem mais confortável do que no início da residência.

João Vitor: Quais “comodidades” a sua residência disponibiliza?

Caio: Na Unifesp, há disponibilidade ampla de vagas para moradia dos residentes sem custo e o processo de seleção é bem justo. Há, também, refeições de café, almoço e janta no hospital, sem custo. Nada é um luxo em nenhuma das situações, mas é possível, sim, tornar a residência de custo bem baixo.

João Vitor: No seu caso, Caio, que não é de São Paulo, você pretende voltar ao seu estado de origem depois da residência? Você conhece alguém que já tenha voltado? Acha que é possível se inserir bem?

Caio: Conheço, mas não é nada fácil. Dependendo principalmente de para onde você deseja voltar e da lei oferta/demanda da sua cidade. Por exemplo, sou natural de Vitória, no Espírito Santo, e faço residência em São Paulo. Assim como eu existem vários (sim, os capixabas gostam bastante de neurologia). E Vitória é uma cidade pequena, então a oferta se torna grande, o que faz ser compulsório uma subespecialização, por exemplo.

João Vitor: Última pergunta. Tem mais alguma coisa que vocês queiram falar sobre a sua residência que a gente não perguntou?

Bruna: Neste momento, no R2, sentimos muitas cobranças, tanto pelo cansaço a que somos submetidos, quanto a carga de responsabilidades que aumenta exponencialmente quando comparada ao R1. Contudo, a cada dia que passa sinto que cresço e aprendo, tanto com meus chefes quanto com meus colegas R+.

A jornada não é fácil, mas todos os dias quando chego em casa e paro para pensar se mudaria alguma coisa a resposta é sempre a mesma: eu não mudaria; eu estou exatamente no lugar onde a Bruna da graduação de Medicina tanto lutou e estudou para estar.

Caio: Onde quer que vocês façam residência, façam o seu melhor. Pelos seus pacientes e por você. O seu crescimento depende de um empenho que tem que partir de você. Todas as residências, sem exceções, têm suas limitações (USP, Escola/Unifesp, Santa Casa, IAMSPE…). Driblar essas limitações para extrair o melhor que a sua instituição tem a oferecer depende única e exclusivamente de você.

Estudem, trabalhem e aproveitem tudo e mais um pouco: do conhecimento dos chefes, dos pacientes, dos alunos, das publicações, das aulas, das oportunidades de intercâmbio, da chance de um mestrado… Nada vem fácil nessa vida, e ainda bem. Se não, qual seria a graça?

Gostou de saber mais sobre como é fazer residência médica na Unifesp?

Tanto a Bruna quanto o Caio mostraram que a residência em Neurologia na Unifesp capricha na variedade de casos práticos, né? Então, esse é um bom sinal para que você tenha todo o preparo necessário para ter um excelente neurologista.

Além deste conteúdo sobre residência médica em Neurologia, estamos elaborando outros materiais que vão ajudá-lo na hora de decidir a residência ideal para você, tipo esse artigo sobre quanto ganha um neurologista. Então, se quiser conferir algo específico, não deixe de nos contar, beleza?

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Agora, se ainda quiser pesquisar sobre outras instituições, dá uma olhada na nossa entrevista com residentes de Neurologia da Unicamp!

JoãoVitor

João Vitor

Capixaba, nascido em 90. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com formação em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e Administração em Saúde pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Apaixonado por aprender e ensinar. Siga no Instagram: @joaovitorsfernando